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terça-feira, 23 de junho de 2009

Sonho?

Sabe quando você acorda assustado depois de um sonho terrível? Pois bem, foi assim que acordei hoje. Estava preenchendo uma ficha de emprego quando percebi que meu sobrenome havia mudado. Tomei um susto com essa novidade inexplicável, presente só mesmo num sonho. Meu nome não estava lá como antes, agora havia um acréscimo terrível: Depois do até então último nome, Gomes, foi acrescentado por minhas mãos involuntárias, um conhecido sobrenome: Sarney.

Fiquei impressionado. Veio-me na mente os atos secretos da vida, a atuação nebulosa no Senado Federal, os podres históricos de um homem historicamente (e, por que não, eternamente) lembrado por ser o presidente da democracia, o sucessor da ditadura militar. Nesse momento dei pulos involuntários no pequeno colchão que cobre minha cama. Ainda desacordado, me senti culpado por essa nova personalidade assumida, um legado para lá de complicado.

Tentei acordar, mas não foi possível. Nessas horas o sono é um castigo duro, digno de lamento. Corri pelo meu quarto de olhos fechados, buscava nas batidas que dava no armário, na cama, e na mesa um despertar dolorido; mas nada.

Busquei um pecado enorme que poderia ter feito para merecer tamanho castigo, só que não encontrei um sequer dessa magnitude. Jurei para mim mesmo que, caso o feitiço passasse, falaria aos meus pais no outro dia o quanto amo o nome que escolheram. Pensei em cada letra que forma o novo último nome; rezei.

Por um minuto viajei pelo Maranhão, sentindo o apontar dos dedos do povo simples em minha direção. Não queria fazer parte daquela culpa, mas era inevitável. A pobreza e o desmando daqueles lugares eram obra de pessoas que - agora - faziam parte de meu convívio.

Por alguns segundos, e mesmo por esses míseros momentos, mergulhei nos desmandos e no esconderijo de uma instituição Federal, tratada como o quintal de casa de minha família. Eram inúmeras acusações, enormes descasos, vergonhosas atitudes - tudo agora em minha direção.

Desviei dessas pedras institucionalizadas da grande mídia, quase me apoderei do discurso de meu novo brasão familiar. Se continuasse por mais alguns minutos, possivelmente me transformaria, de fato, no que temia.

Um forte clarão iluminou meu quarto - e minha alma. Acordei assustado e tentando entender o porquê daquilo tudo. Busquei rapidamente minha carteira na ânsia de conferir em meu documento de identidade meu verdadeiro ser. Estava lá, o meu nome terminava (só) em Gomes novamente.

Ufa! Atirei-me na cama. Respirei aliviado e quase peguei no sono. Nesse momento o sonho (pesadelo) voltou claro em minha mente. Tentei tirar um lado bom (sic) desse mistério: - Se eu tivesse esse sobrenome, não teria mais que procurar emprego. Bastaria enviar meus dados ao Senado e garantir uns míseros doze mil reais por mês. Nada mal. Êhh, Brasil! - ri envergonhado e dormi mais meia-hora.

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