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quinta-feira, 24 de maio de 2018

Crise no abastecimento dos combustíveis e o individualismo.

Tem um quê de individualismo essa mobilização toda causada pela greve dos caminhoneiros.

Calma, não estou dizendo que essa classe de trabalhadores é individualista, pelo contrário, estão dando uma aula de movimento coletivo, de unidade em lutar pelos seus direitos.

Aliás, se tem uma coisa positiva de todo esse caldo atual é a valorização (do dia pra noite, curioso, não?) da importância do trabalhador dentro de um caminhão para a economia desse país. Em nossa terra, ainda naquele ranço do status/de/querer/ser/reconhecido/como/elite, torce-se muito o nariz para funções "menos" valorizadas, as famosas profissões "sem estudo" - aquela repetição boçal de nossa classe média que mal consegue perceber que é explorada tanto quanto qualquer trabalhador.

Essa surpresa toda com as consequências da greve dos rodoviários, me faz lembrar a paralisação dos garis cariocas em pleno carnaval de 2014. Rapaz, ô classe pra ter força! Parou de recolher o lixo, Dudu Paes ficou maluco e foi logo aceitando (minimamente) as condições da rapaziada de laranja.

Pois bem, no meio de tanto fumacê que o atual movimento tem causado, percebo que o apoio a essa greve ganhou uma força muito grande de boa parte da população - coisa muito rara em tempos de se indignar com qualquer manifestação que quebre (com trocadilho) a rotina da cidade.

Fiquei buscando uma resposta para esse apoio aos caminhoneiros, mesmo com os mercados vazios e os postos idem. Dois goles de café depois, foi fácil constatar: ninguém está aguentando esse aumento de preço semanal dos combustíveis – nem o sujeito do busão, nem o do carro importado; o movimento da classe dos rodoviários é um alento de mudança, uma esperança.

Aquele famoso: Vish, agora mexeu comigo. Isso explicaria então por que, quando não é comigo, eu fecho os olhos e viro a cara?

Professor de escola pública em greve? "Meu filho estuda em particular. Esses vândalos que não querem trabalhar..."
Médicos e equipe do hospital parando rua para protestar contra a falta de condições de trabalho? "Não uso o SUS mesmo, esses caras não têm direito de parar uma rua ou rodovia, estão atrasando meu compromisso".

Mas agora pode?

Não tem empatia nenhuma esse apoio pela parada dos caminhoneiros. Zero!

De certa forma, é uma torcida, um apelo para que eles consigam melhorar algo "para mim".

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