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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Abrindo alas para o craque.

Amigos, não costumo fazer isso, mas o texto do Tostão (ex-craque dos gramados e craque com as palavras) do último dia 09/12/09 merece ser partilhado com todos os leitores que se escondem por aqui. Acho perfeita a análise dele sobre o atual momento do futebol brasileiro e mundial, colocando sua visão sobre a importância do técnico para um time.
Aproveitem mais uma obra desse craque:

"Tostão
O antiprofessor

09 Dez 2009 - 00h24min

Andrade não é apenas o treinador que entende a linguagem dos jogadores, como diz o chavão.
Essa expressão é preconceituosa, como se o ex-atleta, sem diploma e sem um discurso professoral, não tivesse capacidade intelectual de comandar um grupo. Ainda mais se for negro.

Um grande título e um ótimo trabalho não são suficientes para se tornar, definitivamente, um grande treinador. Isso vale também para os jogadores e qualquer profissional. Só com o tempo, teremos certeza. Andrade ainda não é, mas tem tudo para ser um excelente técnico.

Andrade não tem nada a ver com os treinadores-professores. Andrade é o antiprofessor. Trabalha sem se notar.Andrade acabou com outro chavão, o de que Leonardo Moura e Juan teriam que jogar ao lado de três zagueiros.

Assim como o Flamengo, quase todas as seleções que irão ao Mundial atuam com dois zagueiros e dois laterais. As exceções são Chile, Uruguai e Grécia, como mostrou Paulo Vinícius Coelho, no caderno especial da Folha, após o sorteio dos grupos. Se Dunga quiser informações sobre a misteriosa Coreia do Norte, deveria ligar para o PVC..

Andrade não fez apenas mudanças táticas. Ensinou a Toró, Willians e Aírton como se joga futebol. Os três passavam todas as partidas correndo atrás dos adversários, muitas vezes com faltas e pontapés. E ainda recebiam elogios.

Excelente marcador é o que se posiciona bem, joga em pé, não dá carrinho, antevê o lance, antecipa ao adversário e ainda inicia o contra-ataque com um bom passe. É o que fazia Andrade.

Dou importância, mas nem tanto, como deram, às contratações de Álvaro e Maldonado. Depois que o time mudou a maneira de marcar, a ausência de um ou dos dois, em vários jogos, como no último, não prejudicou a marcação.

Além de atuar no mesmo esquema tático, o Flamengo, como a Seleção Brasileira, prefere marcar mais atrás e atrair o adversário para contra-atacar com poucos passes em direção ao gol. Quase todos os times do mundo jogam assim. É o futebol globalizado, eficiente, que veremos na Copa.

Prefiro outro estilo, de marcação mais adiantada, por pressão e com muita troca de passes, como joga o Barcelona. Todos marcam muito e todos jogam muito. O futebol fica mais bonito, sem perder a eficiência. Dos times brasileiros, o Cruzeiro é o que mais tenta jogar dessa forma.

Detesto ver jogadores que, para se livrar da bola, cruzam para a área. E, às vezes, dá certo. Com exceção de algumas poucas partidas entre as melhores equipes da Europa, o futebol que se joga lá é o mesmo que se joga aqui.

O futebol evoluiu na preparação física, na velocidade, nas jogadas ensaiadas, nos lances aéreos e em várias outras situações. Nada disso impede que se jogue também com muita troca de passes, criatividade e fantasia. É isso que dá encanto ao futebol.

O bolo, sem a cereja, fica feio, seco e amargo.

Não sou um sessentão saudosista, de achar que tudo no passado era melhor, nem um admirador do futebol moderno e do que se joga hoje na Europa. O futebol que gosto não é o do passado nem o do presente. Gosto de bom futebol."

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Mundo virtual X Mundo real.

Vejo o orkut como uma ferramenta de grandes proporções entre os brasileiros. O que acontece ali é imediatamente espalhado pelos pares, numa velocidade impressionante. Por outro lado, vejo esse mesmo meio como uma forma desesperada de ser percebido pela sociedade. Explico: As constantes atualizações, as inúmeras ferramentas que fomentam o atual momento da pessoa - em relação a relacionamento, trabalho, sentimento do dia, fotos em eventos - são para mim como um grito, como um acenar de mãos acompanhado de: “Ei todos que fazem parte da minha rede, vejam, não estou mais casado, ou não estou mais trabalhando naquela empresa, ou, fui para Cabo Frio no carnaval, ou ainda, vejam minhas novas comunidades, leiam as entrelinhas e perceberão o que estou sentindo e querendo da vida". Curioso isso, porque é através dessas comunidades que as pessoas esperam ser entendidas - lidas - pelas demais.

Quando se vai a algum evento de grandes proporções, como numa corrida de fórmula 1 por exemplo, o sujeito chega em casa e já procura a comunidade: “Fórmula 1 no Brasil, eu fui!”. Quando a pessoa se interessa por outra, mas não quer ser direta nem indiscreta, procura logo uma daquelas comunidades: “O que tem que ser meu, será meu”. Todos os amigos da rede olham aquela comunidade e podem não entender nada, mas o recado foi dado e, claro, só pode ser para uma pessoa daquele ciclo social.

É interessante essa construção de laços virtuais. Mantemos nossa vida real paralela a esse mundo da internet. Só que, e a real importância desse mundo on-line? Que tipo de relação se é construída de fato nesse universo? Elas substituem os reais encontros, as histórias da relações entre as pessoas? E as durezas e as dificuldades da vida, podem ser resolvidas nesse universo sem profundidade da internet?

Eu tenho minha resposta para essas perguntas. Acredito que longe da máquina, nas ruas e nas relações interpessoais, o desafio é muito maior. Não há muito espaço para relacionamentos com o mínimo de interligação, não se tem como “deletar” um problema desligando o computador ou bloqueando alguém de sua rede. Os problemas no mundo real são obrigatoriamente encarados de frente (querendo ou não), cada um a sua maneira. Por outro lado, as alegrias, as demonstrações de amizade e de amor são muito mais genuínas no plano real do que os formados pelos fios dos pcs. O sorriso de um grande amor, uma declaração de carinho, amizade ou confiança, valem muito mais do que fotos, textos pré-moldados, conversas superficiais e um apelo virtual do tipo: "Vejam como está minha vida, vejam minhas fotos, vejam minhas comunidades, desvendam meus pensamentos..."

Posso estar nadando contra a corrente dos jovens de hoje, mas prefiro remar sozinho para um lado que acredito do que fazer parte de um universo preestabelecido, onde tudo e todos parecem repetir gestos e atitudes, como um rebanho muito bem treinado.

E você, o que acha disso tudo? Deixe sua opinião?!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O curioso beicinho do ex-rei.

Vocês conhecem a história daquele “tiozinho” que, depois de passar anos trabalhando num mesmo cargo, se aposenta e passa - devido a inatividade - a azedar bravatas sobre o seu substituto?! Pois é, esse mesmo senhor, que por anos ficou centralizado sob as luzes do poder, apequena-se num mundo novo, onde sua fama e suas transloucadas idéias soam como vozes inauditas pelos demais. Esse ciclo de troca do poder, onde a cadeira de rei de hoje será ocupada por uma nova majestade amanhã, muitas vezes produz um instinto depressivo em quem perde a coroa e fica resmungando do novo sucesso no reinado. Não adiantam os chiliques da elite inconformado por essa troca, não adianta os que apelam por qualquer motivo para desqualificar o novo Rei, o sucesso está nas ruas, na aprovação dos súditos ao novo monarca, de uma forma simples, cristalina, daqueles que sempre sofreram com a pobreza, mas que, pelo menos agora, vêem uma saída para suas dificuldades.

O novo rei, aliás, poderia ser mais poderoso se cumprisse de fato com o que prometia em suas subidas ao palanque: falta maior investimento em educação e, principalmente, em saúde; mas, pelo menos agora as coisas estão - mesmo que vagarosamente - andando. As universidades federais percebem o investimento melhor em pesquisas científicas, com apoio de empresas estatais em projetos de suma importância para o desenvolvimento do país, abrindo espaço para o crescimento dos jovens pesquisadores. O campo diplomático brasileiro nunca foi tão valorizado, o país nunca foi tão respeitado lá fora e visto (quase) de igual para igual com grandes potências de outrora. Mas isso passa em branco em mentes cegas de quem quer enxergar aquilo que interessa. Aí não há argumentos para gastar nesse humilde blog que faça a pessoa pensar ao contrário - nem pretendo isso, na verdade. Cada um segue suas idéias. Só acho curioso é que, em grande parte das vezes, o argumento para desqualificar o atual monarca seja o escracho de um sujeito simples, oriundo de um trabalho braçal, mas que chegou ao poder com toda limpeza que uma democracia proporciona. Isso não importa, o que vale, na verdade, é o inverso da lógica do time de futebol. Vamos a ela:

Suponhamos que um torcedor do América do Rio veja as eleições para a presidência do clube se aproximarem. Ele, como todo fanático, tem seu candidato de preferência por “n” motivos. Só que, pelo fato de ser uma eleição democrata, ele percebe a derrota do seu candidato e, mais que isso, a vitória do sujeito que ele menos gostaria. Pronto, está tudo acabado. Ele não mais torcerá para seu clube, deixará de ir aos estádios, e mais, torcerá para que o América permaneça no submundo do futebol brasileiro, certo? Claro que não, independente das questões políticas, ele será fiel ao seu princípio de ligação ao clube, torcendo para o sucesso daquela nova gestão, mesmo que para isso, lá na frente e de volta a elite do futebol nacional ela reconheça: É, o presidente fez um ótimo trabalho e merece continuar no cargo!

Tracei esse paralelo mesmo percebendo que os sentimentos entre política e futebol, apesar de algumas semelhanças, são de intensidades diferentes. Até confesso, não sou hipócrita, que quando um candidato está no poder, contra meu gosto pessoal, procuro muito mais os defeitos do que reconhecer as qualidades, acredito, inclusive, que isso seja natural do ser humano. Só não entendo, caros amigos, como os argumentos de pessoas esclarecidas, vão ao limbo para desqualificar o rei e seus pares. A falta de razão se mistura com um sentimento infantil de desqualificar por desqualificar. Argumentos completamente irracionais sobem ao tabuleiro das relações cotidianas e até assustam pelas palavras impensadas. Coisas do tipo: “metalúrgico no poder?! Argh...”; “fizeram filme para homenageá-lo, já ta querendo eleger a Dilma”; “nove dedos em reunião da ONU, que vergonha pro Brasil”; outro que ouvi de um senador do DEM, no programa “Pânico, da Rede TV”: “esse senhor faz aniversário?!...risos de deboche”; ou, “ele podia morrer de gripe suína, ou ser assassinado no carro aberto“... Esse desqualificar por desqualificar é até engraçado quando vem de pessoas humildes, sem instrução, que falam até sem maldade certas coisas, até por se sentirem excluídas da sociedade e saberem que ninguém ouvirá (ou levará a sério) aquelas palavras; mas têm pessoas que você até se assusta quando ouve coisas desse tipo...

E por fim, até para encerrar esse já longo texto, me arrepio com o ex-presidente FHC, sobre o governo atual. Ele tem todo o direito de criticar e até certa razão em alguns pontos de vista, mas é de um rancor tremendo que chega a dar dó. A última coluna do ex-presidente que li no O GLOBO de domingo, foi de uma mágoa daquela criança que era a mais querida da turma, mas vê entrar na sala um novo colega que ofusca todo seu sucesso. Fica na minha idéia, um senhor que governou o país por oito anos, escrevendo artigos com um beicinho inconsolável, dentro de seu amplo apartamento em Paris, dando goles em vinhos que nunca beberei, soluçando em palavras estrangeiras, inconformado com os números de aprovação do sucessor e tentando desqualificar o atual governo a qualquer custo. Um papelão para um senhor que poderia, pelo menos, manter uma classe aparente. Como diz Paulo Henrique Amorim em seu blog: “A inveja tem a vantagem de corroer o invejoso por dentro.”

Comente a vontade e fique sempre com sua opinião.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O que se vê e o que se lê.

Estou cansado de assistir esses telejornais chapa-branca. Todos seguem o mesmo modelo global de passar as notícias e têm uma linha editorial para lá de comprometida com alguns interesses. O pior é ouvirmos um discurso imparcial, de um jornalismo limpo, que só é feito para retratar o que de fato acontece, sem qualquer tipo de interesse. Está bem, vá contar essa ladainha em outro terreiro, aqui não. Mas o que de fato me deixa estupefato é pelo formato único de ser. Se prestarmos atenção, parece que todos os jornais, das mais diversas emissoras, são uma cópia do JN global, uns mais parecidos, outros menos. A velocidade da notícia é a mesma, a falta de reflexão também se assemelha, enfim, um faz-de-conta com estruturas (quase) idênticas.

E a velocidade das notícias?! Já perceberam como não conseguimos fixar uma notícia sequer depois que os telejornais terminam?! Elas são feitas numa velocidade tal, com pouca duração e seguidas por outras notícias, que mal dá tempo do telespectador refletir e tentar tirar sua própria conclusão sobre o que é noticiado. O tempo na Tv é tudo. Se uma questão está sendo retratada de maneira interessante, com entrevistados que de fato acrescentam informações ao que se noticia, gerando uma discussão com vários pontos de vista, mas, se por outro lado, o tempo está chegando ao fim, tenham certeza, não há boa informação (ou discussão) que resista, o repórter será obrigado, através do ponto eletrônico, a interromper aquele momento, para o jornal não sair do seu formato quadrado. Aprofundar demais não é interessante, afinal de contas, o jornal precisa ir para o seu breve intervalo, e colocar em evidência seus anunciantes...

E o olhar crítico do jornalista que apresenta o telejornal? Quantos já não foram os casos de jornalistas que foram demitidos por fugirem ao script e opinar sobre determinado assunto?! Quem não se lembra do caso do jornalista Jorge Kajuru que, ao criticar o atual governador de Minas Gerais, Aécio Neves, antes de um jogo do Brasil contra Argentina, em Belo Horizonte, foi demitido ao vivo na Band, com o programa ainda no ar. O bem assessorado governador teria ligado para a emissora e pedido a cabeça do jornalista. Pedido feito, pedido atendido.

Kajuru, inclusive, é uma figura que tive a oportunidade de conhecer aqui na Granja Comary, em Teresópolis, em 2003. Tive o prazer de entrevistá-lo para a rádio da faculdade e ver de perto sua indignação com o fazer jornalismo no Brasil. Só como um lembrança rápida, o polêmico Kajuru, a certa altura da entrevista comparou: - O mundo do jornalismo é mais sujo que o das prostitutas, com todo respeito as prostiturtas - enfatizou. Essa frase nunca mais saiu da minha cabeça e os anos que se passaram entre universidade e experiências profissionais me fizeram perceber as coisas com outros olhos.

Enfim, amigos leitores do ESCONDIDIN, hoje não tenho paciência de ver muitos formatos "perfeitos" da impressa brasileira. Procuro me manter informado através de rádio, internet e algumas revistas que ainda contam um outro lado da história, como "Caros Amigos" e "Carta Capital". Não consigo ler uma VEJA sem perceber que ISTO É comprometida com alguns interesses. Acho que não é ÉPOCA de convivermos com um jornalismo desse tipo, onde se levanta uma bandeira sem assumi-la. Estou cansado desses formatos, mas, obviamente, respeito os que pensam diferente.

Aproveitem esse espaço para deixarem suas opiniões, concordarem e discordarem com esse blogueiro que vos escreve.

Fiquem à vontade.

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