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terça-feira, 9 de setembro de 2008

O que será do amanhã?

A infância parece perdida quando não há perspectiva de futuro, quando o menino de hoje não tem em mente "o que vai ser quando crescer?". E isso, de uma maneira geral, é culpa nossa.

Isso mesmo, nós de classe média, que reclamamos - de barriga cheia - da dureza da vida. Apontamos o dedo em direção a feridas expostas dos outros, como se fossemos puros e desprovidos de doenças.

Nós, que tantas vezes criticamos os corruptos políticos brasileiros, esbravejamos contra os descontrolados atos de nossos representantes, mas continuamos financiando gatos em nossa casa - seja na água, na luz, na internet, na TV a cabo, subornando policiais, entre outras irregularidades.

Com toda cara lavada, aumentamos o tom de voz para criticar a saúde brasileira, enquanto saltamos (pulos cegos!) entre mendigos jogados nas ruas de nossas cidades, enquanto sonegamos o imposto que, quem sabe, poderia financiar novos hospitais e profissionais da área.

Desligamos a TV na hora do horário político, mas não nos desligamos do horário que a programação voltará e, com ela, mais um capítulo da imperdível novela, que nos mostra - e por que não, nos promete - carrões, mansões, corpões; vazios e mais vazios de alma e conhecimento.

E, depois desse ritual, desligamos o aparelho e vamos sonhar com este glamour tão desejado, até a hora de acordar e voltar a dura e tão reclamada rotina. Neste momento, voltamos a robotizar nossos atos, a só enxergar a nós mesmos no meio da multidão, a não nos preocupar (perder nosso tempo) com os que sofrem de verdade.

Num raro momento de descanso, nos resta sonhar mais um pouco, pesquisar as prestações de bens materiais tidos como fundamentais; uma passagem na casa lotérica na tentativa de acertar os números e ganhar uns milhões; uma olhada no trânsito e uma admiração nos belos carrões - que inveja!

Assim vamos levando nossos dias e, se por acaso, a sorte sorrir e o sonho milionário se tornar realidade? Será o momento mais feliz de nossas vidas, certo? Dinheiro, bens, viagens, sorrisos, novos amigos...solidão, angústia, depressão, bebida, decepção, amargura, fundo do poço...

Parece muito pessimismo (talvez seja mesmo) de minha parte. Mas escrevo isso porque imagino que, para se construir de uma simples casa a um imenso castelo, é preciso ter uma base sólida, que aguente firme o peso da construção - além da ação do vento e de outros fenômenos. Por isso, acredito que toda essa formação de idéias consumistas atuais (trazidas, principalmente, pelos meios de comunicação de massa) atingindo mentes vazias e desprovidas de visão crítica, formarão uma mistura bombástica. E, talvez um dia, o caos será instaurado: as pessoas, na ânsia de ter sempre o novo, não irão se satisfazer, pois, o novo de hoje será ultrapassado amanhã, causando uma imensa frustração - acompanhada de inúmeras enfermidades.

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