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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Sorriso de criança.

Eu jogava "rouba montinho" com minha avó, isso há uns quinze anos atrás, quando eu aproveitava minhas férias escolares em Belo Horizonte. À noite, já meio entediado de tanto brincar, minha avó reunia alguns netos que estavam por ali e começava a partida - um jogo de baralho bem simples, para quem não conhece. Outras noites, no entanto, brincávamos de bingo. Isso mesmo, mesa repleta de participantes, cartelas distribuídas e pedras sendo cantadas: - Dois patinhos na lagoa: 22... - e por aí ámos, até alguém bradar com toda força e sorriso: - BINGOOOOOO! A felicidade era toda do ganhador e os outros aguardavam a próxima rodada, enquanto o felizardo ia até à mesa pegar o prêmio da vitória - meu avô colocava umas moedas (disputadas moedas) como brinde. Ficávamos nessa até a noite cair por completo e o sono levar cada um para sua cama.

Marcou também, caro amigo leitor, os teatros que montávamos na casa de minha avó. Nas mesmas férias de jogos de baralhos e de bingos noturnos, aproveitávamos a ociosidade para iniciarmos na dramaturgia. Nada muito sério, na verdade. Montamos, por exemplo, a "Escolinha do Professor Raimundo", sucesso da época (estou ficando velho mesmo!). Eu, por exemplo, fui um exímio "seu boneco", com direito a vestimenta apropriada e tudo. Ensaiávamos numa completa diversão e íamos para o dia da estréia - uma noite qualquer na grande sala de jantar da casa da minha avó. Cada um encarnando seu personagem, com imitações infantis e divertidíssimas.

Eu ficava ansioso, empolgado, como um ator de verdade prestes a estreiar uma peça num grande teatro. Arrumávamos as roupas, as meninas se maquiavam e pronto: Abram as cortinas (não havia, tudo bem) que lá vêm as estrelas...

Inclusive, uma vez fizemos uma dessas grande produções familiares, numa véspera de volta das férias. Estrelamos o espetáculo numa noite e, no outro dia, voltei para minha cidade com meus pais, de ônibus. A empolgação era tão grande com meu papel de palhaço (de circo, nenhum sentido pejorativo, por favor) que sonhei com minha atuação, enquanto dormia na poltrona do ônibus. Só que tenho o péssimo hábito de falar durante o sono e dessa vez não perdoei. Segundo o relato de minha mãe, que viajava ao meu lado, falei com toda pompa e altura: - Olá, sou o palhaço Sorriso!

O sorriso mesmo veio dos passageiros. Nesse dia decretei o fim da minha carreira de ator. Mais nenhum passo foi dado nessa direção, tudo graças ao palhaço que vos fala, ou melhor, ao palhaço Sorriso de outrora.

(Imagem retirada do site: http://circos.no.sapo.pt/sapatos%20de%20palhaco%202.jpg)

3 comentários:

Anônimo disse...

Pow, Carlos, covardia... isso foi tão nostálgico!
Agora me bateu uma saudade da minha vozinha... e dos teatros da escola também! Eu tenho grandes papeís no currículo, como o Sr. Rolando Lero, o Lula e o diabo d'O Auto da Compadecida...

Também estou me sentindo velho. Nem dá pra acreditar que ano que vem eu faço 20...

Anônimo disse...

Alô crianças.
Parem de falar em velhice. Estou com 65 e muito jovem.
Qualé meu camarada?!?!?!
Um abraço pra todos.
Rubem.
terapiadecutuvelo.blogspot.com

Anônimo disse...

Putz Carlinhos...eu fui o professor Raimundo, lembra da peruca?!?!? Ninguém merece, mas foi muito legal. Ah! Apenas para lembrar há um vídeo filmado pela tia Sílvia, será que ela ainda o tem? Abs, Aldo Harvey

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