Pages

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Papo de Bêbado Interior.

Hoje percebi como o dia mais claro do mundo pode ser o mais escuro para a criatura mais infeliz. Vi o homem da rua de baixo chorar como um menino órfão, como quem perde o chão e não sabe por onde recomeçar.

De imediato olhei para mim, busquei fragilidades, busquei falhas e vi inúmeros problemas. Mas como eles eram pequenos perto do sofrimento daquele homem. Nem sei o motivo de tantas lágrimas, mas elas eram verdadeiras demais, contagiantes. As pessoas passavam e não entendiam aquele desespero, muitos tentavam acalmá-lo, outras apressavam ainda mais o passo e outras, infelizes, riam da desgraça alheia. Esse era o cenário, e eu ali, no olho do furacão.

Tentei fugir daquela agonia, só que correr seria demasiadamente covarde, mas aquela cena matava o meu dia. Fechei a cara e caminhei firme. Olhava para trás com uma frequência incomum, na ânsaia de ver o homem melhor - sem as lágrimas, pelo menos.

Ele era idoso - bem idoso - daquele avô típico dos filmes. Era uma cena de um drama. Quando já nem o avistava direito, pois já havia me afastado bastante, percebi que o senhor já estava de pé e parecia melhor. Senti-me melhor, como um neto aliviado por ver seu avô inteiro e recuperado.

Pude recuperar meu fôlego, voltar a respirar com a tranquilidade de sempre. - Tomara que não seja nada grave - disse para mim mesmo, sem acreditar nas minhas palavras.

Preferi continuar meu caminho, pensar no que eu tinha que fazer. Reconstrui mentalmente minhas tarefas. Alguns segundos se passaram e minha criativa mente já povoava o estado daquele senhor. Sorri de mim mesmo, tentando entender esse mecanismo tão complexo do pensamento. Construi uma teoria na fila do banco, mas ela era complexa demais para ser lembrada agora, nem eu entendi direito aquele devaneio repentino.

No banco, fui atendido com certa rapidez. Voltei para casa tentando lembrar as loucuras que fui capaz de criar num espaço de tempo tão curto - e na fila de um banco! "Papo de Bêbado Interior", esse foi o nome que criei para aquela teoria. Não pude conter - mais uma vez - o riso. A senhora que estava ao meu lado me olhou com certo ar de preocupação, cumprimentei-a com a cabeça e dei razão a todo aquele espanto da velhinha dos cabelos azulados. Ela nem retribuiu.

Cheguei em casa e parei aqui, no computador. Fiquei olhando para a máquina e disparei: - Não tem jeito, você vai ter que ouvir o que passei hoje. Abri o blog e comecei o depoimento. Foi um exercício de fala interior, eu ouvindo de mim mesmo minhas experiências. O que diferencia são as inúmeras pessoas que compartilham essa louca história de um ser (dito) normal.


(Caros amigos, atendendo a pedidos, após o carnaval escreverei a última parte do Mundos Opostos, ok? Um abraço e boa folia).

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Um dia.

Um dia soube que as crianças seriam mais felizes se os pais tivessem juntos.
Um dia torci para que os pais de toda criança fossem pessoas de bem.
Um dia mascarei uma verdade para fazer uma criança feliz.
Um dia disse para mim mesmo que a mentira é um grande defeito e menti dizendo que não minto.
Um dia vou crer nas palavras das pessoas sem desconfiar.
Um dia serei mais sincero.
Um dia chorarei sem secar as lágrimas do rosto.
Um dia vou rir no momento inoportuno e não ficarei fazendo força para parar.
Um dia vou ver o pôr do Sol com a pessoa amada e o céu estará limpo.
Um dia vou ter um filho.
Um dia vou contar histórias engraçadas para pessoas queridas.
Um dia vou voar de asa delta.
Um dia verei que o esforço valeu a pena.
Um dia vou acordar ao meio-dia.
Um dia vou ler o livro da minha vida.
Um dia vou chorar mais uma perda de uma pessoa querida.
Um dia será infinitamente grande, daqueles que não acabam.
Um dia vou andar com o pensamento em outro mundo e estarei de mãos dadas com Deus.
Um dia vou morrer e deixarei saudades.
Um dia as pessoas se lembraram que fizeram parte da minha vida.
Um dia a noite será a mais linda no momento mais lindo.
Um dia meus defeitos serão esquecidos.
Um dia....ah, um dia como o de hoje merece um brinde. Nada de extraordinário aconteceu, mas olhe para fora e veja como é bom viver.

E você, o que fará um dia?

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Mundos Opostos 2 (continuação...).

[Caros amigos do ESCONDERIJO. Atendendo a pedidos, escrevo aqui a continuação do texto do "Mundos Opostos" (http://escondidin.blogspot.com/2009/01/mundos-opostos.html), publicado aqui mesmo nesse blog, no dia 20/01/2009. Espero que gostem do desenrolar da história. Aguardo o comentário de todos! Um abraço.]

Ele acordou doze horas depois, com uma dor de cabeça tremenda, uma ressaca terrível de suas perdas. Levantou meio zonzo e se deparou com o espelho que ficava ao lado do armário. Assustou-se com seu aspecto derrotado, envelhecera dez anos em apenas alguns dias. - Estou acabado - pensou. Tentou reorganizar seu pensamento naquele instante, tentou planejar um futuro digno, mas não conseguia imaginar sua vida sem sua esposa e sua filha. Como viveria agora?

Ligou a televisão num canal de notícias e foi para o banho. Enquanto ligava a ducha, ouviu lá de dentro os desdobramentos do acidente onde tudo aconteceu. Começou a cantarolar bem alto, só para não sofrer ainda mais com aquilo tudo. Trocou de roupa e pediu uma comida. - É hora de voltar para minha casa e repensar minha vida - falou alto.

Ele pagou suas despesas e saiu apressado da cidade. Quando atrevessava o viadulto para pegar a rodovia, avistou o casal do pedágio parado numa lanchonete. Estavam sem as filhas. Pensou em infinitas coisas em um segundo. Parecia passar uma história desconhecida em sua mente. Alguma coisa o levava àquele casal. Não conteve sua curiosidade e foi até lá para tentar descobrir sobre suas vidas.

Sentou no balcão ao lado dos dois e percebeu que estavam com um aspecto tranquilo, suave. Eles terminavam seus lanches e já se levantavam quando foram abordados por aquele desconhecido:

- Me desculpem a intromissão, mas outro dia no pedágio eu vi vocês dois com duas lindas meninas. Vocês não imaginam como fiquei pensando nas suas vidas....É difícil, acabei de perder miha filha e minha esposa - parou de falar, engasgado.

- Sinto muito pela sua perda... - afirmou o marido sendo interrompido pela esposa, que o empurrava para fora da lanchonete.

O silêncio foi profundo. Ele só pode observar os dois saindo em direção ao carro e a mulher olhando assustada para dentro da lanchonete. - Eu só queria saber das duas lindas meninas - afirmou cabisbaixo sem perceber que a garçonete não tirava o olho dele.

- Senhor, me desculpe - disse a jovem garçonete - acho que sei como ajudá-lo.
- Não minha filha, eu sou um caso perdido - respondeu sem encarar a jovem.
- Tudo bem, mas aquele casal acaba de voltar do Internato "Ursa Maior". Deixaram as duas filhas lá.
Ele olhou assustado para a garçonete, tentando entender a sua capacidade de ter essa informação assim, fresquinha. Antes que perguntasse qualquer coisa, a moça já adiantou:
- Aqui a gente ouve de tudo. É cada história que o senhor nem imagina - abriu um leve sorriso que, de alguma forma, reconfortou o professor.

Ele pegou o papel com o endereço do internato e partiu apressado sem saber o que iria encontrar. A garçonete ficou observando a partida do cliente e não parava de olhar a nota de cinquenta reais que ganhara como gurjeta. - Eu e minhas informações preciosas - pensou.

Ao chegar naquele bairro afastado, arborizado, com aspecto de interior de um país europeu, o professor se perguntava quais seriam os motivos que levaram os pais a deixarem as duas filhas ali, sozinhas e distantes deles. Questionava para si próprio a razão daquilo tudo, desde suas perdas ao abandono das meninas. - Vida ingrata - desabafou abrindo a porta do carro.

Percebeu que o lugar era dirigido por freiras de uma congregação que ele desconhecia - era ateu . Parou no portão de entrada da escola e ficou observando as crianças brincando num enorme pátio de grama, com muitos bancos e uma fonte no centro. Varreu com os olhos cada criança atrás das meninas do pedágio.

A freira já o chamava pela segunda vez:
- Senhor? Senhor? Está procurando alguém? - perguntou, impaciente.
- Ah, desculpe. É que.....eu, na verdade - mentalmente ele formulava a melhor mentira - dois amigos acabaram de deixar suas filhas aqui e eu não cheguei a tempo de despedir das pequenas. Será que a senhora... - antes que terminasse, a velha freira, vestida toda de branco, concluiu:
- Ah sei, o senhor está falando da Bianca e da Branca, não é senhor?
- Isso mesmo - afirmou um habilidoso professor de matemática.
- Elas estão lá em cima. Vou chamá-las - sorriu a simpática velhinha.

Pronto, ele não sabia como as duas reagiriam ao ver o desconhecido se passando como amigo da família. Pensou na encrenca que se metera, mas agora era tarde, a freira descia com as duas meninas de mãos dadas.

Ricardo, esse é o nome do professor, viu aquela imagem com uma emoção tremenda. Não conhecia aquelas duas princesinhas, mas tentava saber sobre suas vidas para se sentir melhor, continuar vivendo. Elas caminhavam com um olhar triste, olhos um pouco inchados, de quem acaba de passar algumas horas chorando.

Bianca, a mais nova, não largava a boneca de pano. Branca, dois anos mais velha, vinha segurando a mão da irmã e analisando o estranho que ficava cada vez mais perto.

A freira se aproximou de Ricardo e disse:
- Aqui estão as princesinhas - afastou-se uns três passos, distância suficiente para Ricardo ficar sozinho com as irmãs.
- Vocês não devem lembrar de mim, né? - sorriu Ricardo.
- Não - respondeu Branca balançando a cabeça.
- Eu sou amigo do pai de vocês, sabe? Eu vim aqui para falar que ele e a mamãe amam muito vocês duas, tá bom? - perguntou afirmando Ricardo, tentando ganhar a confiança das meninas.
- Mas por que eles não querem mais morar com a gente? - perguntou quase chorando a pequena Bianca.
- É que eles planejam trabalhar muito por um tempo, para depois vir aqui e levar vocês duas para uma casa bem legal, num lugar onde eles terão todo o tempo para curtirem vocês duas.

As duas esboçaram um sorriso. Pareciam imaginar aquela cena, com a família numa boa casa e as duas num lindo quarto, cheio de bonecas.

- Como é o nome dessa boneca linda? - quebrou o clima Ricardo.
- Lara. Ela está de vestido novo - disse a pequena Bianca mostrando a roupa para um assustado Ricardo, que olhava perplexo para a boneca.
- Lara?! Ela tem um nome lindo, sabia? O mesmo nome da minha filha... - ele segurou o choro e abraçou apertado as duas meninas que retribuiram o abraço, enquanto a freira se aproximava para levá-las de volta.
- Elas precisam ir, senhor - afirmou a velhinha, pegando as duas pelas mãos.

Ricardo beijou o rosto de cada uma das meninas e antes de se virar para partir chamou a freira e disse:
- Se em algum final de semana os pais delas não puderem vir visitá-las, a senhora me liga que eu venho aqui e fico, pelo menos por alguns minutos, fazendo companhia para as duas, tudo bem? - perguntou estendendo a mão com seu cartão.
- Sem problema - disse a freira pegando o cartão - O senhor só não tem autorização para sair com as meninas da escola, mas pode visitá-las quando quiser. Elas vão precisar de carinho mesmo - finalizou a senhora com um cumprimento e voltando para a escola com as meninas.

As duas se viraram, sorriram e deram tchau ao desconhecido. Ele sorriu e devolveu o aceno até elas desaparecerem lá dentro. Ricardo caminhou em direção ao carro numa mistura de riso e lágrima. Percebeu que sua vida ainda tinha algum sentido.

O amor por sua esposa e por sua filha seria todo canalisado, dali em diante, em levar um pouco mais de felicidade àquelas duas irmãs. Esse era um compromisso que tinha consigo mesmo.
- Tirarei forças para romper com minha solidão, tudo para ver o sorriso daquelas duas meninas. Não deixarei que o abandono de seus pais impeça que elas se sintam amadas - disse em voz alta para si mesmo, como que para ficar gravado em sua alma, enquanto acelerava o carro de volta pra casa.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Seleção de "estrangeiros"?!?!?! PROTESTO!!! (Rafael Horta.)

Em clima de abre alas, quem dá o recado hoje é outro amigo - e primo - Rafael Horta. Curtam e leiam a reflexão que ele faz sobre a seleção do Dunga e da CBF:

O que o torcedor brasileiro quer ver na seleção?
O colorado quer Nilmar, seu rival não entende a ausência do Vitor no lugar de...deixa para lá.
O tricolor carioca quer ver os Thiagos, que acabou de sair ou que acabou de voltar.
O do mengo, pede respeito, não só pelo tamanho da nação, mas quer ver seus laterais brilharem na seleção.
O do Vasco não quer nada, esse ano só quer chorar... O fogão tá órfão de craques.
O torcedor cruzeirense, exigente como sempre é, exige o Ramires com a 8 amarelinha, mas acredita em espaço para seu grande goleiro. O atleticano, exagerado como sempre, já quer o Tardelli.
O santista quer seu artilheiro na seleção, o corinthiano quer apenas reservar uma vaga no ataque para seu, quem sabe, fenomenal atacante. O TRI-HEXA campeão brasileiro tem várias indicações para o Sr. Dunga, mas prefere nem discutir a ausência de Hernanes o craque do Brasil, pelo menos o Brasil daqui.
O palmeirense já quer ver o Keirrison, não só pelos gols e jogos desse ano que acaba de começar, mas sim pelo que o garoto fez em tão pouco tempo de carreira no Coxa, outra torcida que quer ele com a amarela.
A "toda poderosa" quer audiência, mas com uma seleção de europeus, prefiro dormir no próximo jogo do Brasil. Seleção de estrangeiros?!?!
Não! Prefiro o meu Cruzeiro.
(Rafael "cruzeirense" Horta)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Na ótica do menino.

- Pai, mas aquele senhor sentado na rua, é assim mesmo?
- Assim mesmo como, filho? A vida é assim, uns não têm dinheiro então vão morar na rua mesmo.
- Que estranho, pai, a tia da escola fala sempre que temos que ajudar as pessoas. Ninguém ajuda aquele homem? - franziu a testa o pequeno Gustavo.
- Deve ajudar sim, tanto que ele está vivo. Só não tem uma casa. - tentou desconversar Cláudio, com o ouvido atento no menino e de olho no trânsito caótico.
- Só não tem uma casa... - repetiu alto o menino - engraçado que na nossa família somos três: Eu, você e mamãe e temos duas casas. Não poderíamos ajudar aquele velinho?
- Ajudar como, Gustavo? Dando nossa casa da praia para ele morar? - perguntou Cláudio escondendo o sorriso.
- Por mim tudo bem. Nós nunca vamos lá mesmo.
- A vida ainda vai te ensinar muita coisa, garoto... - concluiu o pai, torcendo para que seu filho se adapte logo a dura desigualdade da vida adulta.

(...)

Mais tarde, voltando da escola com a mãe, o mesmo Gustavo percebe crianças de rua num parque, cheirando alguma coisa que ele desconhece.
- Mãe, olha aqueles meninos. Eles estão sempre nessa pracinha. O que eles estão cheirando? - perguntou o imperdoável Gustavo.
- Eles meu filho... - tentou ganhar tempo Rosário - estão fazendo uma coisa muito feia, sabe?
- Mas parece ser bom, eles não param de rir - sorriu o menino.
- Não fale besteira, meu filho. Aquilo é uma coisa horrível, que nem adulto e muito menos criança pode fazer. Eles estão fazendo isso porque moram na rua, não tem os pais para educar - tentou conscientizar o pequeno.
- Moram na rua? Que terrível, né mãe? Como eles fazem para dormir? - não parava de questionar.
- Dormem na rua mesmo, na praça. Ou então vão para abrigos passar a noite - concluiu uma impaciente mãe.
- Abrigo? Deve ser um lugar legal, né? Cheio de crianças dormindo juntas. Posso passar uma noite num abrigo, mãe?
- CHEGA, Gustavo! - sentenciou Rosário.

(...)

Gustavo chegou no outro dia na escola com a novidade do abrigo na cabeça. Falou com os amiguinhos e combinou com eles que juntariam a turma para dormirem num abrigo. Na volta para casa, cheio de novidades, disparou para a mãe:
- Mãe, eu e meus amigos combinamos de passar uma noite num abrigo - antes da mãe retrucar, (ou bater o carro) Gustavo continuou - vai ser lá no sítio do Rafael, tá?
- Ah é? - perguntou uma aliviada Rosário? - E como vai ser isso?
- A gente vai passar o final de semana lá. Cada um leva suas coisas, mas só vale roupa velha.
- Roupa velha? Vou separar para você levar então - concordou a mãe.
- Ah, e combinamos de juntarmos as garrafas de plásticos para levar também.
- É meu filho, mas para que isso? - já perguntou imaginando a resposta de Gustavo.
- Para imitarmos aqueles meninos da pracinha, que brincam sem parar e parecem muito felizes - concluiu assustando a mãe.
- Mas você não é feliz, meu filho? - arregalou os olhos Rosário - você tem tudo - concluiu.
- Sou feliz sim, mãe. Mas nunca me diverti daquela maneira, como vejo todos os dias os meninos na pracinha - afirmou o sincero Gustavo.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

A grande crise mundial (Emílio Lanna).

Mais um vez abro espaço para o meu grande amigo Emílio Lanna (que já publicou um texto nesse blog, no dia 8 de julho de 2008):


Como leitor apaixonado de histórias em quadrinhos que sou, estou espantado com a grande CRISE mundial. Todos os dias nos telejornais e nas diversas páginas de notícias que acesso me deparo com esse termo: CRISE!


O que eu acho engraçado é que nas revistinhas de super-heróis esse termo é constantemente usado. Agora mesmo está rolando uma que se chama CONTAGEM REGRESSIVA PARA A CRISE FINAL. Se vocês olharem no Wikipedia (em inglês, desculpem-me: http://en.wikipedia.org/wiki/Crisis_(DC_Comics) ), verão que a crise é um assunto recorrente. Resumidamente, nas crises dos quadrinhos todo o universo é afetado, ficando os heróis enfraquecidos e muitas vezes desacreditados. Sim! Ao contrário do que vemos na TV, Super-homem, Batman e Mulher Maravilha também são julgados e acabam desacreditados, por exemplo, eles até passaram um ano inteiro sem dar as caras para “salvar o mundo das cáries”!


Mas onde quero chegar? Nos quadrinhos as crises acontecem sempre que as vendas das revistas estão em baixa. Sempre que as pessoas se cansam de ver tudo dando tão certo (afinal é ficção e o bem sempre vence o mal...) as vendas caem, ai os caras vão e descem o cacete nos Supers... E no mundo real? Eu não entendo bulhufas de economia, mas o que vejo é que a crise está afetando o mundo. Perdoem-me a minha ignorância, mas eu acho impossível entender essa economia atual. Como boatos podem interferir no meu emprego? Por que se um cara importante fala que tal investimento não pode ser rentável o mundo inteiro para de acessar aquele recurso? Por que chegamos a tal ponto de desespero? Milhares de pessoas estão sendo despedidas no mundo inteiro. Isso não forma um ciclo vicioso, no qual mais pessoas sem emprego geram menos renda no comércio, que gera menos renda nas indústrias? Pra onde foi todo o dinheiro que rola no mundo? Será que isso é história pra vender um novo modelo econômico? Tava todo mundo muito satisfeito com o anterior?


E tem mais, todo mundo fala da crise financeira, mas eu acho que o mundo está mergulhado em crise total. O site do jornal O Globo hoje tem um pequeno link para a notícia da guerra entre Israel e o povo Palestino. Essa guerra que se arrasta há milênios entre esses dois povos que se odeiam simplesmente porque não vivem sobre a regência de um mesmo deus. Quando isso vai acabar? Ontem à noite vi uma reportagem sobre as crianças fumando crack nas ruas do Rio de Janeiro. Diziam que 90% dos moradores de rua são viciados nessa droga. Aquelas pessoas que vivem diariamente entre nós e passam despercebidas e que, quando percebemos, alguns recebem trocados que virarão a “pedra da loucura”. E não para por ai. Tem toda a violência das cidades: o cara drogado matou 2 policiais em duas noites... Fez refém uma moça grávida e só não fez mais caca porque dormiu depois de três dias cometendo crimes sem parar. Tem as milícias que tomam dinheiro e tornam a população escrava do medo, um cara com nome de Super (Batman) que aterroriza não os bandidos, mas a população... Tem bala perdida (ou melhor, encontrada), tem seqüestro que mata menina, tem seqüestro que mata pai, tem assassinato a sangue frio sem motivo nenhum... Tem justiça que não funciona... Isso tudo só no nosso país! Imaginem a África? Lá é terra de ninguém mesmo... Até pirataria andaram cometendo por lá. Prejuízos milionários para grandes transportadoras mundiais... Fome, miséria, cólera e outras doenças que já passaram por aqui... O continente onde surgiram os humanos (perdoem-me o evolucionismo) sofre de problemas sociais que o mundo vem acompanhando há séculos e não toma uma atitude... É como os nossos mendigos da cidade: de vez em quando recebem um trocado do primeiro mundo, que acha que está salvando aquele continente...


E por que o tema da crise? Nos quadrinhos a crise chega e muda tudo. Morrem alguns, outros sobrevivem. Cidades são arrasadas, mas depois tudo é reconstruído. As pessoas ficam mais esperançosas e o mundo se torna um lugar melhor... Será que quando a tal da CRISE do mundo real passar, o mundo será um lugar melhor? Será que os empregos serão retomados? Será que a miséria e a violência irão diminuir? Sei não...

(Emílio Lanna).

Pessoas pelo mundo que passaram por aqui:

Total de visualizações de página

Facebook