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segunda-feira, 30 de março de 2009

Rapidinha dos leitores que se escondem por aqui.

Como prometido no post anterior, segue o mosaico de rapidinhas produzidas pelos leitores do blog (os comentários do ESCONDERIJO sobre as rapidinhas estão em VERMELHO):

PREOCUPADA

"Floradas de Amor" escreve que fica "preocupada com as novas gerações que crescem vendo e se inspirando em 'personagens' Big Brother". [É de se preocupar mesmo, falta cultura - de fato.]

BBB NÃO

Fabrício Bezerra da Guia opina sobre os temas: "eu odeio BBB(tá eu só não gosto),eu acho que o Rubinho deveria ganhar uma vez, mas não sou eu quem escolhe, e a seleção brasileira não tem graça". [A seleção brasileira não tem graça? Nenhuma, é de péssimo gosto, por sinal!]

BARRA NÃO

Maíra Charken é categórica: "Tenho a impressão que a maior comédia chama-se Barra da Tijuca, onde há uma estátua da Liberdade, uma avenida chamada 'Das Américas', a hilária Cidade da Música (elefante branco) e os condomínios de areia. Basta!" [Basta, basta, basta...diz tudo!]

RUBINHO CAMPEÃO DO MUNDO

Toddy afirma sobre o brasileiro da Fórmula 1: "Ja pensou se o Rubinho fosse campeão mundial?
Ia queimar a lingua de muita gente, né?" [Aí minha língua ia ficar torrada!]

MÉRIDAS NA TV

Rubem também opina sobre o BBB: "BBB é, provavelmente, a maior merda já produzida pela televisão. E olha que a tv já produziu merdas enormes." [Concordo, Rubem. Merda das grandes.]

BARRA, CIDADE DA MÚSICA 2 E DEM

"Avassaladoras Rio" viram o alvo para a Barra e suas obras-primas: "Aproveito o veneno e digo que a maior aberração que existe no Rio de Janeiro é aquela estátua ridícula na frente do shopping New York! Brega e de péssimo gosto... Pior só mesmo a tal cidade da música que virará em breve o maior escandalo do DEM. Espere, e depois me diga se não é fato!" [Aquela estátua, o DEM... essa mistura me lembra o que o Rubem escreveu logo aí em cima. "Das grandes 2"!]

DE TUDO UM POUCO

Assis também pitaca sobre os temas em destaque: 1) "hoje tentei ver a corrida, quando o Felipe Massa saiu, fui dormir"; 2) "tive a alegria de ver Rubinho no Podium, vai calar muita gente..."; 3) "vi a vergonha da seleção internacional do Mr. Dunga, será que o Brasil merece tanta desgraça, futebol já foi a alegria do povo, ou melhor, o circo '...quem não pode dar o pão dá o circo...' diz o velhodeitado"; 4) Os campeonatos regionais tiveram de parar neste domingo para ver "aquilo", ex-jogadores em atuação e dando vergonha para todo brasileiro. [Também dormi durante a corrida. Quanto ao Rubinho, ai minha língua ia ficar torrada 2. A seleção do Dunga também merece o comentário do Rubem, e "das grandes 3".]

JULIOS QUE REINAM

Deni cria a teoria dos Julios quando o assunto é o jogo do Brasil: "Foi o jogo dos Julios:
Júlio Cesar...Júlio Baptista e 'julio' q nunca mais vou ver jogo do Brasil. kkkk
Prefiro Fórmula 1, que ficou razoavelmente empolgante. Prefiro esse horário de madrugada, tenho dificuldades de acordar cedo. Sem contar que a próxima corrida será as 06hs." [Não consigo "jular" que não verei o jogo do Brasil, mas a vontade é essa. Fórmula 1 na madrugada NÃOO!]


Bela experiência, pessoal.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Rapidinha 2.

NA MADRUGA NÃO DÁ.

Sou um admirador do campeonato mundial de Fórmula 1, mas assistir as corridas às três da manhã é brincadeira. Realmente perderei uma possível vitória do Rubinho. Será?

AQUI DO LADO.

A seleção brasileira, do técnico (anão) Dunga, esteve aqui em Teresópolis. Pergunta se fui prestigiar o escrete canarinho? Claro... que não! Perder tempo com essas estrelas internacionais que de nada tem de representatividade do povo brasileiro?! Sem chance.

BBB.

Essa é para quem acompanha o BBB. Procure outro blog, porque aqui não se fala nesse assunto. Cada um na sua, mas tenho alergia ao programa. Paredões, eliminações, anjos da vida... Aqui não, violão!

OSCAR NIEMEYER.

Assistinho o filme sobre a vida do mestre da arquitetura brasileira, "A Vida é Um Sopro", pude conhecer um pouco mais do que pensa essa figura histórica. Lá pelas tantas, e depois de uma hora de filme e de uma chuva de obras de Niemeyer, ele brada sobre o ex-presidente americano, que ainda comandava os EUA: "Esse Bush é um bom filho da p#$%¨&uta. E disse que podia trocar metade da dívida brasileira pela Amazônia. E a gente escuta isso e ninguém protesta..."

E TEM MAIS...

O mestre não poupou nem o bairro de clásse média alta do Rio, a Barra da Tijuca: "Eu tenho vergonha de ir na Barra. O poder imobiliário influenciou...então os prédios, cheios de varanda, são horríveis, uns quadradões enormes... É o subúrbio de Miami" - finalizou com chave de ouro. Eita lingua afiada.

PARA ACABAR.

Querendo interagir mais com vocês, amigos do ESCONDERIJO, abro esse espaço para que todos possam escrever sua rapidinha, que será publicada aqui mesmo. Vamos lá, deixem seus pensamentos fluirem e façam o próximo post do blog. Pretendo reunir as rapidinhas deixadas por vocês e formar um mosaico com suas idéias.

Até mais.

domingo, 22 de março de 2009

Jogo em tempo real.

Eu me vendo num clássico entre FLA X VASCO. Primeiramente, como vocês podem perceber na ordem dos times, sou flamenguista (graças a Deus, apesar dos pesares). Outra coisa, caros amigos, estou acompanhando o jogo pela transmissão lance-a-lance do portal GLOBO.com (sem jabá, claro!). Meus dedos estão suando e muito.

Vamos lá, o jogo está 0x0, são 26 do primeiro tempo e o Flamengo já está com um jogador expulso: Wilians. Eita meu Deus, mal sinal.

O ruim de acompanhar o jogo assim é que você não tem a menor noção do que está acontecendo naquele momento. Só resta aguardar. Por falar nisso, escanteio para o Vasco...

Sai bola, sai bola... OPA, nas mãos do goleiro Bruno, do Fla.

Agora, a vantagem de assistir o jogo assim é que posso conversar com vocês sobre outros assuntos. Como por exemplo... é, deixa para lá, não vou disfarçar o nervosismo. Fico tenso num jogo desses (na verdade, nem sei como estou conseguindo escrever num FLAMENGO E VASCO, mas vou tentando...).

Corro ali atrás para dar um beijo na namorada, compreensiva com o estado desse que vos escreve (sorte minha e sorte dela. rs...).

O time do Fla está muito mal no campeonato. Não faz uma jogada bonita, um lance de efeito, sinto que o treinador Cuca está por um fio. Se não ganhar hoje, sei não...

31 minutos de jogo, Vasco está com mais posse de bola - segundo o site. Fla aposta no contra-ataque.

32 minutos e tudo igual no Maraca. Igual no placar e nas expulsões, o meio-campista Carlos Alberto também foi para o chuveiro mais cedo. Beleza, amigos. Estamos iguais agora, promessa de gols, já que o jogo tem tudo para ficar mais corrido. Vamos que vamos...

Chove muito no Maraca. Imagina quanto o jogo ganha em emoção com a chuva. A qualidade técnica cai, sem dúvida. Posso imaginar como está a festa da torcida do FLA no estádio...

Triste é meu pai ficar chateado com a perda da liderança do seu Cruzeiro no campeonato mineiro. O time empatou em Andradas e o rival, Atlético, venceu seu jogo. Nada convence o velho que o time é líder na Libertadores, ele quer mesmo é ganhar o título do "Atretis" - palavras dele - no Mineiro.

Voltamos para o meu sofrimento. 44 minutos e dois de minutos de acréscimo.

Um tempinho de descanso para mim (UFA!) e para vocês. Volto já! Fim de primeiro tempo.

O intervalo trás uma paz interior danada, ainda mais se o time não está perdendo. Concordo com um acordo de cavalheiros e o jogo fica assim até o final, todos concordam? Excesso de zelo e medo de perder. Não tem jeito vamos arriscar para o segundo tempo. Daqui a pouco volta o sofrimento.

Começa a segunda etapa. Tensão de volta, eu de volta ao pc, suor de volta as mãos e Obina em campo. Promessa para o bem ou para o mal.

Essa é uma experiência nova, acho que não terei mais coração (nem estômago) para repeti-la. Haja coração, amigo (como diz o outro amigo "narrador").

A zaga do Fla está toda amarelada. Fortes emoções até o final - 5 minutos do segundo tempo.

É pessoal, o futebol... ah o futebol. Aos 8 minutos do segundo tempo, Leo Moura do Flamengo foi expulso. 10 contra 9 em campo. O último a sair apague a luz. Tensão!

- Está com fome, amor? - pergunta minha namorada.
- Não consigo sentir fome nessas horas - respondo com toda sinceridade - Deixa o jogo acabar.

Gol do Vasco. Simples assim, gol do Vasco! Que b#$%&osta. E outras palavras que não cabem nesse espaço. 2 x0 para o Vasco. CHEGA! O desânimo é total. Vou dar um tempo. Aff... (Sei não se volto).

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É povo, um pouco mais calmo, resolvi voltar aqui até em respeito a vocês que leram até essas linhas. Como eu propus esse desafio, não posso abandoná-lo só porque o meu time fracassou. É dura essa vida de torcedor. Mas, como dizem, nada melhor que um dia (jogo) depois do outro. E se eu tinha alguma dúvida se voltaria a fazer esse tipo de experiência, acho que agora não tenho mais. Realmente não dá. Como fala um grande amigo, Ostend, "deu azar". Vou para o modo tradicional da próxima vez. Nada de jogo e postagem no blog. Chega!

Fica a pergunta - e a cacofonia: Será que o Cuca cai?

terça-feira, 17 de março de 2009

Da TV um espelho.

Esquadrão da morte de homens de farda. Castelo de um deputado responsável pela liderança da Comissão Parlamentar de Ética. Pai sequestrando a filha e um avião em direção a morte. Armas roubadas de um clube de tiro sem segurança adequada. Escola do interior do estado do Rio sem aulas por falta de água...

Esse são apenas alguns enunciados que povoam nosso noticiário diariamente. Formam um retrato de um país acostumado as mais absurdas atrocidades e a assistir tudo de casa, na Tv, boquiabertos e estáticos.

Somos metralhados pela velocidade dos noticiários dos telejornais. Não nos sobra tempo para refletir sobre os casos que ali são tratados. É uma tentativa (muito eficiente, por sinal), dos detentores da informação de passar num menor espaço de tempo, uma maior quantidade de informação. E como eles são bons nisso! Mas e a reflexão, a análise mais detalhada do assunto abordado, o leque de pessoas de diferentes influências que poderiam ser ouvidas sobre determinado assunto? Não cabem nesses formatos atuais.

Vocês, caros amigos, já perceberam que quando um repórter entra ao vivo da rua com um entrevistado as perguntas são sempre breves e as respostas dos entrevistados - coitadinho deles - são apressadas pelo entrevistador que tem em seu ouvido um diretor com um olho na audiência e o outro no cronômetro?! Mas, pergunto eu, e o tema tão importante que está sendo discutido, não mereceria mais um minuto de reflexão? Que nada, o importante é fechar o programa redondo, entregá-lo no horário certo, pontualmente. O conteúdo... ah, o conteúdo a gente verifica depois. Essa é a lógica televisiva (infelizmente).

E vamos levando para nossas relações sociais uma fragmentação incrível de notícias, mutilações de informações gritadas em nossos ouvidos. Ai vem um amigo e pergunta sobre o encontro do Lula com o Obama. - O que eles foram discutir? - pergunta o simpático amigo. - Ah, eles se encontraram, falaram da crise e.... foi um encontro bem humorado - pronto, você define superficialmente. Mas a culpa não foi sua, você viu todo esse encontro em três minutos de matéria na TV e quando ia discutir com a esposa sobre o encontro, lá vem a próxima notícia do jornal sobre um acidente de uma pessoa famosa. Lá vai a atenção de sua ouvinte...

Aí vamos nos perdendo nas matérias que se sucedem, vendo aquela cascata de notícia se formando, e nossa mente (tão cansada do longo dia) tentando acompanhar. Acaba o jornal, com uma notícia amena, geralmente sobre esporte e a gente desliga a televisão (não vou ficar aqui fazendo propaganda de novela e BBBs da vida, certo?). Antes de fazer qualquer outra coisa mais interessante - ou não - vamos fazer um exercício de relembrar as notícias que presenciamos há poucos minutos. Preparados? Lembram de mais de 50% delas? (Eu não consigo).

Já fazemos parte desse carrossel de anos de notíciários nesse formato. Quebrar esse modelo seria quebrar uma tradição brasileira, mas levaria a uma maior reflexão dos telespectadores. Quem ousa mexer nesse formigueiro? É preciso ter peito.

E, para fechar, como diz a música do Rappa, com letra do Marcelo Yuka:
..."Faltou luz mas era dia
O sol invadiu a sala
Fez da T.V. um espelho
Refletindo o que a gente esquecia"...

sexta-feira, 13 de março de 2009

Rapidinha.

TÍTULO E VERGONHA.

O time de basquete do Flamengo foi campeão, na noite de ontem, na Argentina, do campeonato Sul-Americano. O tamanho da importância é o mesmo da Taça Libertadores no futebol. E olha que os jogadores e comissão técnica não recebem há 4 meses.


1 ANO DE BLOG.

ESCONDERIJO completou um ano em janeiro e só agora que esse (distraído) blogueiro percebeu. Sabe o que isso significa? Esse blog faz parte de uma minoria, que consegue chegar ao primeiro ano de vida. Somos sobreviventes... PARABÉNS atrasado.


PARA QUEM NÃO ENTENDEU.

Vocês podem perceber na parte superior do blog o título MUNDOS OPOSTOS com um link de outro blog. Criei essa opção para unir os três capítulos do conto de mesmo nome. Quem quiser (e tiver um tempinho) pode acessar o link (http://contomundosopostos.blogspot.com/) e ler a história na sequência.


MAIS UMA CONVOCAÇÃO.

Dunga, o professor anão da seleção, fez mais uma convocação para os póximos jogos das Eliminatórias da Copa 2010. E sabe a novidade? Não teve novidade, ele continua com as teimosias de sempre: Gilberto Silva, Josué, Kléber,... Quam aguenta?


DOR DE COTOVELO.

Ronaldo está brilhando no Corinthians e eu, como torcedor rubro-negro (assim como o Fenômeno), tenho que me contentar com Obina, Josiel e cia. Só de pensar que o Ronaldo esteve tão perto...


QUINTA TEMPORADA.

Essa é para quem acompanha Lost. Essas idas e vindas do tempo na quinta temporada me enlouquecem. Mas não abro mão de ver até o fim.



Deixe a sua rapidinha no comentário.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Um fenômeno global.

Tudo bem, pessoal, eu também não aguento mais ouvir falar do Ronaldo e sua volta aos gramados pelo Corinthians. Mas um fato deve ser observado - e já está sendo bastante discutido. É impressionante a preferência do Fenômeno pela Rede Globo em entrevistas e exclusivas. O que estaria por trás desse fato? Seria a tentativa de estar em evidência na maior emissora do país, ou algum contrato entre as partes? Sinceramente, não sei. Não acredito que Ronaldo precise de qualquer emissora para aparecer, ele é um dos maiores fenômenos de audiência não só no Brasil. Então, o que responde esses questionamentos?

Não tenho a resposta, como podem perceber, mas gostaria de levantar isso junto com vocês, caros leitores.

Ontem mesmo - por indicação do sempre colaborador Rafael Horta - recebi um texto do Tostão que trata desse assunto. O craque dos gramados e das letras afirmou com propriedade: "Quando terminou o jogo, Ronaldo não quis falar no gramado. Mas foi só aparecer o repórter da Globo para ele dar entrevista, fora as inúmeras exclusivas que tem concedido à emissora. É a nova estrela global. Muitos jogadores e treinadores famosos fazem o mesmo. Em uma Copa do Mundo, essa preferência atinge níveis absurdos. Esse comportamento dos atletas e treinadores é um desrespeito com outros jornalistas".

Assistimos tudo muito de longe dos fatos, imaginando conspirações e tratados que, muitas vezes, não existem. Mas que soa estranha essa relação, isso não tenho dúvida. Ele poderia, pelo menos, alternar exclusivas com outras emissoras, dando vez a outros canais e mostrando que não é um ator Global.

Eu, como torcedor, tenho muita vontade de ver o Ronaldo brilhando novamente nos gramados. Ele é um atacante diferenciado, dos melhores que já vi jogar. Mas gostaria também, que todo esse fenômeno fosse transportado para fora dos campos, funcionando como um exemplo para jovens jogadores e para as crianças que o admiram. O jogador deveria ter a noção da dimensão que suas atitudes tomam, ele é responsável por formar valores na sociedade e moldar atitudes de jovens. Isso passa também pelo papelão das entrevistas globais. Não custa uma atitude mais democrática, dando espaço aos mais variados meios de comunicação, que na verdade, formam um canal entre a estrela e os receptores ávidos por uma palavra do jogador.

E você, o que acha desse circo que está se armando? Deixe seu comentário.

(Imagem retirada do site: http://i.a.cnn.net/si/2008/writers/tim_vickery/02/19/ronaldo.brazil/p1_ronaldo_0219.jpg)

quarta-feira, 4 de março de 2009

Mundos Opostos 3 (continuação - último capítulo).

[Caros amigos, está chegando ao fim a saga do conto "Mundos Opostos". Espero que curtem essa terceira parte. Só para ajudar, a primeira parte foi publicada no dia 20/01/2009 e a segunda, no dia 12/02/2009. Quem quiser ler as três partes na sequência, também pode acessar um blog que fiz só com esses três capítulos. O link está aí em cima, no título Mundos Opostos. Aguardo o comentário de todos. Um abraço].


Ricardo chegou em casa tentando entender o recado daquela coincidência do nome da boneca. - Como é possível uma pequena criança desconhecida ter uma boneca com o mesmo nome da minha filha? - se perguntou abanando a cabeça, tentando achar alguma relação do destino entre ele e as irmãs.

Reabrir sua casa sem ter a presença de seus amores foi um dos momentos mais difíceis para ele. Agora era preciso encarar toda aquela solidão, o quarto vazio da filha, a falta da companheira de doze anos de união.

Ricardo apoiou o corpo no portal do seu quarto e, por um momento, viu passar um filme de toda sua relação naquela casa. Não conseguia parar de pensar um minuto sequer em sua vida dali em diante naquele lugar. - Preciso vender logo esse apartamento - prometeu para si mesmo. Continuar naquele ambiente seria uma tortura.

Por algumas horas ficou revirando fotos de sua família pelo apartamento, remoendo uma dor incalculável, chorando lágrimas de um passado lindo, destruido num brutal acidente. Tentou entender a irresponsabilidade no trânsito, procurou culpados em sua mente, mas sempre se afundava nas suas perdas. Já na madrugada, e sem muita força de tanto sofrer, Ricardo adormeceu como uma pedra.

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Aquele seria o terceiro final de semana seguido que o professor visitaria Bianca e Branca. Assim como combinado, a freira ligou para ele no começo da semana confirmando que os pais não tinham previsão para visitarem as pequenas. Estava liberado para ele passar mais alguns minutos com as irmãs.

Os três já desfrutavam de algumas intimidade. Na verdade, as duas aguardavam ansiosas a visita do "tio Ricardo" e juntavam os assuntos da semana para contar as novidades. Criava-se uma sintonia familiar.

Ele, por sua vez, alegrou-se com o telefonema da irmã e aproveitou toda sua (pouca) criatividade para levar algumas coisas as pequenas meninas. Naquele final de semana ele prometeu que levaria pingos de chocolate com sorvete de creme - era um pedido de Bianca.

Ricardo contou os dias para o sábado chegar logo. Era mais uma oportunidade de continuar aquela história que contava todas as vezes para as irmãs, uma bonita história de uma princesa e de uma rainha, que foram para um país bem longe, e que retornaram ainda mais lindas para suas casas. As meninas adoravam a riqueza de detalhes da história, os olhinhos brilhavam em cada parte nova do conto. Mal sabiam elas que o divertimento que irradiavam era um combustível para o "tio Ricardo" continuar vivendo.

Além da encomenda dos doces e da continuação da história na cabeça, Ricardo comprou dois cachorros de pelúcia para presentear as pequenas. O arsenal de surpresas estava pronto, e o sábado se aproximava.

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Como sempre fazia nos dias de visita, Ricardo abriu todo o vidro do carro para sentir o ar fresco daquele belo lugar aonde fica o internato. Olhou para o banco do carona conferindo, mais uma vez, se todos os presentes estavam ali. Deu um sorriso e acelerou em direção a escola "Ursa Maior".

Desceu do carro e foi entrando como sempre - afinal, sábado era o dia das visitas. Várias crianças brincavam e corriam ao redor dos seu parentes, apreciando os brinquedos e as visitas que recebiam. Correu os olhos procurando as pequenas, mas não as encontrou. Procurou mais uma vez, com a testa franzida, mas só se deparou com a freira caminhando em sua direção. Seu coração foi a mil. - O que será que aconteceu com as meninas? - indagou-se.

Seu olhar interrogativo foi o suficiente para que a irmã Adriana já chegasse explicando que as meninas tinham sido levadas pelos pais no dia anterior.
- Mas por que a senhora não me avisou? - disse, atordoado.
- Como o senhor é amigo da família, imaginei que já soubesse - explicou a irmã.
Por um momento Ricardo sentiu raiva de sua mentira construida no primeiro dia. Não podia revelar toda a verdade agora, e não tinha tempo para explicações.
- Eles foram para onde?
- Acho que para casa, na cidade ao sul dessa estrada, há uns duzentos quilômetros - esclareceu Adriana, tentando ajudar aquele simpático senhor, que, pelo menos com algumas visitas, conseguiu fazer aquelas meninas mais felizes.

Ricardo mal se despediu e saiu correndo em direção ao carro. Sua mãos tremiam e sua mente parecia congelar com aquela notícia. - O que os pais delas estão fazendo? Não consigo entender essa mudança de atitude tão rápida... - perguntou-se tentando achar uma repsosta. Ele saiu acelerando na direção indicada pela freira. Mas o que ele queria encontrar?

A chegada naquela pacata cidade fez com que Ricardo tivesse certeza que aquele era o local aonde as crianças estavam. Ele não sabia ao certo, mas algo dizia que era por esse caminho que ele deveria continuar. Seguiu uma avenida principal e viu surgindo bares, restaurantes, padarias, praças, igreja, hospitais; enfim, tudo que se encontra numa cidade mediana, do interior. Sua presença naquele lugar era novidade para aqueles moradores, que pareciam conhecer as pessoas que chegam de fora da cidade.

- Eles moram no bairro Ipipoca, se for quem eu to pensando... - disse a Ricardo um dos frenteistas do posto.
- Como faço para chegar lá? - perguntou apressado.
- Vich, é moleza - continuou o modesto senhor - é só seguir essa avenida até o alto do morro. Quando chegar lá em cima o senhor vai ver uma pracinha. Vire a primeira esquerda e chegará na casa. Qualquer coisa é só perguntar por lá, todos conhecem seu Romão - finalizou um simpático senhor, todo uniformizado de macacão verde com o símbolo do posto no peito.

Ricardo agradeceu a informação com um sorriso amarelo e seguiu em direção a seu destino. Por um momento pensou em desistir, tentava entender o motivo que o levara até àquele lugar, àquela situação. Era tudo muito confuso em sua mente, um vendaval de pensamentos se misturavam quando se tratava de sua nova - e solitária - vida.

Quando percebeu, já estava na rua do bairro Ipipoca. Bastou entrar naquele lugar todo arborizado para ele sentir que ali moravam os pais de Bianca e Branca. Foi andando devagar com o carro, observando as bonitas residências que formavam a rua Jasmim. Na penúltima casa, a esquerda, Ricardo notou uma movimentação maior de pessoas. Parou o carro e ficou observando a pequena festa que se formava no quintal, com um reduzido número de convidados. Franziu um pouco mais a testa até encontrar as duas meninas sentadas lá no fundo da casa, brincando com mais três crianças. Correu os olhos pela casa e pode reconhecer os pais das meninas se confraternizando com os amigos. Pareciam estar em paz, numa alegria que ele não imaginava.

Ricardo sentiu uma mistura de sentimentos. Passou da tristeza de sua perda pela alegria de ver as duas meninas de novo com os pais, e sentiu até raiva de si mesmo, por se obrigar a passar por toda aquela tortura, tentando desafogar seu sofrimento em outras pessoas que nada tinham a ver com suas perdas. Socou o volante e mordeu os lábios. Olhou de novo para as pequenas lá no fundo e sorriu. - Elas não precisam mais de mim - conformou-se.

Acelerou o carro e fez a volta lá na frente, queria passar em frente da casa mais uma vez. Ao se aproximar do portão, observou que mais um casal com um pequeno filho andava em direção a casa. Ricardo então chamou o menino e pediu um favor a ele: - Será que você pode entregar esses dois cachorrinhos a Bianca e a Branca, por favor? - disse sendo observado pelos pais do garoto - Ah, diga a elas que foi o tio Ricardo quem mandou - concluiu agradecendo a getileza do pequeno.

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Bianca e Branca receberam o amiguinho que vinha com dois cachorrinhos de pelúcia na mão. Ficaram eufóricas com os presentes, mas nada que se compare com o momento em que o pequeno Artur revelou que quem mandou aquele presente foi um tal de tio Ricardo, que estava ali fora, num carro vermelho. As duas se entreolharam e sorriram de felicidade. Sem dizer uma palavra, foram correndo para a porta, mas não encontraram ninguém ali. Bianca apertou seu bichinho contra o peito; Branca, por sua vez, tentou avistar algum carro adiante, mas nada encontrou. Ela sorriu para a caçula e afirmou convicta: - Eu disse para você que ele viria nos visitar. Pena que não pôde entrar. Tenho certeza que ele iria adorar saber da nossa volta para casa. Vou correndo mostrar meu presente para mamãe - segurou a mão da irmã, indo em direção aos adultos.

Mal sabiam aquelas meninas que a volta repentina para casa - motivo de tanta alegria para elas - foi justamente pelo aparecimento do "tio Ricardo". Tudo aconteceu a partir do dia que os pais das duas se encontraram com o professor na lanchonete da estrada. Depois daquele breve encontro, ficaram imaginando o quanto estavam sendo cruéis com suas meninas. Perceberam que todo aquele trabalho que tinham em criar as pequenas Branca e Bianca era muito menor do que o peso de perder (se afastar) de suas filhas. Desde aquele dia - repito -os dois não pararam de se indagar sobre a decisão de se afastar das meninas. Começaram a planejar uma mudança de suas rotinas, de uma maneira que as duas fizessem parte daqueles momentos. Perceberam, enfim, que mais do que ser feliz em dois, era possível ser ainda mais feliz com a presença das filhas. Para isso, resolveram apostar numa mudança dos dois, como casal e no retorno das filhas.

- Somos, meu bem, - disse uma vez Ana Romão, mãe das meninas, ao marido - eternamente gratos àquele homem desconhecido, que estava desesperado na lanchonete, querendo um pouco de atenção para compartilhar a perdar de seus amores.
- É verdade, querida, queria eu um dia abrir as portas da nossa casa para aquele senhor solitário - concordou Nelson Romão.

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Ricardo partiu apressado, depois de entregar os presentes para aquele menino. Nem imaginava a alegria que causou naquela família. Não só foi o responsável por fazer aquelas duas meninas um pouco mais felizes durante o período em que viveram no internato, como também, foi o verdadeiro motivador da mudança de atitude dos Romão.

Pela primeira vez desde o trágico acidente, Ricardo ligou o som do carro e conseguiu se desligar um pouco de sua intensa vida desde aquele dia. Abriu os vidros e ficou tentando adivinhar o motivo da volta das meninas para casa. - O que será que fez com que eles mudassem de idéia? - perguntou alto. - Vai entender esse povo! Tomara que Bianca e Branca sejam muito felizes agora - disse ainda mais alto, concentrando num hit de sua época que tocava na rádio.

Aquele homem partiu mais aliviado para cidade, sem ter a noção da sua importância naquela família. Mesmo tendo sua vida destruída num acidente, Ricardo foi grande e solidário para reconstruir um lar que se desfazia. Como uma floresta devastada, ele tirou forças de sua dor para replantar uma muda de recomeço na vida da família Romão.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Árvore na Carona.

Ontem eu viajava pela BR-040 e, mesmo dirigindo, pude perceber as árvores que me acompanhavam na beira da estrada. Formavam um corredor e desfilavam uma variedade verde interessante, mesmo tendo algumas manchadas pelo marrom do minério que se faz presente perto de Belo Horizonte. Eu acelerava de dentro do carro e elas respondiam com toda velocidade - no sentindo contrário - lá ao lado do acostamento. Não podia ficar entregue àquele devaneio, pois minha atenção principal estava nos carros, nas curvas e na namorada que cochilava ao meu lado.

Mas elas estavam lá, como que me escoltando até em casa, fazendo uma barreira para que eu não fosse atingido por um inimigo imaginário.

Só eu dentro do carro tinha aquela sensação, como sendo apresentado a um teatro exclusivo, privativo. Paramos algumas vezes ao longo dos 400 km e, até nesses momentos, elas - grandes expoentes da mãe natureza - não nos abandonavam. Por um istante fiquei admirando uma enorme espécie habitada por algumas barulhentas maritacas. Formavam um festival de sons misturados, uma torre de babel dos mais diferentes gritos, só interrompidos pelos caminhões que aproveitavam a descida daquele trecho e deixavam para traz um som assustador.

Voltamos para o asfalto e para a rotina do acelerador a mil. Deixamos em cada parada um pouco do suor e do cansaço que ia se acumulando com o passar dos quilômetros. E elas sempre ali, fornecendo sombra e proteção.

Depois de cinco horas e meia da viagem, chegamos em casa. Era uma mistura de alívio e de esgotamente, pois o calor era muito grande. Subimos com todas as malas e as tralhas trazidas da capital mineira (que mineiro não vai para sua terra e não carrega consigo os queijos, as cachaças e os etcs?! Eles já fazem parte do arsenal de viagem, assim como as malas) e sentamos aliviados para descansar. Lá fora, como que cortejando e querendo ser percebida, uma árvore balançava suavemente com a brisa da serra. Era como uma saudação ao retorno dos seus habitantes, uma alegria percebida naquele suave balançar. Parecia que a árvore entendia o que se pansava em minha mente. Naquele momento andei em direção a janela e pude entender o recado daquela enorme senhora. Ela me dizia, através de seu movimento, para ficar tranquilo, pois, aonde quer que eu esteja, sempre serei protegido por alguma árvore que será testemunha dos mais variados acontecimentos ao longo de minha vida.

Pessoas pelo mundo que passaram por aqui:

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