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quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Dingobel !!!

O Natal passou, as festas caminham para o fim e você, aproveitou? Não vou mentir para vocês, neste exato momento que escrevo, o Natal está um pouco longe ainda. O que? Isso mesmo. É que na noite natalina estarei em outra cidade e, consequentemente, longe das postagens e, principalmente, do computador - momento de descansar da máquina e dela de mim. Por isso, aproveitei um recurso desse bicho eletrônico e programei essa postagem.

Malandro demais, né não? Escrevo hoje e publico semana que vem, como se lá fosse o hoje que escrevo (sic!). Nesse momento que você lê essa humilde postagem, estou com a cabeça longe, talvez já na estrada, talvez vagando por alguma rua e nem imaginando que estou também postando mais um texto. Eita tecnologia de Deus! Engano os leitores com subterfúgios típicos de grandes mídias. Ou vocês acham que as TVs, as rádios e os jornais não fazem isso? Programam muita coisa, gravam eventos, deixam tudo esquematizado para cairem na gandaia - assim como nós, pois também são filhos de Deus. Aí tem sempre um que brada: - Como esse povo de rádio trabalha, né? Aí, aí, ledo engano... O cara já está na estrada, com um copo de cerveja na mão e a cabeça longe do ouvinte que, atento, se solidariza com esse funcionário exemplar.

Claro que há as exceções - sempre existem! Profissionais que são imprescindíveis e que, por isso mesmo, não podem arredar o pé de seus empregos. Esses sim, merecem toda solidariedade. Tudo isso faz parte do nosso jogo capitalista. O tempo não pára, não é mesmo?

É isso, pessoal, não vou me estender aqui não, até porque, não estou aqui de verdade, estou longe, uns 400 km de distância desses dedos que teclam essas linhas. Não vou alongar mais esse texto espírita (sem nenhum preconceito com religião, por favor). Serve uma sugestão? Desliga esse computador e vai curtir sua família nesse finzinho de 2008. Boas Festas para vocês. Em breve estarei de volta.

Deixa eu voltar para os meus 400 km de distância. Fui!

(Imagem retirada do site: http://novofuturo.org/gallery/albums/cart%F5es-de-natal-exclusivos-2006/45_rvore_de_natal_IV.sized.jpg)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Sorriso de criança.

Eu jogava "rouba montinho" com minha avó, isso há uns quinze anos atrás, quando eu aproveitava minhas férias escolares em Belo Horizonte. À noite, já meio entediado de tanto brincar, minha avó reunia alguns netos que estavam por ali e começava a partida - um jogo de baralho bem simples, para quem não conhece. Outras noites, no entanto, brincávamos de bingo. Isso mesmo, mesa repleta de participantes, cartelas distribuídas e pedras sendo cantadas: - Dois patinhos na lagoa: 22... - e por aí ámos, até alguém bradar com toda força e sorriso: - BINGOOOOOO! A felicidade era toda do ganhador e os outros aguardavam a próxima rodada, enquanto o felizardo ia até à mesa pegar o prêmio da vitória - meu avô colocava umas moedas (disputadas moedas) como brinde. Ficávamos nessa até a noite cair por completo e o sono levar cada um para sua cama.

Marcou também, caro amigo leitor, os teatros que montávamos na casa de minha avó. Nas mesmas férias de jogos de baralhos e de bingos noturnos, aproveitávamos a ociosidade para iniciarmos na dramaturgia. Nada muito sério, na verdade. Montamos, por exemplo, a "Escolinha do Professor Raimundo", sucesso da época (estou ficando velho mesmo!). Eu, por exemplo, fui um exímio "seu boneco", com direito a vestimenta apropriada e tudo. Ensaiávamos numa completa diversão e íamos para o dia da estréia - uma noite qualquer na grande sala de jantar da casa da minha avó. Cada um encarnando seu personagem, com imitações infantis e divertidíssimas.

Eu ficava ansioso, empolgado, como um ator de verdade prestes a estreiar uma peça num grande teatro. Arrumávamos as roupas, as meninas se maquiavam e pronto: Abram as cortinas (não havia, tudo bem) que lá vêm as estrelas...

Inclusive, uma vez fizemos uma dessas grande produções familiares, numa véspera de volta das férias. Estrelamos o espetáculo numa noite e, no outro dia, voltei para minha cidade com meus pais, de ônibus. A empolgação era tão grande com meu papel de palhaço (de circo, nenhum sentido pejorativo, por favor) que sonhei com minha atuação, enquanto dormia na poltrona do ônibus. Só que tenho o péssimo hábito de falar durante o sono e dessa vez não perdoei. Segundo o relato de minha mãe, que viajava ao meu lado, falei com toda pompa e altura: - Olá, sou o palhaço Sorriso!

O sorriso mesmo veio dos passageiros. Nesse dia decretei o fim da minha carreira de ator. Mais nenhum passo foi dado nessa direção, tudo graças ao palhaço que vos fala, ou melhor, ao palhaço Sorriso de outrora.

(Imagem retirada do site: http://circos.no.sapo.pt/sapatos%20de%20palhaco%202.jpg)

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Primeira entrevista do blog - jornalista Décio Lopes (SPORTV).

Novidade no esconderijo! Pela primeira vez posto uma entrevista, concedida por e-mail, com uma figura importante do jornalismo brasileiro: O jornalista esportivo Décio Lopes. Ele falou um pouco do universo jornalístico, de suas viagens, de sua carreira, entre outras coisas. Espero que gostem desse pequeno bate-bola com um dos craques do SPORTV. Aguardo o comentário de todos.

ESCONDERIJO: Como é conciliar o jornalismo esportivo com o convívio com a família? Sobra tempo?

DÉCIO LOPES: Hoje em dia é bem mais fácil. Nos tempos de Globo é que o bicho pegava. Como chefe do Esporte Espetacular eu cheguei a ficar quatro longos anos sem um fim de semana de folga. Zero! Só folgava às segundas. Mas era um esforço necessário e que trouxe grandes recompensas - para o programa, para a minha carreira e para a minha vida - consequentemente, a da minha família. Agora, trabalho em casa quase que o tempo todo, do computador. Tenho muito mais tempo para conviver com as pessoas que eu amo. Graças a Deus! Claro que as viagens têm sido meio sacrificantes, mas em muitas delas tenho levado a família, aproveitando que temos parentes em Londres.

ESCONDERIJO: Como você vê o atual momento do mercado jornalístico?

DÉCIO LOPES: Bom, já esteve bem pior. Acho que o Brasil, em quase todos os setores, vive um momento feliz. Economia crescendo, confiança - apesar desta recente turbulência internacional, que também vai trazer problemas para cá. De todo modo, e mesmo longe de ser um paraíso, o mercado tem oportunidades. É preciso estar atento e preparado para quando elas surgirem diante do seu nariz. Mas eu diria que ruim mesmo foi a década de oitenta, quando me formei (ao fim dela), a chamada “Década Perdida”. O Brasil era uma ruína de dívidas, corrupção e o pior de tudo: Desesperança.

ESCONDERIJO: Gostaria que você falasse um pouco da influência da mídia no público. Você acredita no olhar crítico do brasileiro ou é fácil de ser influenciado?

DÉCIO LOPES: Há muita influência, especialmente da TV. Em um país sem leitura, infelizmente como é o nosso, a TV pesa demais. Mais do que deveria. Então, trabalhar em TV é uma baita responsabilidade. Mas neste setor eu também sou otimista em minha análise. O Brasil já esteve muito pior, com o governo e algumas forças políticas pressionando as instituições de um modo perigoso e o jornalismo saindo arranhado. Hoje, sinceramente, acho que a TV globo faz um jornalismo de qualidade, com preocupação social e atenção à defesa dos valores nacionais. Há bons concorrentes, também. E, claro, a TV paga e a internet dão as suas contribuições para democratizar e facilitar a informação.

ESCONDERIJO: Vejo a mídia esportiva (principalmente as rádios do Rio de Janeiro) com muito oba-oba com os jogadores, dirigentes, CBF, etc. Como você vê essa relação do jornalista com esses setores? Não falta ética e uma normatização da profissão?

DÉCIO LOPES: Sinceramente, acho preocupante. Detesto ter que dizer isso, primeiro porque soa pedante, segundo porque é antipático com alguns colegas. Mas vejo o jornalismo esportivo com preocupação. Logicamente que as grandes TVs, os grandes jornais e portais estão fora desta análise sombria. Estes investem em profissionais, em formação e em valores éticos. Os resultados aparecem. Mas, de um modo geral, quando você vai a um jogo em um estádio brasileiro ou em uma cobertura na Granja Comary, o cenário pode ser estranho. Decorrência, claro, das dificuldades financeiras dos veículos menores. Como não tem receita, acabam deixando para as funções jornalísticas, pessoas pouco preparadas, que desconhecem os valores éticos da profissão e até mesmo os rudimentos do nosso idioma. Ou ainda, gente que, lamentavelmente, troca elogios por pequenos favores.

ESCONDERIJO: Explorando sua vasta experiência mundo afora, o que diferencia a vida lá fora para a do Brasil? E o jogador brasileiro, está preparado para essa mudança?

DÉCIO LOPES: A vida é muito diferente. Quase tudo é diferente, embora, estranhamente, traga resultados parecidos. No fim das contas, em Paris, Nova Iorque ou Nova Delhi, os domingos à tarde são sempre melancólicos para os solitários. Sempre vai ser feliz - independentemente do país - aquele que tem a harmonia dentro de casa. Família (não necessariamente sanguínea ou uma visão careta) e espiritualidade são as raízes da felicidade. Lá fora as pessoas são distantes e, embora (no caso dos países ricos) mais polidas, no fundo não estão nem aí para os outros. Não fazem a menor força para ajudar, para ser solidário, para ser simpático. O brasileiro é bom demais. Embora, as vezes, um pouco rude. É caloroso e preocupa-se com o sujeito que está ao lado. De um modo geral, claro. Não é só clichê, não. É a pura verdade. E acho que isso vale muito mais que a renda e o PIB. Claro que nenhum país pode ser feliz com miséria, desigualdade absurda e violência desmedida, mas, sinceramente, para nós que nos acostumamos com o Sol e as relações fraternais, não é mole viver no chamado “Primeiro Mundo”. Os jogadores sentem isso e acabam voluntariamente se isolando. Vivem dentro de casa, na internet e na Globo Internacional. Ou saem com brasileiro e latinos. Tanto que, depois da aposentadoria, nove entre dez deles voltam para casa. Aqui temos problemas sérios, mas é bom demais (risos...).


Décio Lopes produz e apresenta o programa Expresso da Bola, no canal Sportv. Já esteve em mais de 60 países, mas não conhece nenhum país melhor que o Brasil. Visite o blog da fera: http://colunas.sportv.com.br/expressodabola/

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

No ônibus inquieto.

Estou parado, dentro do ônibus, que rasga a rodovia. Mais uma viagem - curta viagem - e minha mente divaga...

Ao meu lado, um senhor não consegue ficar acordado, uma sucessão de cochilos. Na minha diagonal esquerda, um homem lê desde a partida um livro sobre Cristo...Amém!

O resto é silêncio que só é interrompido por alguns toques de celular. Bato constantemente o pé, enquanto o motorista vai tranqüilo, numa velocidade constante.

Lá fora faz um calor infernal. Orgulho-me do ar condicionado - invenção maravilhosa. Estou inquieto, por isso escrevo. Assim, concentro em mim.

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Ainda preso na poltrona do ônibus, lembrei-me da minissérie da Rede Globo, Capitu. Há alguns dias escrevi sobre Dom Casmurro (é só ler aqui no blog, "O Reencontro" publicado no dia 27/11/08) e, logo depois, descobri que fariam um especial sobre o livro. Fiquei fascinado e não pude perder. Estou adorando a maneira como adaptaram o livro para a TV, numa mistura de teatro com televisão - ótima mistura, por sinal. Os atores então, são maravilhosos. Vocês estão assistindo?

Uma frase de Dom Casmurro me chamou a atenção no seriado: “Eis aqui um que não fará grande carreira no mundo...as emoções o dominam”, fazendo referencia a Bentinho. Eu não tinha reparado nesse trecho quando li o livro, mas no seriado me marcou. A frase ficou martelando em minha mente. Carreira e emoção andando em direções opostas, fazendo forças para não se juntarem, como dois ímãs de mesmo pólo.

Eh Machado de Assis, quanta genialidade. Cada releitura uma descoberta.

(Imagem retirada do site: http://documentotupiniquim.com/wp-content/uploads/2008/02/onibus-1969.jpg)

sábado, 6 de dezembro de 2008

Uma partida e p(r)onto.

Tocou a campanhia e ela foi antender. Olhou rapidamente para o espelho e ajeitou os longos cabelos. - Será que é ele? - perguntou intimamente, já esperando por uma resposta afirmativa. Passou mais uma vez a mão na cabeleira e sorriu abrindo a porta... Era o porteiro entregando a conta do condomíno. Murchou como uma rosa sem água e liberou um sorriu forçado. - Boa noite dona Márcia - disse o pequeno e sorridente porteiro enquanto a porta fechava em sua frente.

Ela jogou a conta no sofá e percebeu como se tornara refém desse homem. - Aff! - foi o que se ouvi. Permaneceu algum tempo na expectativa. Cada murmirinho no corredor era motivo para o coração palpitar - e ela torcia... e nada. Pegou pela trigésima vez o celular que insistia em não tocar. Reparou a hora no aparelho: Meia noite e quarenta e dois - disse em voz alta. Chega, vou dormir. A tristeza dessa mulher era tão evidente que até mesmo um desconhecido repararia. Resolveu tomar mais um banho, quem sabe na busca de uma resposta debaixo d'água.

Deitou forçada em sua cama. Percebia como a cama era grande para dormir tão só.

Do outro lado da cidade, Diego se questionava se devia ou não trocar de roupa. Chegara há pouco do boteco, onde acompanhara a derrota (mais uma) do seu time. Estava sem voz e visivelmente bêbado. Não que estivesse caindo, mas rodava um pouco sua mente. Não esquecera um só minuto do encontro com sua nova paquera (termo antigo, mas definidor desse início de relacionamento), não tinha condições de sair. - Acho que vou ligar para ela - pensou. Mas quando viu que eram duas da manhã, desistiu. - Droga! Agora já era - esbravejou.

Foi para o banho com uma dor na consciência danada (além da dor de cabeça da bebedeira). Se arrependeu daquele furo. - Esse time não presta mesmo. Além de perder, acabou com minhas esperanças... - disse um cambaleante Diego.

Comeu o que tinha na geladeira e pronto. Ligou a televisão e ficou vagando pelo pequeno apartamento com a cabeça longe. O efeito da bebida passara e ele remoia sua mancada.

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Os dois moravam sozinhos e ansiavam por companhia. Márcia resolveu esquecê-lo de vez, não atendia mais os telefonemas dele e, além disso, confessou as amigas que estava cansada dos homens. Passaria um longo tempo sem se relacionar com alguém. - Prefiro ficar só - concluiu amargurada.

Diego, por sua vez, tentava encontrar um meio para explicar sobre seu furo - não se conformava. Ela não o atendia e ele sentia vergonha de procurá-la pessoalmente. Inventou uma mentira caso a encontrasse. Não assumiria que o que causou aquilo tudo foi a derrota da Portuguesa. Prometeu ficar bem longe do seu time e continuar atrás de uma mulher especial.

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Passados quatro anos e a vida desses dois continuava parecida. Cada um em sua rotina, com seus empregos, seus amigos e sozinhos. Diego voltou a frequentar os jogos da Lusa e a acompanhar as partidas no boteco da esquina. Márcia completou trinta e dois anos e já não pensava mais em ter filhos. Até que um dia...

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Um dia, um sábado na verdade (pois estas coisas só acontecem num sábado), Márcia saía da casa da melhor amiga, Lurdinha, quando, ao atravessar a avenida, encontrou Diego, do outro lado e dentro do boteco com sua inseparável camisa da Lusa. Ele estava compenetrado no jogo e Márcia ficou observando. Foi se aproximando do bar e ficou numa posição que podia ver Diego sem ser vista por ele. Ela dividia a atenção entre Diego e a TV, olhava para o jogo e se interessava pela correria da partida. Portuguesa e Ponte Preta se enfrentavam, em Campinas. O jogo estava no começo... Ela passou toda a partida ali, naquela posição. Um senhor ofereceu sua cadeira à moça, que recusou sem piscar. Começava a entender e a gostar do que via lá na frente e na Tv.

O jogo acabou. Márcia esperou Diego passar por ela e o chamou. Os dois ficaram se olhando - uma eternidade...
-Tudo bem? - quebrou o clima Diego.
- Tô sim. Bela partida, né? - respondeu Márcia surpreendentemente.

Diego gelou, fixava seu olhar na mulher e tentava entender o que acontecia. Não disse nada. Pegou-a carinhosamente pelo braço e foram andando em direção a sua casa... Ali nascera, de fato, um grande amor.

Ah, antes que acabe esse longo encontro amoroso, a Lusa perdeu aquela partida: 4X3 para a Ponte Preta. O que importa, não é verdade?

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Poço que existe, mas não se mostra.

Escrever para mim é como estar de frente para um poço d’água, desses clássicos que vemos em filmes. Desço um balde vazio, que vai pela escuridão até lá embaixo. A água é recolhida e sobe vagarosamente. Dentro do balde há uma infinita possibilidade de temas e assuntos a serem abordados.

Lá em cima estou eu - ansioso, fazendo força para trazer o balde até mim, curioso sobre o conteúdo tão desejado. Recolho o objeto e observo que dentro não há nada. Espanto! O peso que ele carregava, na verdade, é o peso da minha expectativa, meu querer escrever.

Esse trajeto do balde, no entanto, é o suficiente para nascer em mim algo a ser inscrito - minha inspiração. Já tenho tema, já tenho assunto, já fiz o texto... Guardo o balde com carinho, ele sempre será útil e merece cuidado.

Um dia descerei por esse poço a procura de uma resposta sobre essa construção obscura e simbólica. Quero entender como funciono, como construo meu mundo de palavras. Esse momento será único. Só que (sempre há um porém) tenho medo de descobrir o segredo e perder o encanto da minha fonte de inspiração. Seria o fim desse relacionamento: Homem (eu) e palavra.

Então, cubro esse meu poço de palavras, deixo-o bem escondido. Prefiro que continue enigmático, guardado como um talismã. Não mergulhar em sua existência, é preservar minha criatividade. Afinal, nem tudo que existe deve ser conhecido e festejado.

(imagem retirada do site:http: //i28.photobucket.com/albums/c214/domrs/pocodosdesejos_500x315.jpg)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Nova enquete.

Caros leitores desse blog. Estou querendo conhecer um pouco mais de vocês. Isso mesmo. Por isso criei essa enquete, na tentativa de tentar entender um pouco sobre o que vocês gostam de ler nesse modesto blog. Votem lá e, se quiserem, deixem seus comentários aqui também (fiquem à vontade para falar não só dos textos, como também do layout do blog!).

Conto com a participação de todos.

Ah, logo-logo vem mais textos, ok?

Obrigado e boa leitura.

Um abraço.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

PALAVRAS, por Rubem Dornas.

Hoje quem manda o recado, em forma de poema, é o companheiro de blog, Rubem Dornas. Diretamente da Terapia de Cutuvelo: www.terapiadecutuvelo.blogspot.com. VISITEM!

PALAVRAS
"Palavra de sonho.
Palavra de alegria.
Palavra de cantar.
Palavras lúcidas. Palavras lúdicas.
Palavras de viver.

Palavra de insensatez.
Palavra de ciúme.
Palavra de dor.
Palavras sórdidas. Palavras mórbidas.
Palavras de sofrer.

Palavra de sagração.
Palavra de flores.
Palavra de cores.
Palavras mágicas. Palavras cálidas.
Palavras de enternecer.

Palavra de vingança.
Palavra de ódio.
Palavra de rancor.
Palavras pérfidas. Palavras gélidas.
Palavras de esquecer.

Palavra de carinho.
Palavra de libido.
Palavra de beijo.
Palavras sôfregas. Palavras ávidas.
Palavras de prazer.

Palavras tantas.
Palavras... mais que palavras".

(Rubem Dornas: www.terapiadecutuvelo.blogspot.com)

sábado, 29 de novembro de 2008

Veleiro.

Corri para ver o estrondo. Era tarde da noite, mas só eu acordei. Devia ser uma batida de carro, ou algum despencar de um objeto absurdamente pesado. Só que nada vi. Voltei para a cama e tentei dormir apressado, sentia-me testemunha de um caso complexo. O sono fugiu por completo, deixou-me sozinho, aflito. Apertava os olhos e nada. Ameacei uma oração, mas não havia concentração para isso. Sentei na cama procurando com os ouvidos novos acontecimentos. Um carro apressado - e velho - passou fazendo muito barulho, deitei. Uma música na cabeça, catarolei e sorri para o nada. O que era aquilo?

Os olhos ardiam de sono, a mente trabalhava como cedo. Era uma incompatibilidade intrigante, olhos e mente lutavam em meu corpo. Fiquei refém desse duelo, não tinha escapatória. Depois de muitas lutas e batalhas vencidas pelos dois lados, dormi. Olhos cansados não testemunhavam mais nada; mente recarregando enquanto os sonhos fazinham seu trabalho - fuzilando meu corpo.

Lá fora - na rua - o mundo continuava como sempre, rua vazia, barulho do vento...

Acordei pela manhã, bem tarde, não me lembro a hora. Estava cansado, a cabeça pesava, tudo resultado de um dia de batalhas. Tentei recordar o que havia acontecido, porém não adiantava. Lavei o rosto e lembrei do meu sonho: Eu navegava por uma calmaria no oceano, só que estava sozinho e numa grande lancha. Esse foi o meu sonho, longas horas de solitária viagem. Tempo suficiente para repensar na imensidão do mar, minha vida.

Fui tomar café com aquilo na cabeça. Na próxima noite - pensei - quero ter o mesmo sonho, no entanto, colocaria pessoas fundamentais no meu barco. Esse barco, por sinal, não seria mais uma grande e veloz lancha, mas sim, um simples veleiro, capaz de navegar um pouco mais devagar na imensidão...Aproveitar a viagem sem pressa de chegar a lugar algum.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

O reencontro.

Foi depois de alguns anos. Ele estava guardado num canto de um armário da casa - nem me lembrava que ainda o tinha. Mas sua capa laranja me chamou a atenção. Olhei e procurei logo o título do livro: Dom Casmurro. Quanto tempo, senhor Machado!? - indaguei.

Lembrei-me que, quando li esse livro na escola (na verdade, vou ser muito sincero, mas nem me lembro de ter lido todo. Acho que parei na metade e complementei com um resumo da internet. Pano rápido!) achei cansativo e extremamente chato, desses que recebemos no ensino fundamental, com uma obrigatoriedade que impossibilita a criança de ter prazer em ler um livro.

Pois bem, achei que devia reler esse clássico da literatura brasileira. (Há uns cinco anos, eu reli o Memórias Póstumas de Brás Cubas, também de Machado de Assis - e adorei essa releitura, por sinal).

Folheei as páginas do clássico Dom Casmurro e foi redescobrindo Capitu e Bentinho. Quem não conhece essa dupla, que já foi, inclusive, inspiradora de protagonistas de novelas e afins (só não me pergunte quais, pois não tenho a menor afinidade com o tema)!? As histórias infantis dos dois se descobrindo como apaixonados e as sensações que Machado de Assis passa, são impressionantes. O autor tem uma capacidade de descrever uma cena e, dentro dela, prender o leitor pela forma como aborda as questões emocionais do personagem - descrevendo suas inquietações e pensamentos - que eu nunca vi igual.

Claro, trata-se de Machado de Assis. Mas me pergunto: Por que só agora pude conhecer de fato sua incomparável narrativa? Só pode ser uma questão de maturidade mesmo, pois o livro não foi modificado desde os meus tempos da escola.

Recomendo esse clássico todos, mesmo aqueles que, assim como eu, já tiveram o gostinho de ler Dom Casmurro. Releia, tenho certeza que irá descobrir um mundo literário novo. Chego a conclusão que, cada vez que andamos por caminhos já percorridos, nos deparamos com situações, fatos e objetos que sempre estiveram ali, mas fomos nós que não soubemos perceber naquele momento suas presenças. Então, amigos, não percam tempo, voltem um pouco em suas estradas, o já conhecido pode reservar surpresas inimagináveis.

(imagem retirada do site: http://www.algosobre.com.br/images/stories/assuntos/biografias/Machado%20de%20Assis.jpg)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O dono do bar.

- Essa televisão não funciona. É horrível! E esse emaranhado de fios? (sacudiu a cabeça) Que coisa. - resmungou o dono do bar, sob olhar de uma assustada funcionária, que juntava meu troco da água.

Joguei no bolso as moedas e fui para a prova. Eram oito e dez da manhã, num domingo chuvoso e cheio de lama... Fiquei com esse desabafo na cabeça, esse resmungado cabisbaixo, de um senhor que aparenta uns sessenta anos, corpo roliço, baixo e corcunda. A funcionária era jovem, não tinha nenhuma beleza exterior, parecia um bicho acanhado. Estava formada uma clara divisão de poder, de um lado o que manda, do outro, a que obedece - e teme.

Fiquei divagando a rotina daquele convívio. O que seriam aqueles dois? Pai e filha? Marido e mulher? Ou simples patrão empregado? Sinceramente não sei, mas há uma infelicidade pairando a vida deles. Foi gritante demais o desconforto que eles compartilhavam - não havia como não perceber.

O sujeito caminhava do fundo do bar para a televisão com a cabeça baixa, andar cansado e preguiçoso. Era observado, de rabo de olho, pela jovem funcionária, que mexia inquieta nas moedas do caixa. E lá no meio estava eu, num silêncio angustiante, observando a cena (simples cena) que se desenrolava na minha frente. Me senti como vendo um filme começado, havia algo antes daquilo que eu não sabia o que era. Quase esqueci a água em cima do balcão, dei um passo para trás e voltei apressado para buscá-la. Os dois conversavam em silêncio, um assunto que eu não pude ouvir. Saí mais devagar, atravessei a rua e entrei para a prova. De algum jeito, levei os dois comigo.

Terminei a prova e fui para o ponto de ônibus, olhei de relance para o bar e vi o senhor conversando sozinho, olhando para a televisão que já funcionava. Parecia mais feliz - mais normal, pelo menos. Deixei-os com seus problemas e suas angústias, coloquei meu fone e cochilei até o centro da cidade. Mais uma prova acabada, mais um testemunho de vida.

sábado, 22 de novembro de 2008

Diálogo interior.

Agora não adianta chorar, menino. A opção foi feita, você escolheu. Tudo bem, tudo bem... As vezes nos pegamos insatisfeitos com nossas atitudes e decisões. Mas fazer o que, né? Foi você que traçou esse caminho.

Af...

Viva, menino! Não se preocupe com os outros, não se importe com críticas e decisões alheias. Viva seu mundo e pronto. Pronto...

Está mais calmo? Então respire...

A vida não costuma responder com sorrisos sem motivo. É preciso correr atrás. Fortaleça seus músculos e sua mente, precisará de cada movimento de dedicação.

E então, as lágrimas secaram? Isso, é hora de voltar a roleta de lutas da vida. Prepare-se e - já.

Agora é com você, rapaz. O empurrão já foi dado, não desperdice essa força e curta esse embalo.

Não se esqueça de olhar a sua volta. A vida, mesmo que dura, necessita de momentos e pessoas especiais.

Quando você menos esperar, estará vivendo um momento único, com profissão e amor - mistura perfeita. Sentirá completamente completo (desculpe a redundância) e desfrutará de cada segundo.

Nesse momento, menino, será um homem maduro, pronto para os desafios, vivendo de suas forças e construindo a vida simples e complexa que sempre desejou.

Só aí, menino, me calarei e o deixarei viver sem mim. Eu, esse sentimento de culpa tolo, que sempre soprou palavras ingratas em momentos inoportunos. Sairei de cena, serei superado por sua felicidade inabalável. Culpa sentirei de todos meus momentos em sua vida - de(s)culpas.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Feliz doce.

O menino ao lado sorriu e me pediu um trocado. Falei que não tinha e saí apressado. Lá na frente percebi que tinha umas moedas sim, não sei por que havia mentido. Voltei, e perguntei para o pequeno para que ele queria aquele dinheiro. - É para comprar um doce. Estou doido para comer um daquele - e apontou para um senhor que vendia uns cuscuz numa carrocinha. Vi que o menino era sincero demais, merecia aquele meu gesto pequeno, que não alteraria minha situação financeira. Estendi a mão e o presenteei com minhas pratas. Ele contou e viu que era o suficiente. Aumentou o sorriso e agradeceu.

Fiz questão de diminuir meus passos. Queria saborear com aquele menino o doce que devorava. Era impressionante a voracidade dele. Passei do lado e pude ouvir o mastigar inquieto. Ele precisava muito daquilo mesmo. Senti-me aliviado e, ao mesmo tempo, fiquei pensando quantas vezes rejeitei um pedido de um doce, mesmo com o bolso carregado de moedas. A concentração do garoto era inabalável - e contagiante.

Fiquei orgulhoso do meu gesto. Senti como se estivesse fazendo minha parte. Mas fiquei me pergutando: - Não estou alimentando um pequeno cidadão que está se acostumando a ganhar as coisas, sem trabalhar e correr atrás? - Mas é uma criança - briguei comigo mesmo - Deixa ele ter esse prazer.

Deixei o racionalismo de lado. - Mais tarde reflito sobre essas teorias sociais, prefiro ter na memória a imagem do menino - pelo menos naquele momento - feliz.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Aprendendo a marcar.

A bola rolou num campo encharcado do interior da Espanha. Era um jogo especial para os onze bravos jogadores do modesto time do Cádiz. Eles enfrentavam os galácticos jogadores do Real Madrid, um esquadrão desatualizado - diga-se de passagem, comandado pelo clássico Zidane, passando pela potência do Roberto Carlos, a plástica do inglês David Beckam e terminando na eficiência do um atacante fenomenal: Ronaldo.

O confronto de duas forças tão opostas parecia já definido quanto ao vencedor - ledo engano. O futebol prega peças nos seus seguidores, não há vitória antes do tempo, sempre há espaço para algo novo.

Esse jogo foi acompanhado por mim, não li sobre ele, ninguém me contou. Com vinte minutos do primeiro tempo, Ronaldo já balançara a rede duas vezes - desenhava-se uma goleada.

Mas a braveza dos gestos, feições e forma de jogo (na raça) dos onze do Cádiz, fizeram com que o panorama mudasse. Fim de primeiro tempo e virada no placar: 3X2. Inacreditável, mas o futebol é inimigo de previsões lógicas, adora matar de vergonha com o inesperado.

O Real voltou modificado para a etapa final. Três atacantes, dois armadores e os laterais jogando como verdadeiros pontas. Não demorou muito para o placar ser alterado: oito minutos do segundo tempo e 4X2 para os amarelos do Cádiz.

Os galácticos ficaram atônitos, ainda tiveram um zagueiro expulso antes de tomarem o gol. O técnico, então, jogou para o alto o esquema combinado. Fez figa, benzeu-se, fez as alterações que podia, perdeu a voz e as mãos suavam nervosas.

A bola parecia proibida de tocar no gramado, ela vinha para a defesa do Real e voltava para o ataque, pelo ar, flutuando. Numa dessas loucas idas e vindas da gorducha, a bola sobrou para o atacante Raul que, de olhos fechados, empurrou para o fundo do gol. 4X3 e oito minutos para acabar a batalha.

O cansaço era visível nos vinte e dois jogadores, o olho estatelado denunciava uma tensão contagiante. E o treinador suava... Ameaçou fazer mais uma substituição, mas não era mais possível; ameaçou beber uma água, atender o celular; não era o momento, precisava terminar a peleja.

A placa de três minutos de acréscimo (sempre três!) já havia subido, o rigoroso juiz não parava de consultar o relógio, era o último lance: um escanteio para a equipe merengue. Até o goleiro Casillas foi para a área. Bola levantada, testada, amaciada pela trave e...GOL! Fim de jogo: 4X4.

Quanta emoção, o coração estava a mil. As equipes saíram de campo, desliguei o computador e saí para estudar, buscando na memória o desenho dos oito gols. Estava de volta ao mundo real, tentando aprender com os bravos jogadores a lutar até o fim. No momento certo terei um escanteio a meu favor, e não faltará empenho para empurrar a bola para o gol.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Reflexão, Veríssimo, Obama, Fórmula1...

Meu coração pára de palpitar acelerado, pois escrevo. E nesse momento, a poeira assenta, o tempo anda em seu ritmo normal, cadenciado. Tudo parece congelar ao meu redor, só meus sentidos continuam vivos - minha mente não pára.

Esse instante de introspecção pode demorar alguns minutos, chegar a algumas horas, mais é um momento único. Vou construindo e reconstruindo o mundo através de minhas palavras. Transformo-me num engenheiro decisivo dessa nova cidade que nasce.

É um trabalho que requer uma dose especial de inspiração, mas que tem como ingrediente principal muita reflexão e suor. É um trabalho, afinal. Requer disciplina, precisão, mas não se pode abrir mão do prazer.

Escrever essas linhas sem prazer é impossível. Eu cairia numa rotina, escreveria por obrigação, fugiria da essência do que proponho nesse espaço.

Claro que eu admiro os que escrevem por periodicidade. O que falar dos textos do Veríssimo que saem aos domingos, no jornal O GLOBO? (Na verdade, o que seria do domingo sem os textos do Veríssimo?). Ele tem uma obrigatoriedade de ter sempre algo a dizer naquele dia e, ao mesmo tempo, não deixa de ser brilhante. Palmas para ele, gênio da literatura brasileira. Eu sou mortal demais, nem me arrisco (muito menos ouso me comparar).
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Brilhante, aliás, é ver um mundo novo que parece se formar a partir do EUA. Lá, eles fizeram história ao eleger um candidato, Barack Obama, que foge do estereótipo dos últimos presidentes norte-americanos (pelo menos vislumbra-se um novo momento da política, vamos ficar atentos). Que ele tenha clareza e noção da responsabilidade que tem em mãos.
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Desenhos e contornos novos numa semana cheia de assuntos especiais. Não vou comentar mais uma “louca” convocação do técnico Dunga para o amistoso contra Portugal. Falo do emocionante fim de prova do GP Brasil de Fórmula1. Que prova! Podemos taxar a última volta da corrida como a mais emocionante de todos os tempos? Quero saber sua opinião. Comente aqui e vote na enquete (a direita, lá em cima. Não deixe de votar!!!!!). Ah, como todos sabem, Hamilton ficou com o título e Massa com o vice-campeonato. O campeonato de 2009 promete ser ainda mais emocionante. Veremos...

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Crime de palavra.

Escrevo por cima de palavras que foram apagadas. Elas não serviram para transmitir o que era preciso, foram eliminadas. Seus restos encontram-se enterrados nessas páginas, só vejo sombras e nada mais. Não houve testemunhas desse extermínio feito por mim e minha cúmplice, a borracha. Não há provas, nem documentos; então, não há crime.

Posso ficar tranqüilo, não serei condenado, nem apontado por famílias órfãs de suas palavras queridas. Imaginem como seria minha situação no tribunal: diversas palavras soltas acusando-me de acabar com a coesão e coerência, destruir seus parentes.

- Cadê a palavra “não”? - indagaria uma inconsolável palavra “nunca”.
- Não sei, ela sumiu do nada - eu responderia cinicamente, sendo observado atentamente pela “mentira”.

O juiz “por que” passaria por maus momentos - coitado. Meu advogado, da família dos adjetivos, destilaria argumentos a meu favor, me qualificaria ao extremo. Do outro lado, na acusação, teria que me deparar com o advogado da família dos advérbios, que tentaria modificar a opinião do juiz e dos jurados, verdadeiros verbos. Esses jurados, aliás, tentariam desvendar alguma ação, estado ou qualidade que pudessem me condenar ou livrar-me da pena.

Mas, como comentei, crime sem provas não dá em nada. Ainda mais no “Brasil”. Essa palavra grandiosa (apesar das seis letras), mas tão rica de exemplos de crimes sem punição. Por isso, posso tranqüilizar-me na cama quente. Vivemos num país democraticamente impune, para qualquer tipo de crime.

Só tenho medo, na verdade, da dona gramática, uma senhora cheia de complexidades, que amedontra seus subordinados. No quintal de dona gramática, ninguém se sobressai. Basta um escorregão e pronto, ela esfrega na cara o erro cometido. Em seu terreno nenhum delito - o menor que seja - passa impune, ela castiga mesmo. E não há hierarquia nem privilégios, basta estar vivo e se comunicando para ser surpreendido por leis que ela impõe com autoridade. Não há um que não se assuste com seu poder.

Nosso Brasil poderia aprender um pouco com essa senhora. Quem sabe não respeitaríamos um pouco mais as leis e, até mesmo, temeríamos ser desmascarados da fantasia que usamos para driblar os códigos vigentes?! Seria a linguagem e suas regras ensinando uma imensa nação a crescer.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Peito Aberto.

Escrevo na primeira pessoa mesmo. Aqui escrevo “eu”, “eu acho” e desabafo de diversas formas o que eu percebo (sinto). Mesmo quando crio histórias, bolo idéias, surgem textos em minha mente - mesmo nesses momentos - estou exteriorizando o mundo e o significado desse mundo para mim.

Não me escondo em entrelinhas, não construo caminhos e caminho por outros, opostos. Procuro ser claro, mesmo sabendo que me enrolo em mim mesmo e nas palavras. Sou muitas vezes redundante, dou voltas e voltas na mesma idéia, que não cansa de martelar em minha mente. E disso - da redundância - me orgulho, pois é escrevendo por cima de palavras já escritas que o que eu acredito vai tatuando em minha alma, refletindo em meu texto.

Luto bravamente contra o preconceito, sabendo que esta luta é árdua e ainda tenho muito o que aprender. Bato o pé em tolices minhas - aos poucos tento melhorar.

Minto palavras, minto diálogos. Reconstruo a verdade, aproximo do que eu quero, não do que foi. Não me orgulho desse mentir-cara-lavada. Essa é uma outra luta que travo comigo mesmo: ser mais cristalino e verdadeiro.

Tenho orgulho, sinto ciúme, inveja e sou egoísta. Uns em dose maior, outros, levemente. Sou humanamente defeituoso, assim como você. Defeitos possuo aos montes, cada qual exteriorizado em determinado momento.

De peito aberto recebo as duras pedras que a vida manda em minha direção. De umas eu desvio, mas, da maioria não. Elas machucam e deixam marcas; elas me sangram e me humilham. Quando as pego no chão, já paradas e sem função, tento não as atirar de volta (é difícil, mas eu tento!), mas sim, guardá-las como trunfos. No momento certo irei usá-las.

Vou construir um muro de proteção. Cada pedra atirada em mim formará este muro, que ficará todo marcado, será meu escudo. E, do outro lado, estarei vivendo feliz, fingindo não ouvir os barulhos das pedras se partindo. Forçarei um sorriso socialmente compartilhado. Cada um de nós andará na rua com seu muro a tiracolo, estalando pipocos de pedras que não mudarão nossa atitude. Não nos preocuparemos em saber o que ocorre do outro lado do muro. E dessa construção nos orgulharemos. Cada um nomeará o seu: Uns o chamarão de carro blindado, outros de cerca elétrica, outros de condomínio. O meu muro já tem nome, podem chamá-lo de hipocrisia. E o seu, como se chama?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

As dores do homem ao lado.

Ele não conseguia agradecer mais. Tornara-se um homem amargo, calejado pela força e dureza da vida. Não tinha mais objetivos pessoais, sua família o abandonou, suas filhas não o procuravam, seu amigos (que amigos?) sumiram.

Restava a ele manter aquele pequeno barraco, com um simples cômodo para móveis que não viriam mais. A companheira e paciente ouvinte era a cachorra Leca, uma vira-lata deixada pelas crianças - posta de lado, assim como pai.

Sua rotina era de uma monotonia triste. Saia para trabalhar às sete da manhã e voltava às cinco da tarde. Depois não colocava mais os pés na rua, só aguardava o próximo dia...

Numa noite, antes de dormir, fechou os olhos bem apertados e pediu a Deus para levá-lo. Ele não suportava mais aquela vida, queria fugir de si mesmo. Ficou alguns minutos de olhos fechados, imaginando coisas mil - um devaneio sonhador. Pegou no sono e sonhou com uma vida nova, onde era feliz, tinha uma família, sorrir era o pano-de-fundo.

Acordou assustado, teve raiva por ser só um sonho, tentou dormir novamente, impossível! A realidade o fez levantar e seguir para o trabalho. Era mais um dia como os outros, mais um infeliz dia...

A vida desse homem não chegou ao fim, ele não morreu, não arrumou uma nova família, não ganhou na mega-sena; nada disso, continuou esse repetitivo jogo do cotidiano. Enquanto você lê essas linhas, ele está em algumas dessas rotinas - e está só, vazio...

Mas ele nem imagina que do outro lado da cidade, sua filha de 18 anos reza toda noite para o pai, e pede a Deus que a dê forças para procurá-lo - a saudade é enorme. O encontro está próximo, será o dia mais feliz da vida desse homem, por isso, aquele pedido de morte não pôde ser atendido. O melhor estava por vir...

Essa história continua, mesmo sem sabermos onde irá parar. Esse homem conseguirá se reaproximar de sua família, mas quantos não têm essa oportunidade?

...

Quis fazer uma reflexão sobre as durezas que as pessoas passam na vida. Cada um tem sua cruz, mas há uma saída.

A correria doida que nos metemos no cotidiano nos tira a sanidade. Um reflexo disso pode ser toda essa violência acontecendo pela falta de equilíbrio emocional, pela falta de perspectiva de futuro.

Sei que sou só uma voz no barulho de infinitas vozes. Não alcançarei todas as pessoas - eu sei, mas não posso guardar para mim essa inquietação martirizante. Compartilhá-la já é uma forma de fazer refletir quem habita em meu mundo.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Simetria cotidiana.

Somos simetricamente formados. Não falo do nosso corpo, que sempre tem uma lado diferente do outro, mas sim da construção social que estamos inseridos. Vivemos numa casa simétrica, distribuída de maneira ordenada, com posições para os objetos, com cada canto bem aproveitado.

Freqüentamos a escola, que demarca a posição dos alunos na sala simetricamente, com o professor em destaque (muitas vezes numa posição mais alta). Começamos a escrever, a praticar esportes...esses últimos ajudam a disciplinar a criança, a chegar no horário correto, a agir de acordo com as regras da modalidade.

Da escola para o trabalho: Já adestrados, temos - sem perceber - consolidado em nossa formação uma série de ações condicionadas. Obedecemos os horários, a área que ocupamos, a hierarquia e até o nosso tempo livre, o descanso. Ele tem início e fim. Pode ser aproveitado de diversas formas, mas tem como sombra o retorno a rotina (por isso, é necessário não abusar nessas horas).

Aí chega a hora de dormir. Naquele horário de sempre, ajeita-se todo, troca de roupa, escova os dentes, confere o despertador e dorme. Mas não até a hora que quiser. O relógio que decide o momento exato do despertar.

E as relações sociais? Amizades verdadeiras, amizades de momento, falsas amizades. Depois vem o namoro, com todas as regras, permissões e proibições. Já estão juntos há muito tempo? Então está na hora de casar. Convidam todos, preparam tudo, celebração formal, festa de sempre, vida nova...

Passam os anos, nascem os filhos. Dois está bom? Regras do casal: dois e ponto final! Envelhecem, aposentam-se; tudo em seu tempo, convencionalmente contado. Os filhos crescem e tomam para si o manual do “viver em sociedade” - nesse ciclo sem fim.

Por último (será mesmo?) vem a morte. Essa dona sem graça, que com a única aparição destrói toda simetria (que parecia eterna) construída em uma vida. O jogo acabou e só irá fazer sentido para os que continuarem vivos. Esses irão parar por um momento, perceber a quebra da rotina e concluir: - É, faz parte da vida!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Museu: Arte e Dinheiro.

Num desses momentos que nos pegamos pensando em coisas que simplesmente surgem em nossa mente - sem nenhuma conexão com o que estamos fazendo no momento - tive uma percepção que gostaria de compartilhar com vocês.

Alguém já parou pra pensar em como que a existência dos museus é um fato curioso, que nem percebemos?

Pois vejamos: Junta-se, num ambiente apropriado, peças, fotos, vestimentas e mais inúmeros objetos possuidores de alguma importância histórica. Afinal, é a partir dessa construção que um determinado fato ou objeto passa a ser digno de sair de um fundo de um casebre, para brilhar como estrela num museu.

É uma transformação feita pelo homem. Nós, seres mortais e conscientes (sic!), determinamos que tal material merece uma proteção e um destaque divinal.

Expomos tudo isso num ambiente propício, simetricamente projetado para dar vida àquelas estrelas e ser percorrido por inúmeras pessoas ávidas em conhecer mais do passado.

Além de toda essa montagem humana, a essas peças são atribuídas altas cifras mercadológicas. É nesse momento que, para esse pobre blogueiro, as coisas começam a se confundir.

Quando um objeto (como um quadro, por exemplo) recebe determinado valor, os holofotes históricos passam a escoltá-lo até que seja vendido e outra peça venha tomar o seu lugar - embaixo das luzes do business (evito essas palavras, mas hoje não tive como escapar!) museológico.

Não tenho dúvidas quanto a associar o valor da peça com seu valor histórico. Essa compra mais cara irá ser capa de revista, receberá destaque nos jornais televisivos e povoará as próximas edições dos livros escolares.

E lá está - caro amigo leitor - mais uma vez o dinheiro e o lucro construindo a história. Enquanto isso, um brilhante quadro está sendo terminado no interior de um país qualquer do mundo. Ele pode até ser o mais lindo de todo os tempos, mas, se não entrar na roda viva do sistema financeira, jamais sairá daquele casebre, onde habita um desconhecido gênio da arte.

sábado, 11 de outubro de 2008

Utópico?

Eu poderia passar a noite inteira aqui, escrevendo sem parar, jogando pro lado o sono teimoso que cisma em chegar, mas pouparei vocês e meus doloridos dedos.

Então o recado será curto, direi coisas simples e definitivas, falarei da verdade absoluta!?

Não, não tenho tamanha pretensão. Sei que o absoluto não existe, que tudo é relativo, depende do ponto de vista, depende da interpretação, do olhar, da expressão corporal, enfim, de muitos fatores subjetivos. Por isso, não posso ser tão simples e breve. O que me rodeia, me forma e me faz viver é complexo demais para ser tratado como uma coisa tão simplória, que caiba num (pretensioso) blog.

A imensidão das possibilidades chega a assutar, olhar para o horizonte e ver.... o infinito - que não se enxerga. Dá medo, mostra como somos pequenos, ínfimos pertos da grandeza do universo.

Então, por que tanta soberba entre nós, tanta ganância, tanta busca pelo dinheiro, faz parte do jogo da vida?

Pode ser, só que prefiro acreditar que é possível jogar em outro tabuleiro, onde não seja preciso apelar para tudo, onde a vida, em si, seja sedutora e digna de holofotes. Mas, para fazer parte desse novo jogo, com novas peças e novos trajetos, preciso de novos companheiros, parceiros de batalha (de caminhada).

Aqui, o mundo que se almeja não é sujo nem maquiado por uma esperteza digna de orgulho (besta). O jogo leva um certo espírito de pureza, jogado de peito aberto, olhando no olho de quem está a nossa volta.

Quem se habilita?

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Das páginas dos livros...Realidade e ficção.

Hoje cedo acordei com um temporal batendo na janela. Era quase um chamado para o dia, um despertador natural. Olhei assustado ao meu redor e percebi que eu não estava em casa, aquele não era o meu quarto. Pensei em chamar alguém, mas era nítido que eu estava só.


Caminhei até a janela - buscando na memória um lugar como aquele - e, entre pingos e a cerração, pude avistar um lago meio sombrio logo ali. Era uma paisagem de um filme de suspense. Fiquei ainda mais confuso.


Tentei me recordar da noite anterior. Lembrei-me de ler, antes de dormir, três contos de suspense/mistério. E foi no meu quarto, tenho certeza . Tudo estava muito estranho....


Comecei a lembrar das histórias e, uma delas, tinha, como pano-de-fundo, um lugar muito semelhante ao que eu estava.


Nesse momento, entrei numa louca espiral entre a ficção e o real. Sabia que era a minha mente que aprontara aquilo tudo, mas, como sair desse lugar?


Não me lembrava do nome nem do autor do conto, e isso era o que menos importava. Afinal, eu estava ali e precisava acha um caminho. Ensaiei um beliscão, na ânsia de descobrir se tudo não era um sonho. Mas parei, aquilo era real! E agora?


Puxei uma cadeira e sentei de frente para a janela - a chuva continuava forte. Aos poucos o desenrolar da história do conto foi surgindo na minha mente. Só que, de maneira fabulosa, os personagens e o enredo foram se apresentando lá fora, na chuva, nítidos, verdadeiros.


Tornei-me um espectador do que lera à noite. Estava na platéia assistindo uma real dramatização, a poucos metros de mim.


Olhei mais de uma vez para trás, na tentativa de encontrar alguma resposta, mas nada havia modificado. Concentrei-me na apresentação, não podia perder esse momento: a ficção se concretizando no real.


Foi fantástico acompanhar cada detalhe, as horas se passaram e eu nem me mexi mais, vidrado com o que acontecia.


Com o fim do conto, os personagens me olharam com um ar de agradecimento - pareciam ter se libertado do limite das páginas do livro. Levantei-me e, enquanto aplaudia entusiasmado, eles sumiram por entre as árvores encharcadas.


Antes de me preocupar com o futuro (minha volta ao mundo real), imaginei como seria maravilhoso assistir a um outro espetáculo assim, saído de um livro para alguns metros de mim.


Fechei os olhos e iniciei uma busca da biografia do Nelson Rodrigues, "O Anjo Pornográfico", (já tina uma fila de livros para serem dramatizados na minha frente), com ótimas passagens e excelente contextualização histórica feita por Ruy Castro.


Enquanto a chuva apertava lá fora e as personagens pareciam se aproximar do lago, acordei assustado...


Estava no meu quarto, já eram nove horas e o Sol brilhava intensamente.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Quem será o campeão brasileiro? Enquanto isso, nos EUA...

No meio do vendaval com a crise econômica norte-americana, que respinga em vários países do mundo - inclusive em nossa "pátria amada" - temos a fase final do campeonato brasileiro de futebol. O que te preocupa mais, amigo leitor, a crise econômica ou a colocação do seu time na fase final do campeonato?

Perguntinha sacana, não? Afinal, não existe relação entre fatos tão diferentes, com pesos de importância tão distintos. Então, cada um aperta seu cinto financeiro, segura dalí, economiza daqui e vai levando a vida, sem deixar de ouvir nos jornais noturnos as quedas das bolsas em todo o mundo.

Sem querer me aprofundar muito na questão econômica, até pela falta de domínio completo do tema, viro o jogo completamente para outro assunto que não sai da boca do povo. A fase aguda do Brasileirão. Se fosse pela pesquisa do instituto "ESCONDERIJO POPULI", dois times polarizariam a briga pelo título. Flamengo, com 50% dos votos e Cruzeiro, com 40%. Isso no universo dos 10 (isso mesmo) votantes da pesquisa.

As informações do instituto - com mais credibilidade que outros do ramo, o que não é difícil - mostram que o povo que se esconde nesse blog não está levando fé no Grêmio de Celso Roth; no sempre competitivo São Paulo e no Palmeiras, do Luxemburgo (que ganhou um votona pesquisa, totalizando 10% do montante).

Será que as previsões se confirmarão?

Resta esperar o dia sete de dezembro.

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Então, caros amigos, vamos abrir mais uma pesquisa. Mudamos o foco lá pra baixo da tabela. Quem vai cair para a série "B"? Agora a tensão é ainda maior, os nervos ficam a flor da pele. Vocês que escolhem! Votem em quatro candidatos, ok?

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Eleições.

É pessoal, as eleições estão chegando e pelas parciais da enquete (com todos os meus 9 leitores em ação...rs!) percebo que estão - quase - todos sem inspiração.

Mas a hora de apertar os números na urna eletrônica não pode ser adiada. Seja o que Deus quiser.

Alguém quer dica de votos? Vich! Nem me arrisco.

Boa sorte!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

...

Há aproximadamente seis anos eu começava a faculdade de jornalismo. Era um momento mágico, pois iniciava o que - pelo menos na minha cabeça - imaginava ser meu destino profissional.
Os anos foram passando, as experiências foram se sucedendo e o sonho de uma profissão "perfeita" foi se desfazendo. Passei por algumas vivências profissionais interessantes, mas nenhuma (até o momento) me empolgou, me fez sentir realizado - como eu pensara no começo de tudo.

Ainda hoje, jovem e com um ano de formado, percebo como minha visão de carreira se transformou. Neste instante, estou atrás de estabilidade profissional e financeira, por isso, assim como muitos outros jovens, resolvi apostar em ingressar num concurso público.

A dedicação e a cobrança pessoal são maiores que nos tempos da graduação. Hoje, sou, ao mesmo tempo, um gerente e um funcionário encarnados num só corpo (sem remuneração, é claro!), brigando para manter a rotina dos estudos, não perder o foco.

É inegável que meu caminho está mais espinhoso, porém, sou mais maduro e, ao mesmo tempo, mais preocupado com o tempo que urge.

Vejo lá no fim do túnel uma luz brilhando para mim. Muitas vezes parece próxima, outras, inalcançável.

Neste momento, sinto uma insegurança bem grande, só que tento não me prender a estes percausos, mas sim, estudar e me preparar para as batalhas.

Por fim, caro amigo, procuro aprender a lidar com fracassos em algumas situações e nunca baixar a cabeça. Afinal, é preciso remar e se preparar, sem colocar a culpa no destino, nos outros, no passado ou no futuro.

Ficou parecendo um cenário de um livro de auto-ajuda? Então não perca seu tempo, foi só um desabafo desse blogueiro que, como muitos, continua na luta.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Livro: Os Botões de Napoleão.

Curiosamente comecei a ler um livro que, a princípio, não tem nada a ver com o que eu gosto. Trata-se de uma obra sobre a influência de compostos químicos no decorrer da história da humanidade. São aspectos muito curiosos, que tentam relacionar essas moléculas a fatos decisivos na construção do mundo.


"Os Botões de Napoleão - As 17 moléculas que mudaram a história", esse é o nome do livro, escrito pelos químicos Penny Le Couter e Jay Burreson. (vai uma dica de um site que vende essa obra: http://www.americanas.com.br/prod/366649/BookStore?i=1#features)


Separei um trecho que achei muito interessante, que serve como ilustração para vocês conhecerem um pouco. Lá vai: (os parêntesis são intervenções minhas, ok?)
"No século XVII, os holandeses tinham muitos navios, melhores armas, muitos homens e uma política de colonização dura. Com isso, tornaram-se os senhores do comércio de especiarias. Para se consolidarem ainda mais, os (bravos) holandeses desejavam dominar o importante comércio nas ilhas Banda, atualmente parte da Indonésia (...) Usaram de toda violência possível contra a população da ilha - inclusive escravizando alguns sobreviventes para trabalharem na produção de noz-moscada (muito apreciada na época, pois servia para espantar a peste negra) (...) (Depois disso, a única ameaça que ainda existia era a dos ingleses, que haviam assinado um tratado comercial com os chefes locais).


Em 1667, após um cerco brutal, uma invasão holandesa e mais destruição de arvoredos de noz-moscada, os ingleses assinaram o Tratado de Breda, pelo o qual abriram mão de todas as suas reivindicações sobre a ilha de Run em troca de uma declaração formal dos holandeses abdicando de seus direitos à ilha de Manhattan. Nova Amsterdã converteu-se em Nova York, e os holandeses ficaram com a noz-moscada".


Esse foi o caso que mais me chamou a atenção. Fiquei imaginando como seria hoje em dia se a ilha de Manhattan ainda fosse holandesa? Como o mundo seria constituído?
Muito interessante, não?


Recomendo a vocês esse livro. Mesmo os que não gostam de química (como eu), mas que se interessam por fatos e curiosidades que determinaram o mundo como conhecemos hoje.


Boa leitura!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Origami de palavras.

A folha dobrou aqui em cima. Tudo bem que agora você lê no computador. Mas tudo começa com um papel e uma caneta. Nesse encontro, temperado com outros ingredientes importantes, o texto vai nascendo. E a folha dobrou...

Digo isso porque não consigo continuar a escrever com o papel assim, como uma minúscula dobradura infantil. Como terminarei o texto?

Vou desfazendo esse origami e invadindo sua superfície com palavras. Agora que conquisto espaço e inspiração, não há mais por que parar. Vou até o último pedaço, escrevo até na vertical.

Olhando de longe, parece uma loucura. Vendo de perto, também. Uma loucura ponderada, expressão de minha mente - meu treino diário.

Se reconstruisse o origami agora, formaria uma mistura descontrolada de palavras. O início do texto estaria na asa, o desenvolvimento pararia no bico e a conclusão se espalharia pelo corpo.

Seria uma incoerência atraente, provocadora de riso, mas sem produzir sentido. Faria isso várias vezes, deixando minhas idéias fora de uma ordem cronológica, caos total.

Chamaria essa criatura nova de "o anarquismo das palavras". Tudo sem ordem, sem regras, sem normas. Um desabafo, na verdade! Seria o pássaro (feito de papel) mais louco já produzido. Ele engoliria parágrafos, vírgulas e acentos. Devoraria tudo, até o sentido (tão pensado) do texto.

Depois desse vendaval revoltoso, agarraria esse pequeno ser - todo borrocado de palavras - e o atiraria no lixo. Lá ele é indefeso, não serve de inspiração para nenhuma idéia revolucionária.

A brisa volta a soprar...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Promessa de candidato: trágico e cômico!

Como faço em quase todas as manhãs, ouvia a programação da rádio CBN quando o horário político começou. Só que dessa vez não desliguei o aparelho, pelo contrário, me prendi às promessas dos inúmeros candidatos a vereadores da cidade do Rio de Janeiro - aliás, voto aqui em Teresópolis e já tenho prefeito e vereador definidos (eu acho!).
As sucessivas promessas, que eram ditas numa velocidade impressionante, me assustaram pela falta de conteúdo, de comprometimento com algum problema da cidade (olha que estamos falando do Rio, que possui inúmeros problemas...).

A tentativa de se eleger a qualquer custo, leva os bravos postulantes a compromissos bizarros com os eleitores. Num certo momento, um bradou: - Sou o candidato tal, seu representante na Câmara, torcedor rubro-negro!
Imaginem o desespero desse homem, o tanto que precisa desse cobiçado salário. Em vez de falar de alguns problemas cariocas, resolveu apelar para a torcida do Flamengo. Pior que isso, por qual motivo um flamenguista (como eu!) votaria num vereador que será "seu representante" na Câmara? Acho que seria melhor um bom representante em campo, com a bola nos pés.

Mas esse exemplo não é solitário. Outro candidato aproveitou: - Torcedor do Botafogo, o Engenhão é do Fogão!
Ainda bem que ele sabe disso, não é verdade? Mas olha que loucura, o sujeito menciona o nome do time para tentar pescar aquele eleitor mais desatento (ou seria mais despreparado?).

Há outros casos. Uns citam uns bairros da cidade como referência, outros falam de seus feitos como ex-vereadores; mas todos prometem. E como! Passam até uma sensação de falsa segurança para o povo.
Mas sabemos que não é por aí. Na verdade, essa escolha é das mais difíceis, pois, entre as promessas e a concretização do trabalho, vai uma distância quilométrica. Como escolher o melhor candidato então?

Essa é a questão! Se alguém tiver uma resposta certeira, mande para este blogueiro, que, mesmo com o voto definido, está com um medo danado de ter sido fisgado por promessas e planos que nunca sairão do papel.

Alguém também se sente assim?

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Divagando...

Entre frases desérticas, solitárias e áridas de emoção, enxerto palavras calorosas, que pingam o néctar no que estava sem vida. Dessa mistura sai um texto doce, um pouco confuso no sabor, mas, definitivamente, carregado de sentimento.

O que se forma nesse cenário é a verdade mais atual, o suor mais recente de minha representação num texto. A quantidade de possibilidades, de infinitas palavras, torna-o um louco jogo de encontros e desencontros.

A palavra que não trouxer sentido ao que pretendo dizer, será descartada - só terá outra chance num futuro incerto. Entretanto, a que se encaixar perfeitamente no quebra-cabeça que monto, será elevada à protagonista.

E nesse jogo de empurra, escolhe, descarta; meus textos vão ganhando forma, identidade e me trazendo para dentro deles ainda mais. Quando percebo, já estou dominado, hipnotizado à procura de um fim, um alívio!

Relê-lo, muitas vezes, não faz sentido. O que foi escrito é uma pegada que vai sendo apagada pela onda. E essa água que não me deixa olhar para trás e entender o que foi feito, é a mesma que me serve de inspiração para novos caminhos.

Com isso, muitas vezes vou (meu texto que vai, na verdade!) abrindo caminhos aleatórios, construindo pegadas finitas, mas intensas. Me resta, por fim, anotar isso tudo num papel, colocar numa garrafa e atirar no mar. Seu destino é incerto e, assim como eu, será levada e definida pela direção e força das ondas.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

O que será do amanhã?

A infância parece perdida quando não há perspectiva de futuro, quando o menino de hoje não tem em mente "o que vai ser quando crescer?". E isso, de uma maneira geral, é culpa nossa.

Isso mesmo, nós de classe média, que reclamamos - de barriga cheia - da dureza da vida. Apontamos o dedo em direção a feridas expostas dos outros, como se fossemos puros e desprovidos de doenças.

Nós, que tantas vezes criticamos os corruptos políticos brasileiros, esbravejamos contra os descontrolados atos de nossos representantes, mas continuamos financiando gatos em nossa casa - seja na água, na luz, na internet, na TV a cabo, subornando policiais, entre outras irregularidades.

Com toda cara lavada, aumentamos o tom de voz para criticar a saúde brasileira, enquanto saltamos (pulos cegos!) entre mendigos jogados nas ruas de nossas cidades, enquanto sonegamos o imposto que, quem sabe, poderia financiar novos hospitais e profissionais da área.

Desligamos a TV na hora do horário político, mas não nos desligamos do horário que a programação voltará e, com ela, mais um capítulo da imperdível novela, que nos mostra - e por que não, nos promete - carrões, mansões, corpões; vazios e mais vazios de alma e conhecimento.

E, depois desse ritual, desligamos o aparelho e vamos sonhar com este glamour tão desejado, até a hora de acordar e voltar a dura e tão reclamada rotina. Neste momento, voltamos a robotizar nossos atos, a só enxergar a nós mesmos no meio da multidão, a não nos preocupar (perder nosso tempo) com os que sofrem de verdade.

Num raro momento de descanso, nos resta sonhar mais um pouco, pesquisar as prestações de bens materiais tidos como fundamentais; uma passagem na casa lotérica na tentativa de acertar os números e ganhar uns milhões; uma olhada no trânsito e uma admiração nos belos carrões - que inveja!

Assim vamos levando nossos dias e, se por acaso, a sorte sorrir e o sonho milionário se tornar realidade? Será o momento mais feliz de nossas vidas, certo? Dinheiro, bens, viagens, sorrisos, novos amigos...solidão, angústia, depressão, bebida, decepção, amargura, fundo do poço...

Parece muito pessimismo (talvez seja mesmo) de minha parte. Mas escrevo isso porque imagino que, para se construir de uma simples casa a um imenso castelo, é preciso ter uma base sólida, que aguente firme o peso da construção - além da ação do vento e de outros fenômenos. Por isso, acredito que toda essa formação de idéias consumistas atuais (trazidas, principalmente, pelos meios de comunicação de massa) atingindo mentes vazias e desprovidas de visão crítica, formarão uma mistura bombástica. E, talvez um dia, o caos será instaurado: as pessoas, na ânsia de ter sempre o novo, não irão se satisfazer, pois, o novo de hoje será ultrapassado amanhã, causando uma imensa frustração - acompanhada de inúmeras enfermidades.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Passagem da seleção por Teresópolis - e as pérolas do anão.

O professor Dunga - nosso comandante simpático, com currículo pronto para estar a frente da seleção brasileira - demonstra desespero e nervosismo na preparação da equipe, que estava concentrada aqui em Teresópolis.

Depois dos fracassos recentes - como as últimas partidas das eliminatórias e o discreto desempenho nas Olimpíadas - ele parece ousar na escalação da equipe que vai enfrentar o Chile, no próximo dia 7, em Santiago.

Toda essa ousadia inesperada, me parece um desespero de quem percebeu que pode ser demitido a qualquer momento. Digo isso por que, nos treinos realizados na Granja Comary, ele apresentou um time "super ofensivo" (para o padrão Dunga) em relação ao que vinha sendo utilizado.

Por incrível que pareça, o zangado técnico da seleção ameaça escalar o meio-campo com somente dois volantes. A ameaça (utilizo esse termo porque ainda não acredito completamente) passaria pelos seguintes jogadores: os contestados Josué e Gilberto Silva, que seriam os "pegadores" do setor; Diego; Robinho; Ronaldinho Gaúcho e Luis Fabiano no ataque.

Dito assim, o time parece assumir uma postura ofensiva, mas se tratando de Dunga...


Falta de Conhecimento

Ao ser questionado pelos repórteres na entrevista coletiva sobre qual esquema tático utilizaria no jogo de domingo, Dunga respondeu de primeira: - Que esquema tático?

Ora bolas, amigo leitor, que "esquema tático" pergunto eu?! Então deixo para vocês uma dúvida: Ele não respondeu a pergunta por que não sabe o que é esquema tático? Ou seria por que tem vergonha de admitir que esqueceu de preparar um esquema tático? Ou ainda, por que ficou nervoso com a pergunta, pois teria que revelar seu mirabolante plano para dar um nó tático nos chilenos?

Vai saber, né?


"Falta de incentivo do Governo Federal!" (coitadinho...)

Mas a pérola da semana, na minha visão, foi o desabafo de nosso simpático técnico sobre a medalha de bronze do futebol, em Pequim. Ele disse - orgulhoso de si mesmo - que o resultado nas Olimpíadas pode ser considerado bom, visto que, se comparado aos outros esportes, o futebol foi o único que não recebeu incentivo (financeiro) do governo.

Para mim, isso foi o ápice (acaba com o humor de qualquer um), o "gran final" da passagem da seleção por Teresópolis. Beira a falta de conhecimento (ou seria inteligência?) do Dunga - um esportista símbolo de uma geração campeã do Mundo.

O pobre futebol da CBF sem incentivo? O que diria então o treinador da Maurren Maggi? Ou da Natalia Falavinha? Ou os atletas do handball? Ou do tênis de mesa? É um absurdo o treinador da seleção brasileira de futebol falar isso e passar batido pelos meios de comunicação. Ninguém contesta nada, infelizmente.

Esse tipo de declaração só reforça o que já estava amadurecendo: Domingo, torcerei para o Chile, por Valdívia, Fierro e companhia. E vocês?

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

...

Depois de ler o comentário do último texto, postado pelo meu tio Assis, resolvi voltar aqui.
Reli o texto “Jogo de palavras” e percebi que, de fato, estava faltando alguma coisa. Havia um vazio, como em toda pessoa sem amor. O “amor” não estava presente e sua falta foi sentida, não só pelo meu tio, mas por mim também, afinal de contas, num universo de palavras utilizadas para um jogo, como deixar de fora o “amor”?

Mas mantendo a mesma fórmula da brincadeira, tio e amigos leitores (se é que tem mais alguém lendo este blog?!), não posso colocar a palavra “amor” no centro do jogo. Não tem jeito! Não que eu seja um cara frio, desprovido de sentimentos, que não se apegue por nada, nem ninguém. Muito pelo contrário, a questão é que, com “amor” monopolizando todas as atenções, eu não teria coragem de tirá-lo dali. Ele ficaria eternamente no centro do tabuleiro, com cadeira cativa, dono do pedaço, recebendo todos os adjetivos possíveis que, mesmo assim, não seriam o suficiente para caracterizá-lo.

Mas, imaginando que eu tivesse a coragem de colocá-lo no centro de tudo, quem se habilitaria a utilizar seus próprios adjetivos? Para mim seria até fácil, percorreira família/pai/mãe/bi e parentes, passaria por amigos, pelo meu amor/amada/amanda/natália. Cada um com seu devido espaço, com seu momento e jeito de se demonstrar. Cada um completando minha forma de ver e de estar no mundo. Cada um tão importante para mim – apesar de muitos nem perceberem. Cada um, único (desculpe a redundância) e ao mesmo tempo todos me formando e sendo formados por mim; uma brincadeira (já está o “amor’ no centro do tabuleiro, alguém se arrisca a tirá-lo de lá?) na verdade, pois nessa construção de “amor”, se brinca de viver e se ensina a sonhar.

Jogo de palavras.

Resolvi brincar com as palavras, saquei uma arma com opções diversas. Começaria com a letra "a" e seguiria o alfabeto até o fim. Mas aí não seria diversão, mas sim obrigação.

Então parti para o aleatório. Conduzi a palavra "paz" para o centro do jogo. Percebi como é utilizada de forma banal. Deixei-a de lado, substituí por "educação", mas aí me lembrei das propostas (vazias propostas, na verdade) dos políticos em campanha e deixei a "educação" de lado - eles são PHD em fazer isso.

Lembrei então da palavra "saudade", ia colocá-la no centro, mas ela é muito pesada - saudade não se explica, se sente. Passei, então, para "riso", isso mesmo. Inevitável segurá-lo, é alegre, feliz, contagiante. Ah, contagiante? Então agora é a palavra "dengue". Peguei pesado. De um extremo a outro, nada mais brasileiro.

São infinitas (sã mesmo?) as possibilidades, então, fui para o verbo "sonhar". Sonhar está no centro, e agora? Tenho certeza que cada um já está sonhando com alguma coisa... Lembrei, falei em sonho? Lá vem a palavra "dinheiro": Mesquinho, materialista, desumano...essencial!

Estou pensando em alguma palavra que termine a brincadeira de maneira sensacional. Mas não encontro... Ah, palavras no plural: quem sabe "saudades", "risos", "sonhos" "dinheiros", tudo multiplicado?! Mas aí teríamos também, "dengues", "doenças", "promessas", "eleições".... "Eleições"? Já chega, "Parei"!

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Muito e muito pouco.

Era para atender aquele pedido, um suplício, uma incontrolável tentativa de sobrevivência. Vinha lá de dentro, do inconsciente, onde minha mente se encontra com o concreto - o retrato da vida.

O pedido de ajuda foi feito por mim mesmo; uma parte de mim já não aguentava tanta injustiça, tanta desigualdade. Não conseguia mais conviver com aquilo. Os olhos que observavam o mundo já não estavam só. Na verdade, a mente enxergava mais que os próprios olhos. E incomodava... Era preciso fazer algo, deixar a inércia para os outros; eu precisava agir de alguma maneira.

Comecei com a senhora que fica pedindo esmolas na avenida principal, faça sol ou chuva. Resolvi conversar, saber o que havia acontecido e o que ela precisava para mudar. A vida daquela mulher era uma grande catástrofe, perdeu tudo e todos; ficando na miséria.

- Do que a senhora precisa para recomeçar? - tive a ousadia (será esse o termo?!) de perguntar.
- Simplesmente...TUDO. - ela disse.

Parei. O que fazer com essa resposta? Passou pela minha cabeça a idéia de fugir, sair em disparada sem uma palavra. Mas não tive coragem, minha mente não me perdoaria... Lembrei que na carteira tinha uns trocados.

Enquanto abria a carteira, aquela senhora ficou me observando, com uma esperança tremenda, que quase me fez desistir novamente. Analisei o que tinha: Uma nota de dez reais, duas notas de dois reais, uma moeda de um real e o papel do extrato do banco - estava devendo 20 reais aos pobres banqueiros.

Olhei para aquela senhora - que me devolvia um olhar carregado de expectativas - e puxei tudo o que eu tinha, só deixando uma nota de dois, o suficiente para voltar pra casa.

Como que pagando uma dívida comigo mesmo, entreguei aqueles treze reais e falei para ela aproveitar aquele dinheiro e fazer, pelo menos, uma boa refeição. Ela respondeu que há dias não almoçava e me agradeceu com uma bênção de uma avó órfã de netos e de carinho.

Saí dali contente e angustiado. Sabia que aquele dinheiro não resolveria o "simplesmente....tudo" daquela senhora. De qualquer maneira, pelo menos por enquanto, me orgulhei daquele extrato negativo do banco. O dinheiro que seria mais um nos enormes cofres bancários, foi mais um também; só que num bolso vazio de quem - com sua miséria - sustenta a riqueza de poucos e se torna invisível pra muitos.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Ficha Olímpica!

Dia 6 de junho eu escrevi nesse blog sobre a expressão tão usada hoje em dia: "Minha ficha ainda não caiu", depois que alguém é surpreendido por algum resultado inesperado. Com o fim das Olimpíadas o que não faltou foi essa frase batida. Veio de tudo quanto é lado, principalmente das mulheres brasileiras que brilharam (se é que podemos dizer que o desempenho do Brasil foi bom) em Pequim. No atletismo, no vôlei, no judô...
Devo ser chato mesmo, mas como é enjoada esta ficha que não cai nunca.
Se sou o repórter, quando recebesse essa resposta, devolveria da seguinte maneira: - Ah, sua ficha ainda não caiu? Então depois que cair, você me avisa que a gente faz a entrevista, ok? - desligaria o microfone e daria as costas para o ficheiro brasileiro. (Não faria nada disso, é claro, mas - ahhhhh - que expressão cansativa!!!!!!!)

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Costurado.

Por um dia gostaria de ter este poder: costurar as pessoas às suas qualidades, a todos os seus atos de bem. Pegaria cada indivíduo, analisaria sua vida por um instante e separaria tudo o que fez de bom - os defeitos estão fora de cogitação. Para não cometer equívocos e injustiças, começaria esta experiência comigo mesmo.


No entanto, olhando para mim, fica claro como é difícil fazermos avaliações de nós mesmos, separando o bom do ruim. É complicado termos posições críticas em relação as nossas atitudes, sermos juízes isentos de atos (e porque não idéias) praticados por nós mesmos. Afinal de contas, pelo menos teoricamente, sempre fazemos o melhor, o que julgamos mais correto, a perfeição mesmo (sem rodeio, pois nunca achamos que estamos errados).


Então - com agulha e quilômetros de linha na mão - comecei a separar meus atos "de bem", de homem direito, perfeitamente adaptado a rotina do ser consciente, humano, preocupado com o meio ambiente e eticetaras da boa conduta da vida em sociedade.


Quando olhei para o lado, a pilha de qualidades (vamos chamar assim, ok?) já atingia umas três vezes a minha altura. Resolvi parar e tentar entender o que eu estava fazendo.


Parei... Comecei então a analisar cada pedaço que formava aquela pilha. Será mesmo que eu era dono daquilo tudo?


Percebi que as coisas não são bem assim, que não é possível pegar um ser humano e tentar extrair dele - puro e simplesmente - atos ou sentimentos que são constituídos de forma muito complexa. Não se pode, na verdade, utilizar uma estatística exata para avaliar e classificar as atitudes de uma pessoa, pois muita coisa está envolvida neste jogo.


Para cada atitude que julgo correta, que tenho certeza de ter feito da melhor maneira, posso ter atingido alguém, ter passado por cima de alguma regra para me sentir bem; consciência mais que limpa.


Comecei, então, a desfazer aquela pilha, a descosturar o que já havia começado e a entender que cada parte daquilo pertencia a um mundo complexo, ligado a outros fatos, a outros indivíduos.
Não foi difícil, mesmo depois desse trabalho, observar os defeitos que eu não percebia antes. Eles borbulhavam aos montes, como que querendo me dizer que estão comigo a todo momento. Entendi o recado; percebi a necessidade de possuí-los também, na mesma proporção que minhas virtudes. Só não ousarei - mais uma vez - em separar esses dois irmãos tão diferentes. Não tenho esse direito. Por isso, posso dizer que hoje, me orgulho das minha qualidades, mas não abro mão dos meus defeitos.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Castelo.

Na nossa vida temos várias formas de expressar o que pensamos. Alguns, cheios de talentos, desenham um mundo repleto de sonhos ou uma vida cheia de dificuldades. De qualquer maneira, através dos traços, eles falam o que pretendem dizer do mundo.
Eu, por outro lado, só sei me expressar através de palavras. Essas que vão saindo de forma voluntária e, muitas vezes, involuntariamente. Mas elas são minha arte, meu modo de ver, fotografar e reorganizar o mundo e meu interior. Ocorre que por algumas circunstâncias, as palavras se embaralham na minha cabeça, formam um caleidoscópio e parecem não dizer nada.
No entanto, por mais que me esforce em não concordar com o que vai sendo escrito, essas linhas me formam, vão me consumindo sem um final pré-definido.
Gostaria de ter o poder de desenhar as outras pessoas através de minhas palavras. Mas aí eu formaria diversas pessoas com um mesmo estilo. Cada um seria um retrato dos meus vícios e, por sua vez, cada um seria um retrato de mim mesmo. Isso não estaria correto. Seria um grande exercício de vaidade...

É, eu não seria capaz de fazer isso. Então, me imagino como um desenhista do mundo. Mesmo sem aptidão para desenhar, eu faria um castelo, daqueles medievais! A diferença é que construiria de areia, pois assim, poderia destruir e reconstruir quando não retratasse o verdadeiro mundo!

Sorte!

Não falo de nenhuma sorte especifica. Não tive nenhuma sorte para falar para vocês. Agora... tampouco sou um cara sem sorte.
A verdade é que a sorte (ou a falta dela) muitas vezes é uma defesa para ocultarmos nossos defeitos. Nos apoiamos nos "se" da vida, tentando entender aonde poderia ser diferente, aonde a sorte não apareceu.
Pode-se chamar também de destino. Isso mesmo, chegar a algum lugar - mesmo sem intenção - pode ser obra do destino. Estamos vivendo, fazendo escolhas e indo para lugares pré-determinados para cada um de nós. Mas não sei se acredito nisso, sinceramente, não sei!
Acredito em luta, suor e ação.
Quem lê assim imagina um enredo perfeito, de uma pessoa completa, cheia de metas e definições; quase impecável! Mas não é nada disso. Estou longe de atingir o objetivo que pretendo, de sorrir por ter chegado ao ápice (não estou falando de dinheiro, ok?, porque dinheiro não é objetivo, dinheiro é conseqüência), mas estou tentando construir esse caminho.
Sei que as vezes é preciso ser meio invisível de si mesmo. Procurar, de verdade, um lugar que me caiba junto com meus sonhos e anseios. Sei que este lugar existe. Estou a procura...
O que não posso é parar no tempo. Olhar para o amanhã como uma repetição cansativa e tediosa. É preciso movimentar - principalmente a mente.
Daqui a pouco começo minha caminhada, entro no trilho mais seguro, paro de patinar em idéias e ações que não me deixam caminhar para frente. Mas esse momento é inevitável. É preciso aprender, aprender e aprender.
Este é um desabafo, de mim para mim. Do meu pensamento com minha atitude. Continuo na luta, que nunca para. Daqui a pouco vou rir desse momento de devaneio e introspecção - mas ele é inevitável.
A caminhada continua...

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