Hoje percebi como o dia mais claro do mundo pode ser o mais escuro para a criatura mais infeliz. Vi o homem da rua de baixo chorar como um menino órfão, como quem perde o chão e não sabe por onde recomeçar.
De imediato olhei para mim, busquei fragilidades, busquei falhas e vi inúmeros problemas. Mas como eles eram pequenos perto do sofrimento daquele homem. Nem sei o motivo de tantas lágrimas, mas elas eram verdadeiras demais, contagiantes. As pessoas passavam e não entendiam aquele desespero, muitos tentavam acalmá-lo, outras apressavam ainda mais o passo e outras, infelizes, riam da desgraça alheia. Esse era o cenário, e eu ali, no olho do furacão.
Tentei fugir daquela agonia, só que correr seria demasiadamente covarde, mas aquela cena matava o meu dia. Fechei a cara e caminhei firme. Olhava para trás com uma frequência incomum, na ânsaia de ver o homem melhor - sem as lágrimas, pelo menos.
Ele era idoso - bem idoso - daquele avô típico dos filmes. Era uma cena de um drama. Quando já nem o avistava direito, pois já havia me afastado bastante, percebi que o senhor já estava de pé e parecia melhor. Senti-me melhor, como um neto aliviado por ver seu avô inteiro e recuperado.
Pude recuperar meu fôlego, voltar a respirar com a tranquilidade de sempre. - Tomara que não seja nada grave - disse para mim mesmo, sem acreditar nas minhas palavras.
Preferi continuar meu caminho, pensar no que eu tinha que fazer. Reconstrui mentalmente minhas tarefas. Alguns segundos se passaram e minha criativa mente já povoava o estado daquele senhor. Sorri de mim mesmo, tentando entender esse mecanismo tão complexo do pensamento. Construi uma teoria na fila do banco, mas ela era complexa demais para ser lembrada agora, nem eu entendi direito aquele devaneio repentino.
No banco, fui atendido com certa rapidez. Voltei para casa tentando lembrar as loucuras que fui capaz de criar num espaço de tempo tão curto - e na fila de um banco! "Papo de Bêbado Interior", esse foi o nome que criei para aquela teoria. Não pude conter - mais uma vez - o riso. A senhora que estava ao meu lado me olhou com certo ar de preocupação, cumprimentei-a com a cabeça e dei razão a todo aquele espanto da velhinha dos cabelos azulados. Ela nem retribuiu.
Cheguei em casa e parei aqui, no computador. Fiquei olhando para a máquina e disparei: - Não tem jeito, você vai ter que ouvir o que passei hoje. Abri o blog e comecei o depoimento. Foi um exercício de fala interior, eu ouvindo de mim mesmo minhas experiências. O que diferencia são as inúmeras pessoas que compartilham essa louca história de um ser (dito) normal.
(Caros amigos, atendendo a pedidos, após o carnaval escreverei a última parte do Mundos Opostos, ok? Um abraço e boa folia).
De imediato olhei para mim, busquei fragilidades, busquei falhas e vi inúmeros problemas. Mas como eles eram pequenos perto do sofrimento daquele homem. Nem sei o motivo de tantas lágrimas, mas elas eram verdadeiras demais, contagiantes. As pessoas passavam e não entendiam aquele desespero, muitos tentavam acalmá-lo, outras apressavam ainda mais o passo e outras, infelizes, riam da desgraça alheia. Esse era o cenário, e eu ali, no olho do furacão.
Tentei fugir daquela agonia, só que correr seria demasiadamente covarde, mas aquela cena matava o meu dia. Fechei a cara e caminhei firme. Olhava para trás com uma frequência incomum, na ânsaia de ver o homem melhor - sem as lágrimas, pelo menos.
Ele era idoso - bem idoso - daquele avô típico dos filmes. Era uma cena de um drama. Quando já nem o avistava direito, pois já havia me afastado bastante, percebi que o senhor já estava de pé e parecia melhor. Senti-me melhor, como um neto aliviado por ver seu avô inteiro e recuperado.
Pude recuperar meu fôlego, voltar a respirar com a tranquilidade de sempre. - Tomara que não seja nada grave - disse para mim mesmo, sem acreditar nas minhas palavras.
Preferi continuar meu caminho, pensar no que eu tinha que fazer. Reconstrui mentalmente minhas tarefas. Alguns segundos se passaram e minha criativa mente já povoava o estado daquele senhor. Sorri de mim mesmo, tentando entender esse mecanismo tão complexo do pensamento. Construi uma teoria na fila do banco, mas ela era complexa demais para ser lembrada agora, nem eu entendi direito aquele devaneio repentino.
No banco, fui atendido com certa rapidez. Voltei para casa tentando lembrar as loucuras que fui capaz de criar num espaço de tempo tão curto - e na fila de um banco! "Papo de Bêbado Interior", esse foi o nome que criei para aquela teoria. Não pude conter - mais uma vez - o riso. A senhora que estava ao meu lado me olhou com certo ar de preocupação, cumprimentei-a com a cabeça e dei razão a todo aquele espanto da velhinha dos cabelos azulados. Ela nem retribuiu.
Cheguei em casa e parei aqui, no computador. Fiquei olhando para a máquina e disparei: - Não tem jeito, você vai ter que ouvir o que passei hoje. Abri o blog e comecei o depoimento. Foi um exercício de fala interior, eu ouvindo de mim mesmo minhas experiências. O que diferencia são as inúmeras pessoas que compartilham essa louca história de um ser (dito) normal.
(Caros amigos, atendendo a pedidos, após o carnaval escreverei a última parte do Mundos Opostos, ok? Um abraço e boa folia).