Pages

terça-feira, 24 de junho de 2008

Dunga, Dunga!

Vocês imaginem aquela pessoa - recém saída dos bancos escolares - que entra numa empresa para trabalhar assumindo o cargo de gerente. Estranho, não? Pois bem, acho que é este o caso do Dunga, técnico da seleção (com letra minúscula mesmo, bem pequena). Ele sequer teve outra experiência na função e já assume o principal posto do futebol brasileiro.

É de assustar, pois vivemos uma época marcada pelo futebol/empresa, sério, comprometido com os resultados. Só se for em outro canto, né não? Se na nossa seleção (mais do Ricardo Teixeira e da Nike, especificamente) não há organização exemplar, imagine nos clubes?! Mas vamos deixar os times para outra ocasião, porque o rende um livro, na verdade.

O que se esperava do Dunga quando ele assumiu a Amarelinha era que, pelo menos, ele conseguisse passar para os jogadores a raça e a disposição que ele transmitia em sua época de boleiro. Lembremos que vínhamos de um fracasso na Copa de 2006, marcada por situações esdrúxulas, com jogadores acima do peso, festa nos treinos, entre outros absurdos.

Então o que se imaginava daquele ex-jogador que acabara de pegar a Seleção prometendo muito empenho? Imaginava - pelo menos eu imaginava isso - que viveríamos uma nova “Era Dunga” no comando. Se não se tratava de um exímio articulador tático, até por não ter outras experiências, esperava que nosso escrete transpirasse sangue nos jogos - no bom sentido, claro!

Mas que nada. Vieram os jogos, vieram os anos e nada! Entre um bom resultado (como a conquista da Copa América contra a Argentina, em 2007) e muitos ruins, a seleção nunca encantou com Dunga no comando. E o pior é que nem vontade nós demonstramos mais!

Estamos numa época que os jogadores jogam com uma falta de gana que dá raiva, um sono contagioso. A falta de criatividade é horrível? Claro que sim, mas a falta de vontade é imperdoável.

Aconselho ao Dunga (nosso estagiário que está sendo treinado pela Seleção) a reconhecer sua fragilidade e começar sua carreira como técnico em um clube do país. Sei que seria uma atitude praticamente impossível, pois teria que desmascarar a vaidade tão comum no meio, tirar a capa de prepotência e calçar as sandálias de uma pessoa humilde. Mas seria um gesto digno de aplausos.

Acredito que ele não fará isso. Então, meus amigos, vamos ter que agüentar todo este time de embrulhar o estômago durante as Olimpíadas. Medalha de ouro? Seria um terrível cala-boca!

Terímos nosso estagiário por mais longos - e sonolentos - anos.

Façam suas apostas!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

"Minha Ficha ainda não caiu": chatice!

Desculpem o mal-humor, mas o que deixou assim foi a expressão da moda: "Minha ficha ainda não caiu".

É impressionante o número de vezes que essa frase feita vem aparecendo nos meios de comunicação. Todo momento ouvimos essa declaração de pessoas extasiadas, eufóricas, surpreendidas por algo de bom. Aí não tem jeito, depois de falarem de toda felicidade que os invade naquele momento, elas não se aguentam e soltam a pérola: "Minha ficha ainda não caiu" - ou vai cair, tanto faz.

Olha, que chatice!

Sua abrangência é tamanha que vira figurinha fácil na boca de várias celebridades. Outro dia foi o ex-técnico do Flamengo, Joel Santana que, após conquistar mais um campeonato carioca contra o Botafogo, falou sobre o próximo jogo que seria decisivo na Libertadores, contra o América do México:

- Minha ficha ainda não caiu. Vamos comemorar o título e preparar o time para o próximo jogo.

Não teve jeito, a ficha caiu de novo.

Outro exemplo de como "a ficha" domina nosso mundo: Ouvi na rádio CBN sobre a comemoração da atriz brasileira, Sandra Corveloni, vencedora do prêmio de melhor atriz, no Festival de Cannes. A repórter entrou "ao vivo" falando da comemoração na casa da Sandra (que não foi receber o prêmio na França por problemas pessoais):

- A família e os amigos estão aqui comemorando com ela. Sandra está muito feliz, se diz surpresa com a vitória e que só terá a dimensão deste prêmio depois que sua ficha cair.

Lá vem a ficha outra vez... No esporte, no cinema e onde mais? - pergunta este cansativo escritor.

Confesso que já fiz - por uma ou duas vezes - uso dessa expressão, mas farei um esforço tremendo para não deixá-la sair de minha boca novamente.

Até porque, se for esperar as fichas cairem de fato, haja paciência!

terça-feira, 3 de junho de 2008

Mente borbulhando = novas histórias.

Ao atravessar a rua e olhar a calçada de destino, sua mente se apagou. A mão direita no bolso da calça apertava as chaves que ali estavam, a mão esquerda carregava a mesma sacola de sempre.
O andar sempre calmo não condizia com as angústias daquele menino: tão jovem e tão atarefado. Carregava em sua baixa estatura uma experiência de homem.
O silêncio daquela travessia era de pura reflexão. Dobravam na outra esquina três crianças uniformizadas saindo da escola, brincando na rua.
Ele gostaria de fazer parte daquele mundo, ter tempo de alimentar seus sonhos, idealizar uma profissão. Mas não era possível, sua realidade era cruel demais para qualquer contemplação.
Só restava a ele parar o tempo - como fez naquele instante, desligar seus pensamentos da batalha diária, apagar os pesos e as dores do corpo.
O passo que o levava para a frente era acompanhado de aflição; ele desejava mudar, mas já era tarde.
Sua mãe e seus quatro irmãos mais novos dependiam dele. Era o homem da casa, quem garantia o alimento de todos.
Seu trabalho era cem por cento braçal, numa feira no centro da pequena cidade. Eram dez horas de um intenso leva-e-trás de mercadorias. No início da noite, recolhia suas poucas moedas arrecadadas e a mesma sacola com sobras de alimentos.
Fazia o caminho de volta para a casa a pé. Ele até gostava, o movimento era uma distração.
Mais um dia e ele estava ali, naquela rua, aguardando o momento para atravessar.
Sua mente se apagou, no mesmo lugar de sempre: era hora de sonhar.
É um sonho diferente, dura alguns segundos, tempo o suficiente para entrar no seu mundo infantil e abandonar - mesmo que por pouco tempo - a difícil e pesada rotina.
Quando alcançar a outra calçada, será como se estivesse entrando num novo mundo. Ele chegará em casa, deixando para trás todas as obrigações adultas. Lá o menino vira menino, sua sacolinha vem só alimentar sua família e seus sonhos infantis.

Repetição.

A gente vai repetindo tudo o que ouve; é impressionante.

Somos marionetes dos outros. Até que um dia, ao falar tudo aquilo que todo mundo fala, nós nos atentamos para o que dissemos e percebemos que não concordamos com aquilo, que aquilo não representa o que pensamos do mundo, nossos valores.

Aí caímos na real sobre nossos conceitos, nossas verdades.

Só então ficaremos mais atentos a todas as coisas ditas por quem está próximo. Podemos estar de acordo, mas devemos buscar nossa posição, sempre!

Pessoas pelo mundo que passaram por aqui:

Total de visualizações de página

Facebook