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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Ex-tocador de violão.

Há quinze anos resolvi aprender a tocar violão. Era um garoto entrando na adolescência e querendo aprender a dominar um instrumento musical - e buscando uma afirmação pessoal. Arrumei um professor na cidade e frequentei, por alguns sábados à tarde, as cansativas aulas. Já deixo claro que foi muito cansativo porque eu optei por aprender sobre as partituras musicais, antes mesmo de tocar a viola na prática. Um erro fatal!

O professor se dedicava, me passava uns exercícios teóricos para verificar meu crescimento nas notas musicais, mas chegava a outra semana e nós percebíamos que eu não estava evoluindo.

(Imagem retirada do site: http://migre.me/hyOOf)

Fiquei uns meses na aula, até arrumar uma desculpa e sair da rotina das claves de Sol. Confesso que peguei um pouco de birra do violão, coisa de menino sendo contrariado, e deixei de lado essa vontade arrebatadora de arranhar uns acordes e ganhar reconhecimento entre os amigos. Mas a frente, uns dois anos depois, recorri às revistinhas de banca de jornal. Melhorei bastante, mas longe de deslanchar no instrumento. Dedilhava algumas músicas, arranhava uns sucessos bem batidos (e que nem gostava tanto), mas nunca engrenava naquela relação com as seis cordas.

Parei de vez, o violão virou um artigo de luxo no meu quarto, uma peça para decorar e me fazer lembrar do dia em que o ganhei de Natal, cheio de promessas e sonhos.

Hoje, passados 15 anos, reencontrei o antigo violão, deixado de lado, empoeirado - e já nem servindo mais de enfeite - maltratado pelo tempo... 

Corri o dedo pelas velhas cordas do instrumento, achei graça do som desafinado que saia dali. Mergulhei fundo no sentimento passado, nas músicas não tocadas, nos sonhos revividos.

Por alguns minutos, relembrei acordes daquela época, desafinei como antes. Brinquei até a ponta dos dedos da mão esquerda queimarem. Queria doar esse instrumento para alguma criança, mas ainda estou muito preso aos sentimentos presentes nele, às notas nunca tocadas, às músicas jamais compostas. 

Uma hora deixarei ele ir...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Caminhando.... Sonho.

"Caminhavam lado a lado pela estrada. Deserta, quente, de uma paisagem perdida, não ligava a outra estrada, não tinha começo nem final. Era como um rio que não desagua no mar, um rio que simplesmente existe para compor uma paisagem. Mas as duas estavam ali, tendo que procurar sobreviver naquele ambiente desagradável. Nada falavam, só ouviam os passos aleatórios, só gostavam de ter a companhia uma da outra, de não estar sozinhas.

A água já estava acabando, comida não havia mais, era tudo um cenário perfeito de últimos suspiros. De onde viria o resgate, de onde sairia o carro capaz de encontrá-las, se aquela estrada não dava em lugar algum!? Uma resolveu parar e olhar a paisagem em todos os seus cantos, tentar descobrir o que era aquilo, tentar lembrar de um passado que as estivessem levado até ali; mas nada. A outra ameaçou falar algo, pensou em perguntar o nome da outra mulher, tinha certeza que não a conhecia. A reflexão foi sincronizada. Elas se encararam, uma com os olhos cheio d'água; outra seca, mas incrédula.

O céu compunha uma cor forte, um laranja azulado, como um pôr-do-sol hipnotizante. Era diferente, era assustador... As duas fecharam os olhos ao mesmo tempo, forçavam uma busca, uma explicação. Ao voltarem para si e para o mundo, se depararam com um jovem rapaz caminhando em direção a elas...

Ele as encontrou com um sorriso, desses espontâneos. Falou que era um prazer recebê-las nesse mundo novo. Disse que as duas precisariam demais uma da outra a partir daquele momento. Não explicou muito, só pediu que o seguissem. Elas não tinham outra escolha. O rapaz era confiável, parecia, pelo menos. Caminharam mais umas três horas pela estrada, todos em silêncio. Chegaram num imenso portão, separando o mundo que estavam de um belo jardim florido. As duas se olharam, aquele lugar parecia mágico. Nem esperaram pelo convite do jovem e já entraram, confiantes. 

Lá havia uma enorme quantidade de pessoas trabalhando, caminhando, todos sérios, mas pareciam felizes. O jovem as convidou para entrarem numa casa simples e as serviu um banquete delicioso. Aquele lugar, explicou o jovem, era a colônia dos sonhos. Ali se trabalha com os sonhos vindos dos sonos das pessoas na Terra. Daquele portão para dentro não entrava pesadelo, eram só rosas e maravilhosos desejos. Elas estavam sendo convidadas para fazer parte daquele mundo, trabalhar nos sonhos, garantir aos que dormem os mais belos desejos, a fuga da realidade.

As duas se assustaram. Saber que estavam mortas era uma dor desconhecida. E as causas? E as famílias que ficaram para trás? Tinham muitas perguntas a fazer. - Com o tempo as respostas vão aparecendo - garantiu o sorridente jovem, como que adivinhando os pensamentos delas. Elas não tinham escolha: Ou aceitavam fazer parte desse novo mundo real dos sonhos, ou voltavam para a estrada deserta, infinita. Resolveram trabalhar naquele novo mundo, escolheram largar a estrada desconhecida e assustadora. Apostaram no novo e encantado mundo..."

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Acordei assustado, suado. Esse mundo que se criou em minha mente, contado nessas linhas, foi um fruto de um sonho. Não sei se eu era o jovem, ou se fazia parte dessa colônia, mas foi tudo tão real... Será que construíram meu sonho nesse lugar? Muitas perguntas, muitas divagações e o dia pela frente. Deixa eu voltar a realidade, ou seja lá o que isso significa.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Caminhando e sonhando...

Ações simultâneas nos acometem... Trevo de quatro folhas no bolso e vou caminhando... Vou lento, vou rápido, mas vou. De repente, através dos olhos úmidos, me deparo comigo mesmo atravessando a rua. Isso, uma cópia idêntica. Cópia não, sou eu mesmo em todos os sentidos. Como é curioso me ver vivendo... A roupa, o jeito de andar, as expressões, a coceira na cabeça; tudo ali na minha frente. Divirto-me com essa sensação. Tento provocar um encontro entre nós dois. "Nós" porque essa palavra é de primeira pessoa e, mesmo sendo dois, sou um só.

Confusão, um nó na cabeça de todos. Mas o encontro está aí. É bom perceber que faço parte da massa que anda rápida e individualmente em seu destino. Uns de óculos, outros, sem; uns com fones no ouvido, outros falando ao celular e eu, caminhando... Fiquei curioso e comecei a me seguir. Aonde iria esse sujeito tão próximo? O destino é o que menos interessava, o trajeto e o fazer o caminho era o que instigava.

Caminhei sorrateiro com medo de ser descoberto por mim mesmo. Orgulhei da gentileza que oferecia a uma senhora que atravessava com dificuldade a rua. - Eitâ homem bom, gente. Mas percebi "um quê" de preocupação em mim. Uma ruga forçada na testa, daquele franzir de quem está com algo (geralmente não muito bom) em mente. - Já vem a ansiedade me atacar novamente - pensei com meus botões. Mas não podia saber o que era. O negócio era caminhar, seguir...

Acordei todo suado. Olhei para o lado e vi o celular despertando (hoje em dia celular desperta e relógio faz ligação. Coisas da modernidade...). Não havia ninguém no meu quarto, muito menos um outro "eu" me observando. Não passou de um sonho. Ri de mim mesmo, ri do fato de me procurar no meu quarto e lamentei não ter ido até o final naquele sonho. Mas as vezes é melhor assim, deixa a mente vagar por esses campos da imaginação (parece até samba!). Levantei, tomei um banho e comecei o dia.

Ao sair de casa vi um sujeito parecido comigo. Tudo bem que nem parecia tanto, mas a clareza do sonho despertou novamente. Ele entrou no carro e seguiu seu caminho. Fiquei imaginando como seria a vida daquele sujeito. Pronto, enquanto o ônibus parava para eu entrar, eu já estava sonhando, só que agora acordado.



(Imagem retirada do site: http://nosasvoltascomahistoria.files.wordpress.com/2007/06/trevo.jpg)

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