O motor do carro dele soou diferente. Era um ronco seco e definitivo, assim como a nova vida desse professor de matemática. Ele acabava de perder sua filha e sua esposa num acidente de ônibus, desses que - infelizmente - estamos acostumados a presenciar em nossas estradas.
Ele rasgava a rodovia tentando entender o porquê daquela tragédia, parecia querer encontrar seus amores na estrada, torcia para se acidentar e morrer como sua esposa e filha. Mas nada aconteceu...
Já havia percorrido trezentos quilômetros em poucas horas e não tinha a menor noção de onde estava e de seu destino. Perdeu o rumo, sua vida de repente explodiu da tranqüilidade cotidiana para essa fatalidade brutal.
Seus olhos não produziam mais lágrimas, seu corpo doía de tanto encolher assustado (inconformado). Sua mente não pensava mais linearmente, agora eram espasmos de um passado feliz misturado com projeções solitárias e - antes - impensáveis.
Parou no pedágio e observou no carro ao lado uma família de pai, mãe e duas filhas. Fixou seu olhar e mergulhou na vida do casal, criando em sua mente um ambiente perfeito de harmonia e felicidade - tentando entender por que ele não podia mais desfrutar de um momento como aquele.
Acordou de seus delírios com a buzina do carro de trás, chegava a sua vez de pagar o pedágio.
Agora doía ainda mais pensar em suas perdas. Estava cansado e triste, por isso resolveu entrar na pequena cidade que avistava.
Logo procurou um hotel para descansar, um lugar aonde pudesse jogar seu corpo - que não dormia direito há duas noites, desde o acidente - e apagar do mundo.
Dispensou a simpatia da atendente do hotel e caminhou para o quarto, deixando-a falando sozinha sobre os luxos do aposento.
Abriu a porta e ficou mirando a cama de casal. Dormiria pela primeira vez numa dessas sem sua esposa. Ligou a ducha e deixou a água correr em seu corpo, esquecendo até do sabonete. Mas que diferença faz, não é verdade?
Jogou-se na cama e fez força para dormir, mas não conseguia parar de pensar na família do carro ao lado. Depois de alguns minutos apagou num sono profundo.
Mal sabia ele que aquele casal levava as duas filhas para a mesma cidade onde ele estava hospedado. Só que o que procuravam era um internato, aonde pudessem deixar as meninas e vê-las somente nos feriados e nas férias escolares. Seria um alívio para aqueles pais, que se sentiam infelizes em ter a responsabilidade de criar as duas crianças.
O mundo tirou de um homem seu alicerce - seus amores. Outros, para voltarem a ter felicidade, escolheram ficar sozinhos, afastando em outro mundo suas mais belas criações.
Ele rasgava a rodovia tentando entender o porquê daquela tragédia, parecia querer encontrar seus amores na estrada, torcia para se acidentar e morrer como sua esposa e filha. Mas nada aconteceu...
Já havia percorrido trezentos quilômetros em poucas horas e não tinha a menor noção de onde estava e de seu destino. Perdeu o rumo, sua vida de repente explodiu da tranqüilidade cotidiana para essa fatalidade brutal.
Seus olhos não produziam mais lágrimas, seu corpo doía de tanto encolher assustado (inconformado). Sua mente não pensava mais linearmente, agora eram espasmos de um passado feliz misturado com projeções solitárias e - antes - impensáveis.
Parou no pedágio e observou no carro ao lado uma família de pai, mãe e duas filhas. Fixou seu olhar e mergulhou na vida do casal, criando em sua mente um ambiente perfeito de harmonia e felicidade - tentando entender por que ele não podia mais desfrutar de um momento como aquele.
Acordou de seus delírios com a buzina do carro de trás, chegava a sua vez de pagar o pedágio.
Agora doía ainda mais pensar em suas perdas. Estava cansado e triste, por isso resolveu entrar na pequena cidade que avistava.
Logo procurou um hotel para descansar, um lugar aonde pudesse jogar seu corpo - que não dormia direito há duas noites, desde o acidente - e apagar do mundo.
Dispensou a simpatia da atendente do hotel e caminhou para o quarto, deixando-a falando sozinha sobre os luxos do aposento.
Abriu a porta e ficou mirando a cama de casal. Dormiria pela primeira vez numa dessas sem sua esposa. Ligou a ducha e deixou a água correr em seu corpo, esquecendo até do sabonete. Mas que diferença faz, não é verdade?
Jogou-se na cama e fez força para dormir, mas não conseguia parar de pensar na família do carro ao lado. Depois de alguns minutos apagou num sono profundo.
Mal sabia ele que aquele casal levava as duas filhas para a mesma cidade onde ele estava hospedado. Só que o que procuravam era um internato, aonde pudessem deixar as meninas e vê-las somente nos feriados e nas férias escolares. Seria um alívio para aqueles pais, que se sentiam infelizes em ter a responsabilidade de criar as duas crianças.
O mundo tirou de um homem seu alicerce - seus amores. Outros, para voltarem a ter felicidade, escolheram ficar sozinhos, afastando em outro mundo suas mais belas criações.