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quarta-feira, 30 de julho de 2008

Escrevendo...e a mão esquerda?

Escrever este texto é mais do que usar o papel e a caneta que tenho em mãos (mesmo que depois passe para o PC estas palavras). O que se forma, na verdade, é um resultado de influências externas ao texto. Parece meio óbvio, não? Pois é, mas estou falando de coisas bem simples, que muitas vezes nem percebemos.

Esta mão direita que dá vida as palavras é acompanhada de perto por uma esquerda cega (coitada!) e desconfiada. Por mais que se pareçam, e sejam de fato parte de um mesmo corpo, elas são muito diferentes, opositoras.

Neste exato momento que escrevo, a outra mão vaga pela mesa sem rumo, não se contenta em simplesmente segurar o papel, apoiar a criatividade e o empenho da direita. É de dar dó o abandona desta “outra”.

Parece que quanto mais o texto vai ganhando corpo, mais a minha esquerda tenta se afastar, com o braço esticado e a mão mexendo, impacientemente, nos objetos da mesa. Mas não posso parar meu raciocínio para tentar conciliar estas irmãs. Não adianta, a disputa vem de anos - desde o tempo que, não sei por qual motivo, resolvi ser (ou me tornei) destro.

Não tem jeito, largo a caneta e abro as duas palmas viradas para mim. Como são iguais! Esboço até pegar a caneta com “a outra”, mas não tem como, a palavra que surge é indecifrável. Passo para a direita novamente.

O jeito é continuar escrevendo sem questionar muito, sem perceber essas sutilezas que surgem e incomodam. Penso em algo que sirva de consolo para a esquerda, alguma coisa que a tire deste nervosismo e que ainda provoca suor.

Ah, o relógio.

Que maravilha, mão esquerda! Viu como tudo na vida depende do ponto de vista?! Este relógio que consulto a todo momento está pertinho de você, a alguns centímetros. Pode comemorar, você também tem seus momentos de protagonista.

Batam palmas de alegria então. Você, direita imprescindível; e você, esquerda do relógio! Batam palmas; vamos...

Ih, acho melhor parar por aqui, bater palmas é provocar um choque raivoso. Então... Então estalem seus dedos! Pronto, felizes com suas obrigações - cada uma na sua .

terça-feira, 8 de julho de 2008

Cadê os nossos super-heróis? (Emílio Lanna).

Hoje quem dá o recado é o meu grande amigo Emílio Lanna:

Acordei hoje e vi a notícia no jornal matinal da trágica morte de uma indefesa criança de quatro anos por policiais despreparados e que na emoção não conseguiram diferenciar um carro com uma família de um carro de bandidos.

Hoje o Rio de Janeiro não tem segurança, não tem saúde, não tem educação e, o que mais me entristece, parece não ter futuro.

As vésperas de estrear um filme fantástico, é impossível não traçar paralelos da cidade do Rio de Janeiro com a cidade fictícia de Gotham City. No Batman, se usa uma palavra que reflete a situação do Rio: APATIA. Aqui, quase todos são corrompidos pelo crime organizado. O governo, a policia, empresários e cidadãos comuns... todos corruptos por pessoas que precisam do apoio de mentes fracas e influentes que permitem que a nossa cidade maravilhosa chegue no estado em que chegou em troca de dinheiro.

Ai eu me pergunto: Onde estão os nossos super-heróis? Eles não precisam ter super-poderes nem a capacidade de usar armas de altíssima tecnologia ou carros pretos que aceleram bastante. Um herói é aquele que altruisticamente faz o bem sem esperar nada em troca, mesmo que isso requeira um sacrifício seu. ALTRUISMO é outra palavra totalmente em falta na nossa sociedade. As pessoas não se respeitam nem no trânsito. Ninguém dá passagem, ninguém respeita o pedestre. A coitada da polícia então... despreparados, recebendo um salário de fome e com toda a responsabilidade de servir como herói. Então, na ânsia de "salvar o mundo" o coitado atira em um carro de família, matando um garotinho que provavelmente, assim como eu, acreditava que poderiam existir heróis para salvar a gente de qualquer problema...

Eu acredito que a solução seja a educação. O nosso super-herói deveria se chamar: "HOMEM EDUCAÇÃO" ou talvez "MULHER INSTRUÇÃO" ou quem sabe "SUPER ESCOLA". Talvez os três juntos dessem conta do recado. Só com a educação, e eu não digo educação de ciências, historia e português, mas sim educação moral, educação de civilidade, de respeito ao próximo, a nossa cidade poderá melhorar. Só assim o famigerado e afamado "JEITINHO BRASILEIRO" em especial o "JEITINHO CARIOCA" vai deixar de ser uma qualidade e vai passar a ser visto como defeito. Só assim, teremos crianças olhando com descaso pro fascínio que o mundo das drogas podem dar pra eles e admirando as pessoas de bom tom e não contrabandistas de drogas e armas...

Ou então, caso seja mais radical, que pelo menos um batman ou um ser de outro planeta chegue na nossa cidade para torná-la menos apática e voltar a ser a cidade maravilhosa.

Que os super-heróis nos protejam.
(Emílio Lanna).

terça-feira, 1 de julho de 2008

Texto 40.

Minha mente negocia com as palavras na busca do melhor encaixe, a melhor alternativa que dê sentido ao que está sendo escrito.
Os olhos observam - fixamente - os dedos inquietos sobre o teclado. A construção vai evoluindo, ganhando forma...
Chega um determinado momento que a impressão é que texto já não precisa mais de mim, sozinho vai falando por si mesmo, viro um mero canal.
Parece que, em muitos casos, há palavras que são a única chave para transpor àquela porta - a resolução perfeita que separa o bom do ruim. Quando se acha esta dose correta, o coração palpita mais forte, surpreso.
Lógico que muitas vezes (ou seria a maioria das vezes?) me perco nas idéias e nas palavras; aí não tem jeito, para voltar e começar de novo é um problema... Por isso prefiro continuar, mesmo desaprovando a criatura que vai nascendo.
De uma coisa não posso fugir, lá no final a assinatura é minha. Isso é um problema: feio ou bonito, o filho (o texto) é meu! Então não tem nem como depositar a culpa na inspiração, na pressa, no medo de me aprofundar (ou não) no assunto, nas palavras que vão saindo quase que involuntariamente e alguns eticetaras mais.
Levanto o braço - discretamente - e digo:
- O texto é meu mesmo. Ficou ruim?
Aí já é com vocês.

Pessoas pelo mundo que passaram por aqui:

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