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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Primeira entrevista do blog - jornalista Décio Lopes (SPORTV).

Novidade no esconderijo! Pela primeira vez posto uma entrevista, concedida por e-mail, com uma figura importante do jornalismo brasileiro: O jornalista esportivo Décio Lopes. Ele falou um pouco do universo jornalístico, de suas viagens, de sua carreira, entre outras coisas. Espero que gostem desse pequeno bate-bola com um dos craques do SPORTV. Aguardo o comentário de todos.

ESCONDERIJO: Como é conciliar o jornalismo esportivo com o convívio com a família? Sobra tempo?

DÉCIO LOPES: Hoje em dia é bem mais fácil. Nos tempos de Globo é que o bicho pegava. Como chefe do Esporte Espetacular eu cheguei a ficar quatro longos anos sem um fim de semana de folga. Zero! Só folgava às segundas. Mas era um esforço necessário e que trouxe grandes recompensas - para o programa, para a minha carreira e para a minha vida - consequentemente, a da minha família. Agora, trabalho em casa quase que o tempo todo, do computador. Tenho muito mais tempo para conviver com as pessoas que eu amo. Graças a Deus! Claro que as viagens têm sido meio sacrificantes, mas em muitas delas tenho levado a família, aproveitando que temos parentes em Londres.

ESCONDERIJO: Como você vê o atual momento do mercado jornalístico?

DÉCIO LOPES: Bom, já esteve bem pior. Acho que o Brasil, em quase todos os setores, vive um momento feliz. Economia crescendo, confiança - apesar desta recente turbulência internacional, que também vai trazer problemas para cá. De todo modo, e mesmo longe de ser um paraíso, o mercado tem oportunidades. É preciso estar atento e preparado para quando elas surgirem diante do seu nariz. Mas eu diria que ruim mesmo foi a década de oitenta, quando me formei (ao fim dela), a chamada “Década Perdida”. O Brasil era uma ruína de dívidas, corrupção e o pior de tudo: Desesperança.

ESCONDERIJO: Gostaria que você falasse um pouco da influência da mídia no público. Você acredita no olhar crítico do brasileiro ou é fácil de ser influenciado?

DÉCIO LOPES: Há muita influência, especialmente da TV. Em um país sem leitura, infelizmente como é o nosso, a TV pesa demais. Mais do que deveria. Então, trabalhar em TV é uma baita responsabilidade. Mas neste setor eu também sou otimista em minha análise. O Brasil já esteve muito pior, com o governo e algumas forças políticas pressionando as instituições de um modo perigoso e o jornalismo saindo arranhado. Hoje, sinceramente, acho que a TV globo faz um jornalismo de qualidade, com preocupação social e atenção à defesa dos valores nacionais. Há bons concorrentes, também. E, claro, a TV paga e a internet dão as suas contribuições para democratizar e facilitar a informação.

ESCONDERIJO: Vejo a mídia esportiva (principalmente as rádios do Rio de Janeiro) com muito oba-oba com os jogadores, dirigentes, CBF, etc. Como você vê essa relação do jornalista com esses setores? Não falta ética e uma normatização da profissão?

DÉCIO LOPES: Sinceramente, acho preocupante. Detesto ter que dizer isso, primeiro porque soa pedante, segundo porque é antipático com alguns colegas. Mas vejo o jornalismo esportivo com preocupação. Logicamente que as grandes TVs, os grandes jornais e portais estão fora desta análise sombria. Estes investem em profissionais, em formação e em valores éticos. Os resultados aparecem. Mas, de um modo geral, quando você vai a um jogo em um estádio brasileiro ou em uma cobertura na Granja Comary, o cenário pode ser estranho. Decorrência, claro, das dificuldades financeiras dos veículos menores. Como não tem receita, acabam deixando para as funções jornalísticas, pessoas pouco preparadas, que desconhecem os valores éticos da profissão e até mesmo os rudimentos do nosso idioma. Ou ainda, gente que, lamentavelmente, troca elogios por pequenos favores.

ESCONDERIJO: Explorando sua vasta experiência mundo afora, o que diferencia a vida lá fora para a do Brasil? E o jogador brasileiro, está preparado para essa mudança?

DÉCIO LOPES: A vida é muito diferente. Quase tudo é diferente, embora, estranhamente, traga resultados parecidos. No fim das contas, em Paris, Nova Iorque ou Nova Delhi, os domingos à tarde são sempre melancólicos para os solitários. Sempre vai ser feliz - independentemente do país - aquele que tem a harmonia dentro de casa. Família (não necessariamente sanguínea ou uma visão careta) e espiritualidade são as raízes da felicidade. Lá fora as pessoas são distantes e, embora (no caso dos países ricos) mais polidas, no fundo não estão nem aí para os outros. Não fazem a menor força para ajudar, para ser solidário, para ser simpático. O brasileiro é bom demais. Embora, as vezes, um pouco rude. É caloroso e preocupa-se com o sujeito que está ao lado. De um modo geral, claro. Não é só clichê, não. É a pura verdade. E acho que isso vale muito mais que a renda e o PIB. Claro que nenhum país pode ser feliz com miséria, desigualdade absurda e violência desmedida, mas, sinceramente, para nós que nos acostumamos com o Sol e as relações fraternais, não é mole viver no chamado “Primeiro Mundo”. Os jogadores sentem isso e acabam voluntariamente se isolando. Vivem dentro de casa, na internet e na Globo Internacional. Ou saem com brasileiro e latinos. Tanto que, depois da aposentadoria, nove entre dez deles voltam para casa. Aqui temos problemas sérios, mas é bom demais (risos...).


Décio Lopes produz e apresenta o programa Expresso da Bola, no canal Sportv. Já esteve em mais de 60 países, mas não conhece nenhum país melhor que o Brasil. Visite o blog da fera: http://colunas.sportv.com.br/expressodabola/

12 comentários:

Unknown disse...

depois que voce conhece meia duzias de lugares voce ja fica cabreiro. o brasil é uma merda, mas uma merda minha. li a entrevista do cara embora nao o conheça. fiquei boiando pois nao tem nada demais. prefiro as tuas noias nos buzoes...sao bem mais divertidas.abraços
www.blogdaincerteza.blogspot.com

Andréia Silva disse...

Gostei da entrevista... Espero outras!

jefferson disse...

odeio futebol mas a julgar pelo que espero de um profissional da área que amo, não espera nada de menos... perguntas inteligêntes, respostas melhores ainda...
se jornalistas já formados fazem trabalhos nesse nível estou, de fato, preparado para o jornalismo... não faço muito diferente do que eu li...

Anônimo disse...

Ô cara.
Aproveitando o enfoque só posso dizer em alto e bom som:
GOOOOOOOOOLLLLLLLLLL DEEEEEEE
PLLLLAAAAAAAAAAACCCCCCCAAAAAAAAA!!!
Dez a zero procê.
Rubem.
terapiadecutuvelo.blogspot.com

Carlinhos Horta disse...

- André, respeito seu desinteresse pela entrevista. Valeu pela preferência das noias dos buzões e valeu, principalmente, pela crítica.
- Deka Silva, quem sabe no futuro outras entrevistas virão?! Nada certo ainda.
- Jefferson, obrigado pelos elogios. Sucesso na carreira.
- Rubem, valeu pelo gol de placa. Dez a zero pra mim? rs... Obrigado.

Um abraço e continuem acompanhando o esconderijo.

Marcos Costa Melo disse...

bacana, parabéns pela entrevista, lembro-me do Décio.

e concordo com ele, esse calor humano brasileiro é a nossa maior riqueza.

abs

www.euforiamelancolica.blogspot.com

Sua formula se baseia em: disse...

Gostei do teu Blog =D

... disse...

Continue assim. o negócio é esse mesmo.

Sucesso!

Anônimo disse...

po
que bela entrevista
gostei mesmo
e eu que penso em fazer jornalismo ainda um dia, depois dessa entrevista me motivou um pouco mais
;D

vlw abraços
e parabens pelo blog
http://goldeplacaec.blogspot.com/

João Henrique disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mônica Linhares disse...

Decio
Voce é um grande cara.Me lembro na nossa infancia quando tinhamos 12 anos e eu ia na casa dele na selva de pedra.Ele tinha um cachorro lessie.Garnde jornalista Décio.Abraços
Fernando Gonçalves
(Medico Oftalmologista)

Anônimo disse...

Seu pai mora numa cidade do interior do Sul de minas Passa Quatro-MG? sou de lah tb..

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