- Essa televisão não funciona. É horrível! E esse emaranhado de fios? (sacudiu a cabeça) Que coisa. - resmungou o dono do bar, sob olhar de uma assustada funcionária, que juntava meu troco da água.
Joguei no bolso as moedas e fui para a prova. Eram oito e dez da manhã, num domingo chuvoso e cheio de lama... Fiquei com esse desabafo na cabeça, esse resmungado cabisbaixo, de um senhor que aparenta uns sessenta anos, corpo roliço, baixo e corcunda. A funcionária era jovem, não tinha nenhuma beleza exterior, parecia um bicho acanhado. Estava formada uma clara divisão de poder, de um lado o que manda, do outro, a que obedece - e teme.
Fiquei divagando a rotina daquele convívio. O que seriam aqueles dois? Pai e filha? Marido e mulher? Ou simples patrão empregado? Sinceramente não sei, mas há uma infelicidade pairando a vida deles. Foi gritante demais o desconforto que eles compartilhavam - não havia como não perceber.
O sujeito caminhava do fundo do bar para a televisão com a cabeça baixa, andar cansado e preguiçoso. Era observado, de rabo de olho, pela jovem funcionária, que mexia inquieta nas moedas do caixa. E lá no meio estava eu, num silêncio angustiante, observando a cena (simples cena) que se desenrolava na minha frente. Me senti como vendo um filme começado, havia algo antes daquilo que eu não sabia o que era. Quase esqueci a água em cima do balcão, dei um passo para trás e voltei apressado para buscá-la. Os dois conversavam em silêncio, um assunto que eu não pude ouvir. Saí mais devagar, atravessei a rua e entrei para a prova. De algum jeito, levei os dois comigo.
Terminei a prova e fui para o ponto de ônibus, olhei de relance para o bar e vi o senhor conversando sozinho, olhando para a televisão que já funcionava. Parecia mais feliz - mais normal, pelo menos. Deixei-os com seus problemas e suas angústias, coloquei meu fone e cochilei até o centro da cidade. Mais uma prova acabada, mais um testemunho de vida.
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
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27 comentários:
pois é
várias vezes
nós vemos isso nos lugares
Cada coisa!
Mas é assim mesmo, vira é mexe nos deparamos com situações como essa!
engraçado como as vezes as situações mais simples não saem da nossa cabeça tão facil...
Gostei do blog!
Gostei muito do blog, texto bom e criativo apesar de ser um relato sobre o cotidiano...
Beijos
prefiro não comentar!!
bom blog (yy'
;**
adoorei o blog e o texto o/
vou ler os outros textos publicados aqui huaihua
beijao
http://cogumelosverdes.blogspot.com
Hummmmm isso é uma coisa até que simples....mas que quando acontece e meio complicado rsr
abraçossss
A mais pura verdade!!!
parabens pelo blog
Parabens, excelente blog...
http://fogodeletras.blogspot.com/
Meu Deus que situação hen?
muito bom blog
gostei de blog :D
situação do cotidiano, as vezes a gente viaja né?
http://messnatural.blogspot.com/
é a realidade
muito comum por sinal o texto
Belo blog,
estive pensando frequentimente no seu texto,
muito bom :)
visita?
http://www.webdicas.org
eu vejo isso cada dia na lanchonete que frequento O.o
http://www.ki-locura.blogspot.com/
É uma vergonha-alheia que não pára nunca.
Olá...
obrigada pelo comentário.
Pode copiar o texto do blog sim.
Gostei bastante do seu blog.
www.quatorzenovas.blogspot.com
Muito bomm !
De vez enqdo acontece isso mesmo, coisas simples que não saem da nossa cabeça
;s
sduhasdhuuahsd
www.fator-d.blogspot.com
passa lá !
legal a historia
fico refletindo hehe
Verdade...... gostei do texto
é mara
Tens criatividade, parabéns
entendo bem o q vc quis dizer... muitas vezes acontecem situações como essas ao meu redor q ficam martelando na minha mente...
Esse voyerismo social seu é raro...
E interessante!
Sobre o post:
Onde há relãção interpessoal - qq seja ela- há disputa de poder!
triste pensar que hjem dia muitas pessoas são assim, e como vc disse sempre que olhamos tal fato o vemos como um filme, mas não pensamos que em algum dia nós tb fomos filme de alguem!!
Abração!!
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