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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Os Barulhos do Rio - Augusto Barros.

Hoje quem manda o recado é o amigo Augusto Barros, do blog "Poesias do Augusto": http://poesiasdoaugusto.blogspot.com/ (indico aos que curtem poesia).
Boa leitura e deixem seus comentários...

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OS BARULHOS DO RIO
       
   Sábado à noite, às dez horas, estavam deitados na cama. Talvez para dormirem, mas assistiram um filme. A mulher, fitando a televisão, indaga ao marido:
   Vamos à praia?
    A essa hora?
    E o que é que tem?
    Você por acaso olhou o relógio?
   Sim.
    Não parece.
   Ah amor! Deixa de ser desanimado vai!
    Não é desân...
    A praia a essa hora é linda! Aliás, o Rio de Janeiro todo a essa hora é lindo! Tão romântico...
    Hum.
   O Cristo iluminado... o Pão-de-açúcar...
   Os assaltos... os furtos...
   Ipanema banhada pelo luar... o barulho das ondas...
   As balas perdidas... o tráfico de drogas...
   Segundos de silêncio. O marido a olha com semblante de negação. A mulher, então, exclama:
   Desisto!
   Ótimo. Vou dormir. Beijo.
    Beijo. Boa noite, né?!
   Boa noite amor.
   Ele apaga o abajur ao seu lado na cabeceira. Não passa dez minutos para que a mulher, novamente, exclame:
   Que saco!
   O que foi dessa vez?
   O que foi?! Não está ouvindo esse barulho?!
   É a sirene da polícia, oras.
   Não está dando para dormir assim!
   Então feche os olhos e imagine o barulho das ondas em Ipanema. (E ele riu ironicamente)
   Chato!
   A mulher vira para o lado levando o travesseiro ao ouvido. Demora a dormir.

                                                                     

 Augusto Barros Mendes

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Releitura: "Meu pátio, minha história".

Continuando nas 'comemorações' dos três anos do ESCONDIDIN, hoje publico um texto "escondido" nesse espaço no dia 03 de setembro de 2009. Espero que gostem dessa releitura e deixem seus comentários. Qualquer hora volto com texto inédito.

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Os carros enfileirados são como lembranças do passado. Cada modelo é o representante de um tempo e suas histórias, sua data de fabricação é seu número de identidade. Aquele lá, o FUSCA marrom é o mais velho de todos, remete-se ao tempo da ditadura. Veja como em sua lataria e nos detalhes o tempo foi cruel, como sofreu o coitado...

Olhando mais adiante, encontramos uma velha relíquia, aquele MONZA VERMELHO com fita verde e amarela amarrada na antena. Ele, apesar da idade, transborda jovialidade e não se cansa de repetir, através do ronco do seu motor, que fez parte do movimento das DIRETAS!

A história vai mudando o design dos veículo. Eles ganham em tecnologia e em modernidades diversas. Vejam o ar esportivo daquele ESCORT XR3-amarelo-conversível, todo exibido ali em cima. Teve que modificar o motor depois de ficar “sem voz” de tanto repetir em alto e bom som: “É Tetraaaa....”, em 1994. Mas não há arrependimento, há 24 anos o Brasil não ganhava uma Copa do Mundo.

Mas os anos pós-Tetra parecem passar - covardemente - mais rápido. Mal pude curtir a primeira geração do GOL-BOLA e os filhos, netos e bisnetos desse sucesso de vendas já rodam modernos e fogosos pelas ruas. Só que meu pátio imaginário continua cheio de relíquias apossadas por mim nesse meu poder de sonho. Ainda há TEMPRAS, de um luxo definidor que marcou época; CORSAS e sua capacidade de manter-se na ativa; HONDAS, mais que luxo e rompedor de um passado pacífico para um presente avassalador.

Todos esse veículos, e suas respectivas épocas, são apenas uma construção histórica do período em que nasci, que acompanhei de fato os fatos, e que perdura até hoje, com toda essa vida agitada - que mal cabe em 24 horas.

Esse luxuoso (mais de lembranças pessoais que em valores) pátio não existe de verdade, não possuo esse poder financeiro de colecionar ícones de épocas que retrataram momentos marcantes. No entanto, em minha memória, cada peça desse museu tem valor inegociável. São relíquias que me formaram e me formam, tendo como único preço o tempo, que cobra caro e passa sem piedade.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A arte de seduzir - Frei Beto.

Hoje peço licença aos amigos escondidos nesse blog para publicar um texto do Frei Beto, escritor e filósofo sábio em suas reflexões. O texto que os amigos irão ler foi publicado no jornal O GLOBO, domingo, dia 20/02/2011. Uma ótima análise sobre nossa sociedade nos dias atuais. Deixem seus comentários e deliciem-se com esse texto.

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A arte de seduzir - Frei Betto


Toda ditadura é megalômana. E a que governou o Brasil sob botas e fuzis, de 1964 a 1985, não foi diferente. A construção da rodovia Transamazônica simboliza a arrogância do regime militar.

Rasgou-se a selva de leste a oeste. Abriu-se a estrada em paralelo a caudalosas vias fluviais. Em vez de aprimorar o sistema de navegação pelo Rio Amazonas e seus afluentes, a ditadura preferiu obrigar a floresta a ajoelhar-se a seus pés. Possantes máquinas puseram abaixo árvores milenares encorpadas de madeiras nobres, destruíram ecossistemas preciosos, alteraram o equilíbrio ecológico da região.

Tudo em nome de uma palavra tão propalada e, no entanto, vazia de significado: desenvolvimento. Leia-se: exploração predatória da maior floresta tropical do mundo, aberta à voracidade de mineradoras, madeireiras e, sobretudo, do latifúndio predador, quase sempre movido a trabalho escravo.

“No meio do caminho havia uma pedra”, repetiria Drummond. Povos indígenas. Como impedir que oferecessem resistência? Simples: através da arte de seduzir. A Funai ergueu tapini (cabanas de folhas). Dentro, utensílios de caça e cozinha, ferramentas etc. Os índios, encantados com os objetos, acolhiam gentilmente os caraspálidas. E ingenuamente eram cooptados pelas relações mercantilistas. Em troca de bugigangas perdiam saúde, terras, liberdade e vida.

Detalhe: o mato, não o gato, comeu a Transamazônica, fonte de riqueza e poder de umas tantas empreiteiras.

Hoje, os índios somos todos nós. Os tapini, os shoppings, a publicidade, as veneráveis bugigangas que nos agregam valor. O inumano imprime sentido ao humano, como faziam os deuses de ouro denunciados pelos profetas bíblicos: tinham boca, mas não falavam; olhos, mas não viam; ouvidos, mas não escutavam; pés, mas não andavam...

Estamos todos somos sob o efeito hipnótico do consumismo. Não importa se o produto é frágil ou de má qualidade. Seu design nos cativa. Sua publicidade nos faz acreditar que estamos comprando a oitava maravilha do mundo! E, ingenuamente, que se trata de um produto durável, mesmo conscientes de que o capitalismo não se importa com o direito do consumidor, e sim com a margem de lucro do produtor.

Como se livrar do labirinto consumista que, na verdade, se consuma nos consumindo? Não vejo outra porta de saída fora da espiritualidade, somada a uma nova visão do mundo. Sem espiritualidade corremos o risco — sobretudo os mais jovens — de dar importância àquilo que não tem. Imbuídos da baixa autoestima que nos incute a publicidade (“você não é ninguém porque não possui este carro, não veste esta roupa, não faz esta viagem...”), encaramos a mercadoria como algo que nos agrega valor. Não basta a camisa, a bolsa ou o tênis. Têm que ser de grife, com a etiqueta exibida do lado de fora. Assim, todos à nossa volta haverão de reconhecer o nosso status. E quiçá invejar-nos. E aquele ser humano que, ao lado, carece de produtos refinados, é visto como não tendo nenhuma importância. Pois não se enquadra no atual princípio pós-cartesiano: “Consumo, logo existo.”

É espiritualizada toda pessoa cujo sentido de vida deita raízes em sua subjetividade e cujas opções são movidas por ideais altruístas. Ela não faz do que possui — conta bancária, títulos, casa, carro etc. — seu fator de autoestima. Sabe que tem valor em si, que não é nutrido pela posse de bens, e sim por sua capacidade de fazer o bem aos outros. Sua autoestima se funda na generosidade, solidariedade e compaixão. Ela é feliz porque sabe fazer outras pessoas felizes.

O mercado tudo oferece. Todos os seus produtos nos chegam embrulhados em papel de presente: se compramos este carro, seremos felizes; se bebemos aquela cerveja, nos sentiremos alegres; se adquirimos tal roupa, ficaremos joviais. O único bem que o mercado jamais oferta é justamente este que mais buscamos: a felicidade. No máximo, o mercado tenta nos convencer de que a felicidade é o resultado da soma de prazeres

Ora, a felicidade é um bem do espírito, jamais dos sentidos, da cobiça ou da arrogância. É feliz quem ousa destampar o próprio ego e conectar-se com o Transcendente, o próximo e a natureza. Esse irromper para fora de si mesmo tem nome: amor. E se manifesta nas dimensões pessoal, no dar de si ao outro, e social, no empenho de construir um mundo melhor.

FREI BETTO é escritor.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Salada 2.

ADIOS R9!

Ronaldo se foi. Calma, ele não morreu. Vocês viram, o mundo noticiou: Ele pendurou as chuteiras!
Tudo bem, já era hora mesmo de parar, o peso já apontava um fim de carreira, as jogadas não saiam mais como antigamente. Mas ele deixará saudades na torcida brasileira, foi um grande atacante, dos melhores que vi jogar... Palmas para o craque.

FÓRMULA 1.

Fiquei intrigado com a decisão da Renault-Lotus sobre o substituto do polonês Robert Kubica. Como vocês sabem ele teve um acidente muito grave e, por sorte, sobreviveu. No entanto, e para se recuperar, Kubica deve ficar uns seis meses longe das pistas. Pronto, chance para o Bruno Senna, certo? Errado, tratando-se de Fórmula 1, amigo, tudo pode acontecer... A equipe francesa que conta com três reservas parece que recorrerá a um outro piloto para substituir o contundido Kubica. Então para que servem os 3 reservas? - pergunta esse ignorante ser. É como ter um time de futebol e na hora de fazer uma substituição recorrer a um torcedor na arquibancada, em vez de um dos suplentes. Não sei de mais nada...

EGITO.

População nas ruas, praça Tahrir servindo como berço das mudanças daquele país, muitas histórias, muita luta e governo de 30 anos deixando o cargo. Vitória do povo, vitória das ruas... Sentiria orgulho se fosse egípcio, ou se pelo menos pudesse estar por lá para vivenciar essas mudanças.

CONTOS.

Gosto muito dos contos bem escritos. Como Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade e de Mia Couto. Esse último, aliás, tem um livro sensacional chamado "O Fio das Missangas" - me desculpem se já falei desse livro aqui no ESCONDIDIN, posso estar variando das ideias.... Os contos são muito bons, muito bem escritos, de uma simplicidade invejável. Estou na segunda leitura desses contos. É como uma cachacinha para abrir o apetite, vou lá e me brindo com uma bicada nas missangas. Recomendo aos amigos.

DESCONTOS.

Somos especialistas em lojas em promoção, já perceberam? Basta uma faixa vermelha na vitrine de uma loja para começarmos a puxar a fila. Nem sabemos os produtos, nem o motivo, mas vamos para o final da fila na expectativa de levar uma pechincha pra casa. Nem o calor, nem o cartão estourado, nem a impaciência de uma criança nos faz sair daquela romaria. Semana passada entrei numa dessas roubadas - agora parei! Coitado dos funcionários, fiquei com pena...

R9 X ROMÁRIO.

Enquanto escrevo essas linhas para os que aqui se escondem, começa a se formar uma nuvem negra nos canais televisivos, o povo já vem com as comparações(nisso também somos ótimos, aliás): Quem foi melhor, Ronaldo ou Romário? Olha, vou antecipar meu voto no baixinho. Ele foi mais completo, e tinha no cabeceio uma característica muito forte - apesar da baixa estatura - diferentemente do Ronaldo. Mas são dois grandes do futebol nacional e mundial, não precisamos ficar comparando...(Já comparei - sic!).

(Imagem retirada do site: http://www.nominuto.com/_resources/files/_modules/files/files_11574_200901292034275d96.jpg).

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Analisando com o olhar de hoje.

Estava lendo um conto de um sujeito chamado Carlos Drummond de Andrade, conhecem? Sensacional esse mineiro de Itabira. O texto dele não se lê, se escorrega. Digo isso porque a leitura é muito fácil, flui como um rio descendo seu curso natural...

Mas uma coisa ficou latejando na minha cabeça: o tal do nosso tempo. Impressionante, com o passar dos anos, dos hábitos e dos costumes, coisas que eram comuns antigamente viram absurdos hoje em dia. Pois bem, analisemos: "...a saudade do mano muitas vezes estragava nosso banho no poço, irritava ainda mais o malogro da caça de passarinho." Pronto, se esse conto de Drummond fosse escrito hoje o grande poeta seria acusado pelos ambientalistas, o crucificariam por incentivar o extermínio de raras espécies de pássaros, um homem terrível, o pior exemplo para nossas crianças - muitos bradariam!

Mas percebam o contexto, o momento histórico que o conto "A Salvação da Alma" foi escrito. Era comum aos meninos do interior, ainda mais do interior de Minas Gerais, caçar passarinhos, criar pombos (como relatam meus tios); coisas que vistas hoje em dia causam arrepios nos teóricos de plantão. 

Fiquei divagando... se fosse hoje Drummond sofreria uma investida de um repórter com uma câmera escondida, para verificar se ele cria espécies raras em sua casa, em Itabira. Seria matéria para encerrar o 'Fantástico', da Rede Globo. Estaria nosso grande escritor fadado a passar alguns meses nas prisões brasileiras pelo incentivo ao crime ambiental. Já pensou? (Antes de criar polêmica entre os 7 leitores do ESCONDIDIN, digo logo e brevemente que sou a favor de pássaro solto no seu habitat natural. Ponto!). Mas vivendo na nossa loucura do século XXI, Drummond poderia ser acusado e alvo de críticas pra todo lado.

Mas, feliz é nosso escritor que não precisa ter seus textos analisados e julgados como crime e, ao mesmo tempo, ser obrigado a se deparar com análises contundentes e muito sérias de programas de televisão, como diversos exemplos que conhecemos muito bem - não vale nem a pena enumerá-los.

No entanto, amigos escondidos, e para mostrar que Drummond também poderia ser um senhor muito antenado com os fenômenos atuais, percebam o começo da frase citada: "...a saudade do mano muitas vezes estragava nosso banho no poço...". Pronto, muitos analistas verificariam a presença de um claro relacionamento homossexual entre esses 'manos'. E agora, mais do que em qualquer outro trecho do livro, Drummond seria absolvido, estaria apenas representando as relações tão comuns do nosso dia-a-dia.

Num pequeno trecho pinçado de uma obra grandiosa de nossa literatura podemos fazer o mesmo exercício que nossa grande mídia faz ao reproduzir uma declaração de uma figura importante. De acordo com o interesse editorial, eles moldam da forma como querem e ainda transformam trechos pouco relevantes de um grande contexto numa manchete de jornal, como no nosso exemplo que poderia ser: "EM CONTO DE DRUMMOND PROTAGONISTAS VIVEM RELAÇÃO HOMOSSEXUAL". Pronto, a manchete está criada, o jornal será vendido, mas será que é isso mesmo?

Pois bem, quem já teve a oportunidade de ler esse conto (A Salvação da Alma) sabe muito bem que o autor descreve os momentos de saudade do irmão mais novo quando o mais velho se muda de cidade para estudar. Esse é o fato, esse é o contexto, essa é a verdade. Mas quem se importa? O jornal já foi impresso, já está nas bancas com a polêmica manchete na primeira página. Cabe a Drummond desmentir e provar que aquilo que dizem não é aquilo que ele escreveu. Mas quem paga por esse erro?

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Releitura: "Precisamos Falar SObre Kevin".

Em janeiro de 2011 (ontem) o Escondidin fez três anos de vida. Depois de muitos textos, muitas reflexões e muito bate-papo com os amigos que aqui se escondem, resolvi republicar alguns textos que marcaram essa curta tragetória do simpático blog. Continuarei escrevendo texto inéditos, mas vez por outra vocês irão se deparar com textos que já fazem parte do universo Escondido. Boa (re)leitura e espero que gostem.

Hoje vamos recontar a história de um livro que me chamou muita atenção, Precisamos Falar Sobre o Kevin, publicado nesse blog no dia 31 de janeiro de 2008.

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Sinceramente, acho que nunca li um livro tão instigante, cheio de fatos que arrepiam, que surpreendem, principalmente por se tratar de uma história que de fato aconteceu.

Sei que coisas assustadoras acontecem toda hora ao redor do mundo, mas certas notícias (mesmo quando se tornam corriqueiras) não saem da nossa cabeça.

Este livro trata, basicamente, de um relato de uma mãe, Eva, que se vê acabada depois de seu filho, Kevin Khatchadourian ter entrado na escola e matado nove pessoas. É de arrepiar como esse livro é agudo. Cada página parece tirar uma máscara hipócrita da sociedade, que sempre tem respostas prontas para qualquer fato.

"Precisamos Falar Sobre o Kevin” difere justamente nisso, o relato dessa mãe atônita não se caracteriza por ser politicamente correto, com frases feitas sobre problemas familiares. Eva fala de toda sua apreensão como mãe, desde o momento que o filho nasce, sua insegurança, suas dúvidas, como a de vocação por ser mãe. Mais do que isso, ela rebate a tão divulgada “depressão pós-parto”. Não que ela não acredite que esse tipo de depressão atinja algumas mulheres logo após terem seus filhos, mas não a ela. A falta de entrosamento (se essa é a palavra mais adequada) entre ela e seu filho fica nítida desde o primeiro contato, naquele momento que o médico encosta a criança no peito da mãe, logo depois do nascimento. Nem ela, nem o bebê pareciam querer estar ali.

Se passam 16 anos até Kevin entrar para história como um dos adolescentes americanos que resolvem eliminar todos os que o deixam constrangido, o incomodam. Mas o que leva esse jovem a fazer isso, mesmo sendo de uma família privilegiada, com uma bela casa, com estrutura educacional? Justamente essa é a pergunta que Eva se faz em todo livro!

Os capítulos são divididos em cartas escritas pela mãe ao pai ausente. São história surpreendentes - a maioria triste, é verdade - com um belo trabalho de introspecção, uma busca constante de entender aonde ela, como mãe, tem culpa pelas mortes cometidas pelo filho.

Impossível não falar desse livro sem adjetivá-lo, sem deixar de contar detalhes de uma vida tão trágica. Alternamos momentos de comunhão com a mãe de Kevin, onde partilhamos todo seu sofrimento, imaginando tudo que ela passou depois daquele dia trágico; ao mesmo tempo, impossível não deixar de ver suas responsabilidades na criação dessa criança e nas mortes, indiretamente.

Quanto ao Kevin, bem, quanto a esse jovem, é impressionante como sua personalidade se formou tão cedo, como, mesmo ainda criança, não se importava com brincadeiras e divertimentos infantis; parecendo, na verdade, que já antevia seu futuro sem futuro.

Mesmo já tendo terminado de ler o livro há duas semanas, não paro de relê-lo mentalmente. As situações vão passando em minha mente, como um filme inesquecível. A crueldade do ser humano fica muito mais latente quando se conhece o que se tem por trás, o que forma essa mente tão misteriosa.

Perceberão que, apesar de tudo, uma mãe nunca deixa de amar o seu filho.

Recomendo este livro!

Pessoas pelo mundo que passaram por aqui:

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