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terça-feira, 30 de março de 2010

Páginas amarelas.

Abri o livro, mas não li as palavras. Comecei a colocar minha história naquele imenso recanto das idéias. Passei por páginas que retratavam um passado amargo, feliz e meu. Saltei folhas em busca de respostas para o futuro, mas essas, diferentemente do livro original, estavam em branco. Claro, o que nos aguarda não pode estar pronto, visto que não se conhece. Peguei a caneta e ameacei traçar meu futuro com minhas próprias mãos, mas percebi a tolice de tal gesto. Escolhi o recolhimento, o reviver os momentos passados. Voltei muitas páginas e fui no começo de tudo. Eu estava ali, descrito do início, do primeiro choro, a primeira palavra... Troquei uma forte relação com aquele objeto tão... tão meu. Percebi que com o passar das páginas, eu ia envelhecendo junto com o amarelar do papel. Gostei do cheiro de velho, o aroma da experiência mostrando que o caminho passado está registrado, mas é preciso tocar as novas folhas a serem escritas.
Sorri como sempre fiz nessa trajetória, mesmo nos momentos difíceis achei lacunas e espaços para ser feliz. Interessante como muitas pessoas estão tatuadas nessas linhas, pessoas que ainda fazem parte do meu hoje e muitas, não menos especiais, que já não estão no convívio. Olhei pra frente e percebi que uma pequena criança me observava. Ela é pequena, tem uns dois anos e ainda não sabe o valor dessa minha história. Tentei imaginar páginas tão novas desse ser tão novo para o mundo. Quantas páginas já terá escrito?
Perguntas e devaneios me trouxeram para esse mundo. Conto essa minha história com meu álbum de infância aqui ao lado. Não é um livro, não têm linhas, nem páginas numeradas. Mas o amarelo das fotos está ali, junto com o cheiro do tempo que se foi e com as páginas em branco esperando novos retratos....

2 comentários:

Rubem disse...

Olá Carlinhos.
Que texto!!!!!!!!!!!!!!
Precisa dizer mais alguma coisa?
Ah!Sim. Parabéns.
www.terapiadecutuvelo.blogspot.com

Luciano Zamboni disse...

Marcante e quase poético.
Fiquei pensando e sorvendo cada palavra, em devaneios escrevemos as melhores cartas, canções, poesias e textos como esse.

Um abraço e depois guarde tudo em blu-ray.

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