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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Minha janela, meu olhar.

Comecei a escrever ouvindo o barulho do pegador da cortina. Coisa indiferente, sem importância detalhar o que é esse objeto que dita o ritmo enquanto o vento o empurra contra a parede. Mantenho a concentração, sou amparado por dois ventiladores, um de teto e um de chão. Eles se esforçam para manter minha mente arejada, meu suor controlado, mas o calor que vem de fora quase vence essas artimanhas grande consumidoras de energia elétrica. Sinto um cheiro forte de gás. Estranho! Tudo está fechado, o fogão, parado, de onde vem?  Confiro novamente as instalações e sou passageiro do acaso - Deve ser impressão minha - torço! O horário de verão faz o entardecer ser preguiçoso, adia a noite, enquanto o relógio já quase marca oito horas. Horário de verão não muda só uma hora pra lá ou pra cá, ele muda nosso espírito, até o cheiro das coisas parece diferente.

Vejo daqui a senhorinha de cabelos brancos na janela. Ela se apoia nas duas barras de ferro paralelas e faz o sinal da cruz. Por um momento me pego em oração com aquela velhinha desconhecida, mas já integrante da paisagem da minha sala. Ela olha para o céu e parece dizer alguma coisa. Entra em conformidade com os deuses, com sua crença e retorna para sua casa - deixando um adeus para mim. 

Lá embaixo, na calçada, mais uma viatura da polícia para em frente ao estabelecimento. Como de costume um policial sai do carro e volta sorridente e com uma garrafinha d'água na mão. Estranho aquele movimento, ele é repetido quase todos os dias da semana.

Meu celular me interrompe. Ele rompe com o momento de reflexão, me trás notícias de uma pessoa querida que não está bem. Volto para janela e me perco na loucura dos carros. Fico atônito no meio daquele barulho, do estresse, da correria. Tento entender o ritmo do mundo, tento voltar para dentro dessa realidade; mas agora estou perdido. Escapei de mim mesmo nos meus devaneios. Preciso de ar, de água de mar, de colocar para fora essas sensações. Preciso escrever, refletir, concatenar as ideias que borbulham e tornam essa mente inquieta.

Pronto!

Agora estou mais sereno. Deixo as coisas falarem por si. Tenho medo de escrever tudo e esgotar as coisas que tenho para dizer. É preciso respeitar o ponto final.

2 comentários:

CARLA FABIANE... disse...

caro amigo...
gostei de seu modo de trsnparecer a realidade...
me vi em cada segundo de seus devaneios reais...
obrigada pela visita e seu carinho...
se puder faça -me outras...tenho mais dois espaços de devaneios tbm...
uma semana repleta de benção e inspiração!!!... um abraço.....

Augusto Barros disse...

Amei o final. E é preciso respeitar mesmo! Adorei o texto.

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