Hoje quem manda o recado é o amigo Augusto Barros, do blog "Poesias do Augusto": http://poesiasdoaugusto.blogspot.com/ (indico aos que curtem poesia).
Boa leitura e deixem seus comentários...
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OS BARULHOS DO RIO
Sábado à noite, às dez horas, estavam deitados na cama. Talvez para dormirem, mas assistiram um filme. A mulher, fitando a televisão, indaga ao marido:
― Vamos à praia?
― A essa hora?
― E o que é que tem?
― Você por acaso olhou o relógio?
― Sim.
― Não parece.
― Ah amor! Deixa de ser desanimado vai!
― Não é desân...
― A praia a essa hora é linda! Aliás, o Rio de Janeiro todo a essa hora é lindo! Tão romântico...
― Hum.
― O Cristo iluminado... o Pão-de-açúcar...
― Os assaltos... os furtos...
― Ipanema banhada pelo luar... o barulho das ondas...
― As balas perdidas... o tráfico de drogas...
Segundos de silêncio. O marido a olha com semblante de negação. A mulher, então, exclama:
― Desisto!
― Ótimo. Vou dormir. Beijo.
― Beijo. Boa noite, né?!
― Boa noite amor.
Ele apaga o abajur ao seu lado na cabeceira. Não passa dez minutos para que a mulher, novamente, exclame:
― Que saco!
― O que foi dessa vez?
― O que foi?! Não está ouvindo esse barulho?!
― É a sirene da polícia, oras.
― Não está dando para dormir assim!
― Então feche os olhos e imagine o barulho das ondas em Ipanema. (E ele riu ironicamente)
― Chato!
A mulher vira para o lado levando o travesseiro ao ouvido. Demora a dormir.
Augusto Barros Mendes
1 comentários:
Obrigado por postar o texto aqui!
Adoro esse espaço.
Abraço!
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