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sábado, 9 de maio de 2020

O goleiro na cobrança de pênaltis


Fim de jogo, tudo empatado, vamos para as penalidades máximas. Tensão no ar, jogadores, torcedores,....Menos para o goleiro. Pois é, parece contraditório, mas trata-se da figura que, ou passará despercebido, caso o time perca e não faça nenhuma defesa; ou será alçado a figura de herói, se decidir a partida com suas defesas. Confortável, não?
Algo semelhante acontece no mundo hoje com essa pandemia que fechou as portas dos países. O goleiro, nesse caso, ou melhor, os goleiros são os presidentes (primeiros-ministros, representantes dos países, enfim).
O que se passa hoje nunca aconteceu na história moderna, não temos modelos para saber o caminho a seguir. Tudo novo para todos!
Eles estão tendo a oportunidade de se aproximar de seus povos, tratando com humanidade o tema, despolitizando a questão, tomando decisões importantes, mesmo que duras economicamente. Pois, deixando a questão política de lado, é preciso unir esforços para fazer a humanidade passar por essa crise.
Alguns goleiros, no entanto, levam ao pé da letra a ideia de “não ter responsabilidade” no momento decisivo, parecem fazer força para manchar seu nome na história. A começar pelo camisa 1 do Brasil (ai essa camisa amarela, hasteada pela idiotia...) Senão vejamos:
- O presidente Bolsonaro tem culpa do covid-19 chegar no país?
Óbvio que não.
- A crise econômica aconteceria independente do presidente que está no comando do Brasil hoje?
Claro que sim. Acredita-se que os efeitos serão muito piores que a crise de 1929 nos EUA. Recessão a vista!
- O que o presidente poderia fazer então?
Pergunta pertinente - ele não costuma gostar muito delas, na verdade, prefere o afago dos seus.
Fosse cercado por gente decente, poderia mostrar os efeitos inevitáveis na economia sem passar por cima do bom senso. Pedir demais, né? Esse governo se faz com ministérios agindo pelo ódio, desmistros (sic!).
Ele costuma se dirigir aos seus e, como se ainda estivesse em campanha, prefere agir como um inconsequente debochando do isolamento social, como se fosse um adversário político, num embate sem o menor sentido - e com palmas garantidas por uma plateia ávida por um algo novo na (velha) política.
Falta sensibilidade, e como dito acima (e sempre repito desde quando ainda era deputado), um assessor que o aconselhasse, pelo menos, a dizer umas cinco palavras de conforto para as famílias que estão perdendo seus entes queridos. Liturgia do cargo, presidente.
Mas opta pelo deboche ("e daí" se passou o número de mortos da China? Ele não é coveiro, como disse).
Além disso, no dia que país passa de 600 mortos pelo covid-19 ele declara à imprensa que faria um churrasco para 30 convidados.
Que tipo de ser humano é esse? É inacreditável a falta de sensibilidade, de habilidade para lidar com o que passamos. Como ainda tem apoio? Como? Por que esse malabarismo irresponsável de justificar o injustificável?
O sistema de saúde quase em colapso e uma marcha inconsequente para reabrir tudo, "enfrentar o vírus", como disse. Como se fosse um oponente colocado no ringue pelos opositores, numa luta fictícia, irracional.
Minha incompreensão pela falta de uma assessoria que proibisse essas declarações foi substituída pela certeza (mais do que nunca!) que ele é assim mesmo; fala nada mais nada menos o que pensa de verdade - com a certeza de sempre ter uns cativos apoiadores (como o menino mimado que, quando contrariado, vê no mundo a culpa pelo seu insucesso).
O mundo precisa de amor. A gente está numa espiral de reinventar as relações, pressão psicológica pesada, trabalhar de casa, cuidar dos nossos, nos afastar de quem gostamos justamente por querer preservá-los.
E, além de todo esse enfrentamento novo e diário, ainda temos que engolir esse posicionamento genocida do presidente.
O presidente da Argentina, Alberto Fernandez, tem hoje a maior aprovação da história do país (quase 94%). O que ele faz? Age como um líder, firmeza e apoio de todos. Bolsonaro tinha A chance de ser aprovado, pelo menos, pela postura perante a pandemia, mesmo por aqueles que fazem oposição a seu governo.
O goleiro, que sairia despercebido ou herói, foi parar nas capas dos jornais mesmo perdendo o jogo. Sua postura inconsequente deixou boquiaberto a todos (quase todos). Ele tinha uma grande oportunidade...
A derrota para o vírus é inevitável, em todas as áreas. Só que às vezes, a postura na derrota é muito mais digna do que no momento de glória. Mas uma parte da arquibancada, entorpecida, não cansa em aplaudir.
Carlinhos Horta

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