Tem um quê de individualismo essa
mobilização toda causada pela greve dos caminhoneiros.
Calma, não estou dizendo que essa
classe de trabalhadores é individualista, pelo contrário, estão dando uma aula
de movimento coletivo, de unidade em lutar pelos seus direitos.
Aliás, se tem uma coisa positiva de todo
esse caldo atual é a valorização (do dia pra noite, curioso, não?) da
importância do trabalhador dentro de um caminhão para a economia desse país. Em
nossa terra, ainda naquele ranço do status/de/querer/ser/reconhecido/como/elite,
torce-se muito o nariz para funções "menos" valorizadas, as famosas
profissões "sem estudo" - aquela repetição boçal de nossa classe
média que mal consegue perceber que é explorada tanto quanto qualquer trabalhador.
Essa surpresa toda com as
consequências da greve dos rodoviários, me faz lembrar a paralisação dos garis
cariocas em pleno carnaval de 2014. Rapaz, ô classe pra ter força! Parou de
recolher o lixo, Dudu Paes ficou maluco e foi logo aceitando (minimamente) as condições da rapaziada de laranja.
Pois bem, no meio de tanto fumacê que
o atual movimento tem causado, percebo que o apoio a essa greve ganhou uma
força muito grande de boa parte da população - coisa muito rara em tempos de se
indignar com qualquer manifestação que quebre (com trocadilho) a rotina da
cidade.
Fiquei buscando uma resposta para
esse apoio aos caminhoneiros, mesmo com os mercados vazios e os postos idem. Dois
goles de café depois, foi fácil constatar: ninguém está aguentando esse aumento
de preço semanal dos combustíveis – nem o sujeito do busão, nem o do carro
importado; o movimento da classe dos rodoviários é um alento de mudança, uma
esperança.
Aquele famoso: Vish, agora mexeu
comigo. Isso explicaria então por que, quando não é comigo, eu fecho os olhos e
viro a cara?
Professor de escola pública em greve?
"Meu filho estuda em particular. Esses vândalos que não querem
trabalhar..."
Médicos e equipe do hospital parando
rua para protestar contra a falta de condições de trabalho? "Não uso o SUS
mesmo, esses caras não têm direito de parar uma rua ou rodovia, estão atrasando
meu compromisso".
Mas agora pode?
Não tem empatia nenhuma esse apoio pela parada dos caminhoneiros. Zero!
De certa forma, é uma torcida, um
apelo para que eles consigam melhorar algo "para mim".
0 comentários:
Postar um comentário