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quinta-feira, 12 de maio de 2016

E a Dilma?

O governo Dilma foi muito ruim, beira o indefensável, fato!
No entanto, o cenário que se forma é daquele que anuncia uma tempestade - temo que alguns (poucos?) direitos conquistados fiquem pelo caminho...
Desde o começo do governo Lula, em 2003, o país conheceu alguns avanços nas áreas sociais. Cito, na minha visão de leigo, mas interessado no assunto, 3 deles - inclusive reconhecidos pela oposição: 1) O salário mínimo nunca foi tão valorizado, dando real poder de compra a grande massa de pessoas que dependem desse mínimo ganho; 2) 18 Universidades Federais foram criadas nesse período. Um número longe do ideal, mas uma goleada se comparada aos 8 anos de governo do PSDB - tive o privilégio de estudar numa dessas nos últimos anos e pude ver e perceber alguns avanços; 3) Quase 40 milhões de brasileiros saíram da extrema pobreza com os programas sociais como o bolsa família. É muito fácil criticar - e tem problemas, é verdade, mas só quem sente a dor da fome sabe a importância desse programa (que inclusive deverá ser mantido pelos próximos governos).
Esse último ponto, aliás, foi, talvez, o principal fator que me fez votar na Dilma nos últimos dois segundos turnos das últimas eleições (nos primeiros busquei uma alternativa mais à esquerda do que temos por aí). Na hora de decidir entre ela e uma política mais meritocrata, fiquei, meio a contragosto, com o voto na presidente.
O que não quer dizer que ache o governo dela bom. Ela é muito fraca politicamente, péssima no "fazer política", se isolando e não sabendo lidar com tropeços, dificuldades, alianças necessárias, etc. Concordo!
Acredito, realmente, que o país precisava de uma profunda reforma política. Não acredito em governo algum que precise do PMDB para passar propostas no Congresso (PMDB, aliás, que está no poder desde o fim da ditadura. Um fenômeno!). Impossível fazer isso sem corrupção. Aliás, há 2 anos a própria presidente propôs um plebiscito popular com objetivo de fazermos uma reforma política - prontamente enterrado pelo Congresso. Por que será? Eles não querem perder os privilégios...
Vejo o governo Temer (ficha-suja - que curioso!?) como um símbolo da retomada da elite burguesa e empresarial das rédeas do país e temo, sinceramente, que os poucos avanços sociais conseguidos nos últimos 13 anos sofram um recuo covarde. Não tenho dúvidas - pelo ministério, pelas figuras, pelas ideologias - que essa retomada será dolorosa para o país.
Mas não há desculpas também para um governo como o do PT, que se lambuzou do poder, mergulhando até o pescoço em acordos sombrios, e todo tipo de aliança para fazer a máquina andar. O preço está aí, o poder faz sangrar...
Um país que possui sua grande imprensa na mão de poucas grandes famílias oligarcas (6 famílias controlam 70% da imprensa no Brasil), tem que se cuidar dos discursos que são embrulhados e entregues nos telejornais diários. Sorte que hoje a internet nos permite alguns olhares mais arejados.
Por fim, fico com uma frase cirúrgica do maior geógrafo brasileiro - talvez mais atual do que nunca:
"A classe média não quer direitos, ela quer privilégios, custe os direitos de quem custar." Milton Santos.

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