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quinta-feira, 29 de maio de 2008

Mundo cruel.

Anoiteceu um frio de doer. As pernas encolhidas eram um sinal de medo; a cabeça estava lá, mas vagava por outros mundos. A companhia da solidão deixou aquele corpo ainda mais indefeso.
Já era madrugada.
O passar dos anos - naquele corpo ainda jovem - não o deixava entrar em desespero. Era preciso pensar. Tinha que haver uma saída!
Se soubesse rezar, já estaria há dias diante de Deus; mas não se dava ao luxo de acreditar em Deus - apesar de crer num milagre.
A volumosa onda de pensamentos o atormentava. Sua mente estava sem freios. Cadê a solução?
Há quatro dias não se alimentava, banho então... Como reverter este quadro? - questionava-se.
A inteligência permanecia intacta, mesmo com todas as adversidades. E ele lamentava... Ser inteligente o fazia perceber que estava acabado para o mundo, invisível.
Buscava em sua mente uma reviravolta, algo que o trouxesse de volta ao convívio humano. Mas o que faria? Continuar catando latas e papelão não seria a solução, mas por onde começar?
Estava atormentado por tantas perguntas sem respostas.
Em sua pequena mala, cheia de peças de roupas velhas e objetos particulares, havia um forro repleto de papéis. Ali, naquela mistura de pobreza e desespero, estavam guardados velhos textos e poemas de sua autoria.
Como ele gostaria de levá-los a frente, de sobreviver daquelas idéias e histórias que borbulhavam em sua mente! Mas quem ele precisaria conhecer para fazer com que suas palavras fossem ouvidas?
Antes que voltasse para este mergulho em seus pensamentos, ele juntou os papéis, as folhas rabiscadas e acendeu uma pequena fogueira.
Enquanto a fumaça o aquecia e o acalmava, concluiu que o sonho, os textos e as letras poderiam esperar.

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